VII SEMANA – TERÇA-FEIRA –
TEMPO COMUM – ANOS PARES - 22 de Maio de 208
Primeira
leitura: Tiago 4, 1-10
Se a
verdadeira sabedoria, aquela que vem do alto, é pacificadora e condescendente,
de onde vêm as lutas que dividem a comunidade? Vêm da sabedoria terrena. É ela
que suscita na comunidade contendas, cobiças, invejas, lutas.
Tiago,
depois de ter tratado dos aspectos negativos que levam à divisão, penetra mais
profundamente no coração daqueles que se armam em mestres da comunidade. A sua
falta de correcção leva a guerras e litígios suscitados pelas paixões humanas
que matam moralmente os outros. Como se pode alcançar o que se deseja, quando
se pede movidos pela cobiça e pela inveja? O apóstolo chama a essas pessoas
«almas adúlteras» (v. 4), porque amam as coisas mundanas e odeiam as coisas de
Deus. Ora, «Deus… dá a sua graça aos humildes» (v. 8), ama os humildes, que Lhe
são fiéis. Tiago parte desta afirmação para apelar à conversão dos seus
ouvintes. É preciso acabar com toda a cobiça e inveja, pois cada um vale diante
dos outros ou que vale diante de Deus. E só Ele exalta aqueles que Lhe
obedecem.
Evangelho: Marcos 9, 30-37
O segundo
anúncio da paixão é mais seco do que o primeiro (8, 31). Não se diz quem serão
os autores da morte de Jesus. Os discípulos nem se atrevem a fazer perguntas.
Talvez porque conhecem as reacções de Jesus, e a sua própria cegueira. Além
disso, andavam ocupados com outros pensamentos. Sabiam que Jesus queria fundar
uma comunidade e que os elementos fundadores eram eles. Preocupava-os a
organização da comunidade. Até aí, não havia falta. Mas também discutiam sobre
quem deles seria o primeiro nessa comunidade.
Jesus admite
que tem que haver um «primeiro», mas não à maneira da sociedade civil. Por
isso, faz-lhes saber que será primeiro aquele que se dispuser a servir com
humildade. «Servir», em sentido bíblico, é servir a Deus e, portanto, também ao
próximo. Este «serviço» liberta do egoísmo, vício dominante do homem. Quem
quiser ser o primeiro «há-de ser o último de todos e o servo de todos» (v. 35).
Há aqui uma lição de humildade e de entrega de si na dor e no sofrimento, mas,
sobretudo, no amor oblativo e desinteressado.
Aquele que
sabe ser o último e o servo, reconhece que tudo quanto possui lhe foi dado por
Deus. Por isso, coloca-se em atitude de acolhimento: «quem me receber, não me
recebe a mim mas àquele que me enviou» (v. 37). É comparável a uma criança que
recebe tudo e a todos com simplicidade, humildade e pobreza, e se abandona
confiadamente nos braços dos pais, ou de quem dela cuida.
A tentação
de correr aos primeiros lugares é muito antiga nas nossas comunidades cristãs,
e mesmo nas comunidades de consagrados e consagradas. Por vezes, essa tentação
apresenta-se de modo subtil e sob forma de bem: o interesse da comunidade, o
bom êxito da sua missão, o Reino de Deus.
Pode
acontecer que, no começo, nem nos demos conta do engano em que o nosso egoísmo
nos está a induzir. Mas, a tentação, pouco a pouco, vai sugerindo coisas cada
vez mais afastadas da verdade de Cristo, que, sendo de condição divina, tomou a
condição humana, fazendo-se homem, e homem pobre de bens e de poder. Como
refere Paulo, tomou a condição de servo (cf. Fl 2, 5), e, como narra João,
prestou serviços de servo (cf. Jo 13, 1ss). Por amor, e para servir, ocupou o
último lugar, que ninguém era tentado a tirar-Lhe.
O serviço à
comunidade, não pode ser um pretexto para alguém se afirmar, se impor, dar nas
vistas, mas há-de ser prestado com os sentimentos de Jesus. João, ao narrar o
lava-pés, revela-nos os sentimentos com que Jesus prestou esse serviço aos seus
discípulos. Prestou-o por amor e com humildade:
«Tendo amado
os seus… começou a lavar-lhes os pés») (Jo 13, 1ss).
