quinta-feira, 24 de agosto de 2017

A PALAVRA HOJE, PALAVRA VIVA. SUBSÍDIO LITÚRGICO PARA A VI FEIRA DA XX SEMANA DO TEMPO COMUM



Sexta-feira– XX Semana –
Tempo Comum – Anos Ímpares 

Primeira leitura: Rute 1, 1-2a.3-6.14b-16.22

O livro de Rute é, não só um cântico à providência divina, mas também uma resposta a possíveis dúvidas e escrúpulos sobre a origem de David. É certo que na sua ascendência há uma mulher moabita, mas o livro insinua que esse facto foi querido e disposto por Deus.

A narrativa leva delicadamente o leitor a seguir os passos interiores de Rute, as opções que a levam a partilhar a fé de Noemi e do seu povo. Rute dará uma descendência à família de Elimélec. Esta “estrangeira” será antepassada de David, porque o seu filho, Obed será pai de Jessé, pai de David. Mateus insere Rute na geneologia que leva a José: «o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus chamado Cristo» (Mt 1, 5.16). Tudo nasce do respeito e do amor de duas criaturas, Rute e Noemi, quase sinal do resto de Israel fiel ao seu Senhor, e da decisão de Rute de abandonar o seu povo para ir para onde o Senhor a conduz: «o teu povo será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus» (v. 16).

Rute causa-nos admiração pela sua dignidade como pessoa, mas também pelo seu amor para com Noemi. É também sinal do amor universal de Deus, que todos envolve na realização do seu projecto de salvação.

A vida de Rute foi construída nos eventos normais do quotidiano: constituiu uma família, sofreu a perda de pessoas queridas, e tornou-se emigrante em terra estrangeira, como acontecera com Noemi. Deus está presente na sua história, e actua nela como na do povo de Israel e na dos outros povos. Noemi, pelo seu testemunho, torna-se para Rute mediação de um apelo de Deus, para que deixasse as suas tradições, a sua cultura, o seu povo, os seus deuses, para viver uma nova vida, ainda desconhecida, mas que faz parte dos desígnios insondáveis de Deus. Na sua caminhada, Rute irá conhecer novas alegrias e novos sofrimentos, a incompreensão, os conflitos, as incertezas e o sofrimento íntimo de um povo que se tornou seu. Rute acredita, responde e parte, isto é, segue o Deus da aliança a que agora pertence por dom. O Senhor escolheu-a como escolheu outras mulheres de Israel, e de outros povos, para preparar a geração de que havia de nascer o Messias. Rute terá um filho, que será testemunha de que Deus provê o seu povo, porque o ama.

A história de Rute preparou a lição do evangelho, porque demonstra como uma estrangeira, que não fazia parte do povo de Deus, e até pertencia a povo desprezado pelos Israelitas, os Moabitas, movida pelo afecto fiel e generoso pela sogra viúva e desolada, se encontrou, por isso mesmo, em relação privilegiada com Deus, tornando-se antepassada de David e, portanto, de Cristo.

Evangelho: Mateus, 22, 34-40

Depois da questão sobre o tributo a César (22, 15-22), da questão sobre a ressurreição dos mortos (22, 23-33), postas pelos saduceus, ricos e poderosos, entram em cena os fariseus, doutos e observantes. Estes perguntam qual é o maior mandamento da Lei. Perdidos na floresta das leis, aparentemente, queriam saber qual o princípio supremo que tudo justifica e unifica. Mas eram movidos por uma intenção que não era recta: interrogaram Jesus «para o embaraçar» (v. 35). Tinham resumido as muitas leis da Tora em 613 preceitos, 365 proibições e 248 mandamentos positivos. Mas, ainda assim, fazia sentido procurar saber «qual é o maior mandamento da Lei» (v. 36). 

Na sua resposta, Jesus não se coloca na lógica da hierarquia dos mandamentos. Prefere ir à essência da Lei, orientando para o princípio que a inspira e para a disposição interior com que deve ser observada: o amor, na sua dupla vertente, isto é, para com Deus e para com o próximo (vv. 37ss.). Jesus refere-se a Dt 6, 5, onde são sublinhadas a totalidade, a intensidade e a autenticidade do amor a Deus: «com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente» (v. 37). Ao lado do amor a Deus, e ao mesmo nível, Jesus coloca o amor ao próximo. Não se podem separar as duas dimensões do mandamento que sintetiza «toda a Lei e os Profetas» (v. 40).

O amor do próximo e o amor de Deus encontraram-se estreitamente ligados. A fidelidade generosa de Rute aos afectos humanos pô-la em profunda relação com a fidelidade de Deus. O amor do próximo e o amor de Deus estão indissoluvelmente unidos.

Contemplando o  mistério manifestado na vida e na experiência de Rute, brota do coração o Pai nosso, a oração que revela a beleza que salvará o mundo, o rosto do Pai, e a beleza da humanidade, onde se descobre o próprio rosto de Deus e os de tantos irmãos, filhos do mesmo Pai. Dá-nos a graça de viver tudo isto na oração. 

Fonte: resumo e adaptação local de "dehonianos.org/postal/liturgia"

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