terça-feira, 8 de maio de 2018

TERÇA-FEIRA – 6ª SEMANA – PÁSCOA- 8 MAIO 2018


TERÇA-FEIRA – 6ª SEMANA – PÁSCOA- 8 MAIO 2018 

Primeira leitura: Actos 16, 22-34

Lucas quer suscitar nos seus leitores a confiança em Deus, que tem mais poder que os homens, e pode transformar as dificuldades em graça. Por isso, «romanceia» muito o seu relato. Paulo e Silas tinham expulsado o espírito pitónico de uma escrava bruxa. 

Os seus senhores, que assim viram desaparecer uma fonte de rendimento, arrastaram os missionários à presença dos magistrados, e acusaram-nos de criar desordem na cidade, apregoando usos contrários aos dos romanos.
Os magistrados, sem grandes investigações, mandaram açoitar os acusados e puseram-nos na prisão, bem vigiados. Mais tarde, invocando a sua cidadania romana, Paulo irá protestar contra os abusos cometidos contra ele.
Entretanto, dá-se a clamorosa conversão narrada no texto que hoje escutamos. O testemunho sereno dos prisioneiros, a sua lealdade, a série de eventos extraordinários, impressionam o carcereiro, que pergunta aos apóstolos: «Senhores, que devo fazer para ser salvo?» (v. 30).
A resposta é simples e directa: «Acredita no Senhor Jesus» (v. 31). Assim, depois de Lídia, prosélita judaica, um funcionário romano, entra a fazer parte da comunidade de Filipos, tão cara a Paulo.

Evangelho: João 16, 5-11

Jesus anuncia a sua partida deste mundo, e afirma que ela é conveniente para os discípulos. Jesus fala da sua morte, que só poderá ser entendida à luz do Espírito Santo. O testemunho de Jesus, que os discípulos hão-de dar, só será possível depois de entenderem quem é Jesus, o que significou a sua presença no meio de nós, e qual foi o sentido da sua morte e da sua ressurreição. E só o Espírito lhes pode dar esse entendimento. Os discípulos hão-de sofrer perseguições. 

Mas elas serão intoleráveis se não estiverem convencidos e seguros daquilo pelo qual serão perseguidos.
Além de dar testemunho de Jesus, o Espírito também acusará o mundo de pecado por O ter rejeitado. Os crentes ficarão esclarecidos sobre o erro do mundo, sobre o seu pecado de incredulidade.

A condenação de Cristo foi inconsistente. A sua ressurreição condenou o príncipe deste mundo para sempre. Jesus, morto e ressuscitado, é o verdadeiro vencedor.
A pregação, em Filipos, teve um começo prometedor. Mas acabou de modo desastroso, quando se levantou um motim contra os missionários, que foram acusados perante as autoridades e lançados na prisão.

Paulo, como cidadão romano, estava isento destes processos sumários feitos pelas autoridades locais. Mas, dessa vez, não invocou tal direito. E seguiu-se todo o episódio descrito por Lucas. 

Enquanto Paulo e Silas cantam os louvores de Deus na prisão, dá-se um terramoto que escancara as portas da mesma. Os apóstolos podiam ter fugido, como pensou o carcereiro. Mas permaneceram na prisão, confiando em Deus e no seu poder para transformar as dificuldades e problemas dos seus missionários em ocasiões de graça. E foi o que aconteceu. ~
O carcereiro converteu-se. 
E a Igreja teve o primeiro encontro com Roma, representada pelas autoridades da colónia romana de Filipos. Lucas quer mostrar que o cristianismo nunca foi um perigo para a lei e para a ordem no Império. Por isso, Roma deve reconhecer-lhe liberdade para pregar o Evangelho.

A acção missionária da Igreja está sempre sujeita a vicissitudes idênticas às que Paulo e Silas tiveram de enfrentar. Mas há que prosseguir a missão, confiando em Deus e no seu poder. 

A história da Igreja mostra-nos como Deus, pela persistência e pela fé dos missionários, faz maravilhas. Lembro-me concretamente da Igreja que está em Moçambique e do que teve de enfrentar, seja durante a guerra colonial, seja durante os primeiros anos da independência do país.

Não faltaram dificuldades de toda a ordem, incluindo acusações de colaborar com uma ou outra força durante a guerra colonial, ou de ser um instrumento do imperialismo, depois da independência. 

Mas a Igreja não se deixou impressionar e permaneceu em nome da fidelidade a Deus, e em nome da fidelidade ao povo. O seu notável papel acabou por ser reconhecido.

O evangelho faz-nos ver como, enquanto o mundo condena os discípulos de Jesus, o Espírito inverte a situação, revelando o verdadeiro ser do mundo, o seu erro, a sua nulidade. É uma luz que emerge no critério do juízo divino, diferente e até oposto ao do mundo. 

Perseguidos e condenados pelos tribunais do mundo, os discípulos podem julgar e condenar o mundo, enquanto esperam o juízo final que revelará os termos exactos do entendimento divino.

Precisamos muito, hoje, deste Espírito que reforça os corações, que torna evidentes as razões para crer, e que dá coragem para nos opormos à mentalidade deste mundo cada vez mais seguro de si, e mais sedutor. 

Precisamos, sobretudo, que o Espírito nos mostre que muitos sectores do mundo «mundano» têm em si componentes diabólicas, que a batalha entre Cristo e o príncipe deste mundo continua, e que somos chamados a participar nessa luta decisiva dentro de nós, entre nós e à nossa volta.
É verdade que todos somos criaturas frágeis, cansadas e fatigadas: “cansadas” pela luta contra o mal; “fatigadas” pelo peso da nossa carne fraca, e pelo peso das nossas culpas. 

Mas Cristo, com misericordiosa bondade, convida-nos a ir a Ele para termos força na luta: «Vinde a Mim, todos vós, que vos estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei… Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e achareis alívio para as vossas almas, pois o Meu jugo é suave e o Meu fardo é leve» (Mt 11, 28-30).

A nossa luta contra o mal passa pelo anúncio do Evangelho, mas também pelo empenhamento em favor da justiça e da paz entre os homens.
Isto é importante para as pessoas pobres e desprotegidas, mas também é importante para a Igreja, frequentemente sentida como “um corpo estranho”, mas que se torna credível quando se compromete seriamente em favor do homem, e na luta pela sua libertação de todas as formas de opressão.

Veni Sancte Spiritus! Vem Espírito Santo, para que resistamos ao poder do mundo. Vê como somos fracos, como somos tímidos, e como as razões do mundo avançam na conquista dos corações dos jovens e dos menos jovens.
Que poderemos fazer, se não vieres em nosso auxílio?

Os nossos argumentos passam ao lado de muitos dos nossos contemporâneos, sem lhes beliscar a couraça das seguranças em que põem a sua confiança. 

- Sem o teu Espírito, tornamo-nos como o sal que não salga, ou como a luz que não alumia. 
- Sem o teu Espírito, corremos o risco de nos sentir defensores de uma causa perdida. 
- Enche-nos do teu Paráclito, do teu Advogado, do teu Arguente, do teu Defensor, do teu Consolador, para que não fujamos à luta, não fiquemos desarmados, não nos afoguemos no difuso paganismo que nos envolve. 
- Faz- nos profetas críticos deste mundo, profetas entusiastas do teu mundo, da tua verdade. 

Fonte. Resumo e adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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