Quarta-feira –
XX Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares
Houve várias tentativas para estabelecer a monarquia
em Israel, mas esta não conseguia impor-se. A corrente antimonárquica era
poderosa e fundamentava-se sobre um princípio teológico que lemos em Jz 8,
22-23. Gedeão, convidado a tornar-se rei, responde: «Não reinarei sobre vós,
nem eu nem meu filho; o Senhor é que será vosso rei» (8, 23). «O Senhor é que
será vosso rei». Temia-se que, interpondo uma figura humana, um rei, entre Javé
e o povo, resfriasse a fidelidade de Israel para com Deus. Foi o que
efectivamente aconteceu, quando se estabeleceu a monarquia em Israel. O próprio
povo sofrerá bastante com muitos dos seus reis. Só o senhorio de Deus garante
plena dignidade e satisfaz os desejos de paz e de liberdade do seu povo.
E assim temos uma grande lição de humildade para
aqueles que ambicionam o poder para estarem sobre os outros. Ser rei, ser
chefe, ser superior, é uma posição de relativa esterilidade, uma vez que
“mandar” não é, em si mesma, uma função produtiva. Se não houver quem trabalhe,
quem faça o que é preciso, de pouco serve mandar. Mas, por outro lado, são
indispensáveis administradores, dirigentes, chefes, superiores, para que os
esforços produtivos dos outros contribuam para o bem comum, e não se percam, ou
se oponham entre si. A autoridade deve ser um serviço efectivo à comunidade, e
não um vão agitar-se sobre os outros. Nenhum grupo humano pode sobreviver sem
uma cooperação recíproca, sem uma coordenação da actividade dos seus membros,
sem um responsável por esta cooperação e por esta coordenação que tome, nem
clima de diálogo, decisões atempadas, em ordem ao bem comum. É próprio do
serviço da autoridade coordenar, controlar, decidir, caso contrário, o grupo
desagrega-se na anarquia e na desordem.
Evangelho: Mateus, 20, 1-16ª
«Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos
últimos serão os primeiros», afirmou Jesus (Mt 20, 16ª). A parábola de hoje,
esclarece esta afirmação. Esta parábola, contada por Jesus com tanta
vivacidade, é um aviso ao povo de Israel, o primeiro a ser chamado, para que se
alegre com o surpreendente uso que o Senhor faz da liberdade em relação aos
«últimos», os pagãos, os publicanos, os pecadores. Mas é também um aviso a nós,
cristãos de hoje, para que nos convertamos aos critérios de Deus. Não são os
ricos e poderosos que entram, ou têm precedência no reino de Deus, mas os
pobres e fracos. O reino de Deus não se
conquista por méritos próprios, mas é um dom gratuito, a acolher com humildade e gratidão.
pelo profeta Isaías, Deus avisara: «Os meus planos não são os
vossos planos, os vossos caminhos não são os meus caminhos – oráculo do Senhor.
Tanto quanto os céus estão acima da terra, assim os meus caminhos são mais
altos que os vossos, e os meus planos, mais altos que os vossos planos» (Is 55,
8-9).
Se ao jovem rico era exigido um salto de qualidade, a todos é pedido que
se desembaracem da própria justiça, baseada em cálculos exactos, para usufruir
da bondade infinita de Deus e da superabundância da sua graça.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: :<dehonianos.org/portal/liturgia>
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