Vivemos numa
sociedade onde há muitos «serviços» organizados em favor dos cidadãos. O
serviço evangélico distingue-se de qualquer outro pela motivação (o amor) e
pelo modo como é prestado (com humildade). Não bastam o profissionalismo, nem o
sentido de solidariedade humana, ainda que sejam importantes. O amor e a
humildade tornam o serviço evangélico, imitação de Cristo.
O evangelho
mostra-nos os discípulos, que seguem Jesus, mas não O compreendem, nem
compreendem o sentido da sua vida. Jesus é, na verdade, o servo de Deus e dos
homens. Eles falam de poder, de domínio. Quando o Mestre fala de dificuldades
graves, e mesmo de morte, ainda compreendem menos. Permanecem nos seus pensamentos,
que os afastam de Senhor. Por isso, Jesus lhes diz claramente: «Se alguém
quiser ser o primeiro, há-de ser o último de todos e o servo de todos» (v. 34).
Jesus está consciente da provação que O espera, e avança decidido e sereno. Procura inculcar nos discípulos o verdadeiro espírito de serviço, motivado pelo amor e praticado com humildade. As suas palavras «Fazei isto em memória de Mim» (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24-25) pronunciadas na instituição da Eucaristia são também um convite a todo o discípulo de Jesus, para que sirva como Ele serviu, para que se torne “pão partido” e “sangue derramado” por todos. Na eucaristia, como no lava-pés, Jesus oferece-se-nos um exemplo claro de como se deve servir os irmãos: depõe as “vestes” (Jo 13, 4) e, como um servo, lava os pés aos discípulos. Pedro tenta impedir o Senhor de fazer tal serviço (Cf. Jo 13, 6). Mas Jesus diz-lhe: «O que eu faço, tu não podes entendê-lo agora, mas hás-de sabê-lo depois» (Jo 13, 7).
Jesus está consciente da provação que O espera, e avança decidido e sereno. Procura inculcar nos discípulos o verdadeiro espírito de serviço, motivado pelo amor e praticado com humildade. As suas palavras «Fazei isto em memória de Mim» (Lc 22, 19; 1 Cor 11, 24-25) pronunciadas na instituição da Eucaristia são também um convite a todo o discípulo de Jesus, para que sirva como Ele serviu, para que se torne “pão partido” e “sangue derramado” por todos. Na eucaristia, como no lava-pés, Jesus oferece-se-nos um exemplo claro de como se deve servir os irmãos: depõe as “vestes” (Jo 13, 4) e, como um servo, lava os pés aos discípulos. Pedro tenta impedir o Senhor de fazer tal serviço (Cf. Jo 13, 6). Mas Jesus diz-lhe: «O que eu faço, tu não podes entendê-lo agora, mas hás-de sabê-lo depois» (Jo 13, 7).
O Lava-pés preanuncia a morte de Jesus, o dom de toda a sua vida pelos homens: uma verdadeira “diaconia” ou serviço da vida, uma vida que se torna “pão partido pelo mundo”. Tal como foi a vida do Mestre, assim deve ser a vida de discípulos. Depois da descida do Espírito Santo, Pedro compreende a lição e escreve na sua primeira carta: «Cada um de vós viva segundo a graça (carisma) que recebeu, pondo-a ao serviço (diaconia) dos outros» (1 Pe 4, 10). Os carismas são para o serviço (Cf. 1 Cor 12, 7; Ef 4, 12). Daqui se compreende o espírito de serviço, que deve caracterizar todo o discípulo do Senhor, que não age por sede de lucro ou por orgulho, mas unicamente animado pela oblação de amor: «Jesus… tendo amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até ao fim» (Jo 13, 1). O verdadeiro serviço, é imitação de Jesus que amou «não só com palavras e com língua, mas com obras e em verdade» (1 Jo 3, 18).
Ó Jesus, na
provação, Te tornaste sacerdote misericordioso. Ajuda-me a acolher as minhas
próprias provações como momentos de educação salutar, e como motivos de
alegria, porque me unem a Ti. Ajuda-me a acolher e a entender as palavras de
Pedro: «exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar
aflitos por diversas provações» (1 Pe 1, 6), bem como as de Paulo: «Estou cheio
de consolação e transbordo de alegria no meio de todas as nossas tribulações»
(2 Cor 7, 4). Que jamais me desoriente nas dificuldades e que, fixando o olhar
em Ti, encontre, para elas, uma saída inspirada no teu amor por mim e no meu
amor por Ti.
Fonte: Resumo e adaptação local de
um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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