terça-feira, 22 de maio de 2018

VII SEMANA – TERÇA-FEIRA – TEMPO COMUM – ANOS PARES 22 de Maio de 208


VII SEMANA – TERÇA-FEIRA – TEMPO COMUM – ANOS PARES - 22 de Maio de 208

Primeira leitura: Tiago 4, 1-10

Se a verdadeira sabedoria, aquela que vem do alto, é pacificadora e condescendente, de onde vêm as lutas que dividem a comunidade? Vêm da sabedoria terrena. É ela que suscita na comunidade contendas, cobiças, invejas, lutas. 

Tiago, depois de ter tratado dos aspectos negativos que levam à divisão, penetra mais profundamente no coração daqueles que se armam em mestres da comunidade. A sua falta de correcção leva a guerras e litígios suscitados pelas paixões humanas que matam moralmente os outros. Como se pode alcançar o que se deseja, quando se pede movidos pela cobiça e pela inveja? O apóstolo chama a essas pessoas «almas adúlteras» (v. 4), porque amam as coisas mundanas e odeiam as coisas de Deus. Ora, «Deus… dá a sua graça aos humildes» (v. 8), ama os humildes, que Lhe são fiéis. Tiago parte desta afirmação para apelar à conversão dos seus ouvintes. É preciso acabar com toda a cobiça e inveja, pois cada um vale diante dos outros ou que vale diante de Deus. E só Ele exalta aqueles que Lhe obedecem.

Evangelho: Marcos 9, 30-37

O segundo anúncio da paixão é mais seco do que o primeiro (8, 31). Não se diz quem serão os autores da morte de Jesus. Os discípulos nem se atrevem a fazer perguntas. Talvez porque conhecem as reacções de Jesus, e a sua própria cegueira. Além disso, andavam ocupados com outros pensamentos. Sabiam que Jesus queria fundar uma comunidade e que os elementos fundadores eram eles. Preocupava-os a organização da comunidade. Até aí, não havia falta. Mas também discutiam sobre quem deles seria o primeiro nessa comunidade. 

Jesus admite que tem que haver um «primeiro», mas não à maneira da sociedade civil. Por isso, faz-lhes saber que será primeiro aquele que se dispuser a servir com humildade. «Servir», em sentido bíblico, é servir a Deus e, portanto, também ao próximo. Este «serviço» liberta do egoísmo, vício dominante do homem. Quem quiser ser o primeiro «há-de ser o último de todos e o servo de todos» (v. 35). Há aqui uma lição de humildade e de entrega de si na dor e no sofrimento, mas, sobretudo, no amor oblativo e desinteressado. 

Aquele que sabe ser o último e o servo, reconhece que tudo quanto possui lhe foi dado por Deus. Por isso, coloca-se em atitude de acolhimento: «quem me receber, não me recebe a mim mas àquele que me enviou» (v. 37). É comparável a uma criança que recebe tudo e a todos com simplicidade, humildade e pobreza, e se abandona confiadamente nos braços dos pais, ou de quem dela cuida.

A tentação de correr aos primeiros lugares é muito antiga nas nossas comunidades cristãs, e mesmo nas comunidades de consagrados e consagradas. Por vezes, essa tentação apresenta-se de modo subtil e sob forma de bem: o interesse da comunidade, o bom êxito da sua missão, o Reino de Deus. 

Pode acontecer que, no começo, nem nos demos conta do engano em que o nosso egoísmo nos está a induzir. Mas, a tentação, pouco a pouco, vai sugerindo coisas cada vez mais afastadas da verdade de Cristo, que, sendo de condição divina, tomou a condição humana, fazendo-se homem, e homem pobre de bens e de poder. Como refere Paulo, tomou a condição de servo (cf. Fl 2, 5), e, como narra João, prestou serviços de servo (cf. Jo 13, 1ss). Por amor, e para servir, ocupou o último lugar, que ninguém era tentado a tirar-Lhe.

