domingo, 20 de agosto de 2017

REFLEXÃO SOBRE A PALAVRA DE DEUS NA II FEIRA DA XX SEMANA DO TEMPO COMUM



Subsídio litúrgico para Segunda-feira – XX Semana –
Tempo Comum – Anos Ímpares 

Primeira leitura: Juízes 2, 11-19

O texto que hoje escutamos apresenta o quadro teológico em que é lida a história de Israel. O dom da terra devia avivar continuamente a consciência da aliança, da fidelidade a Javé, da pertença a Ele, como povo com uma missão. Mas a realidade foi bem diferente. À geração de Josué sucedeu «outra geração que não conhecia o Senhor, nem a obra que o Senhor havia feito em favor de Israel.» (Jz 2, 10). 

E, com um sentimento de profunda dor, ao autor sagrado acrescenta: «os filhos de Israel fizeram o mal perante o Senhor e prestaram culto aos ídolos de Baal. Abandonaram o Senhor, Deus de seus pais» (vv. 11ss). Ao pecado de idolatria, verdadeiro pecado original de Israel, segue-se uma lista de outros pecados como a desagregação do povo, as lutas internas, a depravação moral… E surgem consequências terríveis: sofrimento, perda da liberdade, novas escravidões.
Nessas experiências, que sabem a castigos com função pedagógica, amadurece a exigência de conversão, de mudança de vida, e brota a prece de invocação a Deus para que salve o seu povo. Deus escuta as súplicas, e intervém, enviando um “juiz” (libertador, salvador).

 É neste quadro que emerge novamente o amor misericordioso de Deus, e a sua fidelidade, que Lhe permitem restabelecer a comunhão com o seu povo, para lhe dar vida, bênçãos, futuro.

A história de Israel, durante o período dos Juízes, é uma história de infidelidade do povo e de fidelidade de Deus. É essa a perspectiva geral que nos oferece, logo desde o início, o livro dos Juízes.

A infidelidade do povo manifesta-se de várias formas: «os filhos de Israel fizeram o mal perante o Senhor» (v. 11), diz o livro. Esta frase é uma espécie de refrão que vai sendo repetido ao longo do livro. Mas o principal pecado foi o da idolatria: «prestaram culto aos ídolos de Baal» (v. 11). 

Os Israelitas, em vez de manifestarem gratidão para com Deus, procuraram outros deuses, os deuses cananeus, mais prontos a satisfazer os seus desejos. A ira de Deus não tardou a manifestar-se: «Inflamou-se a ira do Senhor contra Israel e entregou-os nas mãos de salteadores que os espoliaram» (v. 14). 

Deste modo, o povo de Deus voltou a uma situação de opressão e de escravidão, por sua culpa. No meio dos seus sofrimentos, voltou a recordar-se de Deus e a implorar misericórdia. O Senhor deixou-se comover e enviou-lhes os “juízes”, chefes inspirados por Ele, que tomaram conta da situação e venceram os opressores. Deus «estava com aquele juiz, libertando-os da mão dos seus inimigos» (v. 18).

Infelizmente o esquema repetia-se depois da morte de cada juiz: pecado, especialmente o de idolatria, sofrimentos diversos e opressão pelos inimigos, gemidos de súplica ao Senhor, que novamente usa de misericórdia, e envia outro juiz. Assim Deus procura educar o seu povo à conversão e à confiança n´Ele, mesmo nas situações de pecado. 

A fidelidade de Deus leva sempre a melhor, mesmo diante da infidelidade do homem.

Evangelho: Mateus, 19, 16-22

O encontro de Jesus com o jovem rico.
Todo o homem anseia pela vida e felicidade eterna, e todo o homem se interroga sobre o modo para as alcançar. Já os discípulos de João Baptista o interrogaram sobre essa questão (cf. Lc 3, 10). No dia do Pentecostes, os ouvintes de Pedro hão-de fazer-lhe a mesma pergunta (cf Act 2, 37). No nosso texto, é um jovem que anda à procura, que quer fazer algo para alcançar a vida eterna. Jesus fica agradado com a sua boa vontade e, pouco a pouco, procura orientá-lo.

Com a pergunta: «Porque me interrogas sobre o que é bom? Bom é um só» (v. 17), Jesus insinua que, procurar a vida eterna é, ao fim e ao cabo, procurar Alguém, que tem um rosto concreto, e não algo de abstracto. Posto isto, Jesus indica-lhe o tradicional caminho da prática dos mandamentos. 
O jovem não fica satisfeito com essa resposta demasiado óbvia, e até estava convencido de sempre ter «cumprido tudo isso» (v. 20).
Procurava, pois, algo mais. Então, Jesus lança-lhe uma proposta: «Se queres ser perfeito…» (v. 21). 

Jesus aprecia a boa vontade, o esforço de quem quer ir mais longe. Já tinha apontado uma meta sem limites, ao dizer: «sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» (Mt 5, 48). O caminho para essa meta é dar tudo aos pobres e pôr-se a seguir Jesus. É o que o «Mestre» diz ao jovem, porque os bens, quando não são partilhados com os pobres, afastam o homem do Bem supremo, que é Deus: «onde está o teu tesouro, aí está o teu coração» (Mt 6, 21). Para seguir a Cristo, é preciso ter o coração no lugar certo. Não era o caso deste jovem, que tinha muitos bens, e se foi embora triste (cf. v. 22).

O evangelho mostra-nos que a fidelidade humana, mesmo quando existe, precisa de um complemento divino. O jovem, que vai ao encontro de Jesus, deseja conhecer o bom caminho para chegar à vida eterna. Jesus diz-lhe: «Se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos» (v. 17). É a fidelidade humana para alcançar a vida eterna. 

O jovem tinha-a observado desde sempre e pergunta: «Que me falta ainda?» (v. 20). Que falta a uma fidelidade completa? A resposta de Jesus, como acontece outras vezes, é paradoxal: «Vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me» (v. 22). É como quem diz: «Não te falta nada. Tens demasiado. Falta-te tornar-te pobre de bens materiais para estares disponível para o amor divino».

O segredo para uma vida em plenitude é desfazer-se de tudo para dar lugar aos verdadeiros tesouros. É desfazer-se até de si mesmo para acolher a Cristo e a sua vida em nós: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20).

Cristo «convida-nos à bem-aventurança dos pobres, no abandono filial ao Pai» (Cst 44; cf. Mt 5, 3). Viver a bem-aventurança da pobreza é permitir a Cristo viver a Sua pobreza em nós. É, numa palavra, «viver… Cristo» (Fl 1, 21). Realiza-se a parábola do «tesouro escondido» no campo: «Um homem encontra-o e esconde-o de novo; depois, vai, cheio de alegria, vende tudo o que tem e compra aquele campo» (Mt 13, 44); a parábola da «pérola de grande valor»: o comerciante «vai, vende tudo o que tem, e compra-a» (Mt 13, 46).

O «tesouro escondido», a «pérola de grande valor» é o Cristo das bem-aventuranças, vividas na nossa vida. Por isso, «recordaremos o seu insistente convite: «Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres; depois vem e segue-Me" (Mt 19,21)».
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>

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