segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A PALAVRA HOJE. SUBSÍDIO PARA A III FEIRA DA XX SEMANA DO TEMPO COMUM



Terça-feira– XX Semana –Tempo Comum – Anos Ímpares 

Primeira leitura: Juízes 6, 11-24a

A reacção de Gedeão, ao ser chamado para o ministério de salvar o seu povo, é semelhante às de todos os grandes líderes do povo eleito. Hoje escutamos a vocação de Gedeão para uma missão que, mais uma vez, revelará os critérios de leitura da história: pecado-castigo, invocação-salvação, a que segue um período de paz. 
É neste contexto de sofrimento e de esperança que Gedeão se encontra com o anjo do Senhor. O diálogo com anjo revela a relação amorosa que Deus mantém com o seu povo e a confiança que depõe naquele que escolheu para a missão de Juiz, isto é, para salvar o seu povo.

Gedeão é chamado a demolir o altar erguido pelo pai, a cortar a árvore sagrada e a levantar um altar «ao Senhor» sobre a rocha, onde oferece um cabrito em holocausto, queimado no fogo da árvore sagrada. O temor de Gedeão é vencido pela certeza da presença do Senhor: «Eu estarei contigo»; «Vai com toda a tua força, e salva Israel» (v. 14). Gedeão fez o que o Senhor lhe ordenou e os Israelitas gozaram do bem da paz enquanto ele viveu. Mas, «depois que Gedeão morreu, os filhos de Israel prostituíram-se de novo diante dos ídolos, adoptando por seu deus Baal-Berit» (8, 33). E a história continuará a repetir-se, como uma sinfonia em quatro andamentos: pecado, castigo, conversão, paz. E novamente pecado, castigo, conversão, paz

Evangelho: Mateus 19, 23-30

Depois de o jovem ter ido embora triste, também Jesus, entristecido, aproveita o ensejo para se pronunciar sobre a questão das riquezas. Fá-lo com o célebre provérbio do camelo e da agulha. O homem, por si mesmo, não tem possibilidade de se salvar, tal como o camelo não pode passar pelo fundo da agulha. Só o poder de Deus e a sua obra salvadora nos dão essa possibilidade. Noutras circunstâncias, Jesus já tinha dito «não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24), e tinha proclamado bem-aventurados os «pobres em espírito» (Mt 5, 3). A imagem do camelo e da agulha dá maior realce a estes ensinamentos.

Os discípulos ficam compreensivelmente chocados e desorientados. Tinham percebido muito bem que, para seguir radicalmente Jesus, não bastam as forças humanas. Jesus, que se apercebe da situação, lembra-lhes que a obra não é deles, mas de Deus, a Quem «nada é impossível» (cf. v. 26). É então que Pedro, sempre muito franco e impulsivo, se dá conta de que a situação dele e dos outros discípulos era bem diferente da do jovem rico. Receberam a força de Deus, abandonaram tudo.

Jesus não é um político de promessas fáceis, ou um feirante que apregoa receitas para tudo, a bom preço. Mas conhece o coração do homem, que precisa de segurança e de coragem. Por isso, afirma: «vós, que me seguistes, haveis de sentar-vos em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos por causa do meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (vv. 28-29). O prémio ultrapassará todas as expectativas. Mas, cuidado «Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os primeiros» (v. 30).

Na história daqueles que se sentiram chamados a servir o povo de Deus, no sacerdócio, na vida religiosa, nos ministérios laicais, quase sempre se refere a surpresa com que receberam a vocação e a missão. Achavam-se pequenos, fracos, pecadores, indignos… Mas foi a eles que o Senhor quis chamar e enviar, garantindo-lhes a sua presença e ajuda!

É o esquema que já encontramos no Antigo Testamento, por exemplo em Moisés (Ex 3, 11), em Jeremias (Jr 1, 6) e em Gedeão, como verificamos na primeira leitura. É aparentemente estranho o modo como Deus escolhe os seus instrumentos para intervir na história do seu povo. Gedeão não é personagem de grande relevo, como ele mesmo faz notar a Deus: «Por favor, meu Senhor, como salvarei eu Israel? A minha família é a mais pobre de Manassés, e eu sou o mais jovem da casa de meu pai!» (v. 15). Porque é que Deus escolhe um instrumento tão fraco, tão desprezível, da família mais pobre e, nessa família, o filho mais novo?

 Quando Gedeão tiver de combater os Madianitas, irá reunir todo o povo de Israel, num total de trinta e dois mil homens armados. Porque é que Deus lhe irá dizer: «São demasiado numerosos os homens que estão contigo» (7, 2)? É verdade que os Madianitas são numerosos e fortes. Com trinta e dois mil homens armados, Israel poderia convencer-se que era pela sua força que vencia os inimigos e gabar-se: «Foi a minha mão que me salvou!» (7, 2). Por isso, Deus ordena a Gedeão que desmobilize todos aqueles que não se sintam muito fortes, muito corajosos, ou que têm qualquer objecção a pôr à mobilização geral. Dos trinta e dois mil homens, ficam apenas dez mil. «Ainda são muitos homens!», diz o Senhor (7, 4). E propõe a Gedeão uma prova surpreendente. Enquanto os seus homens bebem água de um ribeiro, Gedeão deve observar o modo como o fazem. Trezentos bebem de um modo insólito. E são os escolhidos. Os outros são despedidos, e é com este pequeno grupo que se irá manifestar o poder e a grandeza de Deus. É o modo como Deus costuma escolher os seus instrumentos.

No Novo Testamento, vemos como Deus continua a usar a mesma estratégia. Usa-a ao escolher Maria, a humilde serva do Senhor (cf. Lc 1, 34), e usa-a ao escolher os Apóstolos. Paulo, ao meditar sobre essa realidade escreve: «Trazemos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que se veja que este extraordinário poder é de Deus e não é nosso» (2 Cor 4, 7).

Se nos sentirmos fortes, a ponto de atribuirmos a nós mesmos o êxito do nosso apostolado, caímos no orgulho, e separamo-nos da fonte de todo o bem, que é o amor de Deus. Pelo contrário, aceitando a nossa condição de seres fracos, poderemos acolher toda a graça que o Senhor tem para nos dar. Paulo, debatendo-se com as suas fraquezas, suplicava ao Senhor que o livrasse delas. Mas o Senhor respondeu-lhe: «Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza» (2 Cor 12, 9).

Em vez de nos lamentarmos a nossa fragilidade, e com a fraqueza dos nossos meios, proclamemos a nossa confiança no Senhor. E Ele não deixará de manifestar a sua bondade e o seu poder em nós.


Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>

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