O serviço à comunidade, não pode ser um pretexto para alguém se afirmar, se impor, dar nas vistas, mas há-de ser prestado com os sentimentos de Jesus. João, ao narrar o lava-pés, revela-nos os sentimentos com que Jesus prestou esse serviço aos seus discípulos. Prestou-o por amor e com humildade:
«Tendo amado os seus… começou a lavar-lhes os pés») (Jo 13, 1ss).
Vivemos numa sociedade onde há muitos «serviços» organizados em favor dos cidadãos. O serviço evangélico distingue-se de qualquer outro pela motivação (o amor) e pelo modo como é prestado (com humildade). Não bastam o profissionalismo, nem o sentido de solidariedade humana, ainda que sejam importantes. O amor e a humildade tornam o serviço evangélico, imitação de Cristo.

O evangelho mostra-nos os discípulos, que seguem Jesus, mas não O compreendem, nem compreendem o sentido da sua vida. Jesus é, na verdade, o servo de Deus e dos homens. Eles falam de poder, de domínio. Quando o Mestre fala de dificuldades graves, e mesmo de morte, ainda compreendem menos. Permanecem nos seus pensamentos, que os afastam de Senhor. Por isso, Jesus lhes diz claramente: «Se alguém quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (v. 34).
Jesus está consciente da provação que O espera, e avança decidido e sereno. Procura inculcar nos discípulos o verdadeiro espírito de serviço, motivado pelo amor e praticado com humildade. As suas palavras «Fazei isto em memória de Mim» (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24-25) pronunciadas na instituição da Eucaristia são também um convite a todo o discípulo de Jesus, para que sirva como Ele serviu, para que se torne “pão partido” e “sangue derramado” por todos. Na eucaristia, como no lava-pés, Jesus oferece-se-nos um exemplo claro de como se deve servir os irmãos: depõe as “vestes” (Jo 13, 4) e, como um servo, lava os pés aos discípulos. Pedro tenta impedir o Senhor de fazer tal serviço (Cf. Jo 13, 6). Mas Jesus diz-lhe: «O que eu faço, tu não podes entendê-lo agora, mas hás-de sabê-lo depois» (Jo 13, 7).

O Lava-pés preanuncia a morte de Jesus, o dom de toda a sua vida pelos homens: uma verdadeira “diaconia” ou serviço da vida, uma vida que se torna “pão partido pelo mundo”. Tal como foi a vida do Mestre, assim deve ser a vida de discípulos. Depois da descida do Espírito Santo, Pedro compreende a lição e escreve na sua primeira carta: «Cada um de vós viva segundo a graça (carisma) que recebeu, pondo-a ao serviço (diaconia) dos outros» (1 Pe 4, 10). Os carismas são para o serviço (Cf. 1 Cor 12, 7; Ef 4, 12). Daqui se compreende o espírito de serviço, que deve caracterizar todo o discípulo do Senhor, que não age por sede de lucro ou por orgulho, mas unicamente animado pela oblação de amor: «Jesus… tendo amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim» (Jo 13, 1). O verdadeiro serviço, é imitação de Jesus que amou «não só com palavras e com língua, mas com obras e em verdade» (1 Jo 3, 18).

Ó Jesus, na provação, Te tornaste sacerdote misericordioso. Ajuda-me a acolher as minhas próprias provações como momentos de educação salutar, e como motivos de alegria, porque me unem a Ti. Ajuda-me a acolher e a entender as palavras de Pedro: «exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar aflitos por diversas provações» (1 Pe 1, 6), bem como as de Paulo: «Estou cheio de consolação e transbordo de alegria no meio de todas as nossas tribulações» (2 Cor 7, 4). Que jamais me desoriente nas dificuldades e que, fixando o olhar em Ti, encontre, para elas, uma saída inspirada no teu amor por mim e no meu amor por Ti.
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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