A PALAVRA HOJE, PALAVRA VIVA
Sábado - XIX
Semana -Tempo Comum – Anos Ímpares
Primeira Leitura: Josué 24, 14-29
A aliança de Siquém conclui-se com três momentos
essenciais.
Primeiro, é o
convite de Josué ao povo para que adira totalmente ao Senhor, renunciando
aos ídolos. O chefe dá exemplo em nome da sua casa e da sua tribo: «eu e a
minha casa serviremos o Senhor» (v. 15). O povo responde com uma grande
purificação da memória e com a renúncia colectiva aos ídolos para servir o
Senhor.
Segue-se o segundo momento: Josué anuncia a realeza do Deus de Israel, Deus da Aliança, que é
santo e cioso, como demonstrou em diversos momentos ao longo da caminhada pelo
deserto. Não falta uma ameaça: «Quando abandonardes o Senhor para servir a
deuses estranhos, Ele voltar-se-á contra vós e far-vos-á mal; há-de
destruir-vos, após ter-vos feito bem» (v. 20).
Finalmente, num terceiro momento, por duas vezes, ecoa
a profissão de fé do povo, com uma
promessa de aliança concreta em palavras e obras: «Nós serviremos o Senhor
nosso Deus, e obedeceremos à sua voz» (v. 24). A história sucessiva mostrará
que, apesar desta força na adesão ao Senhor, a fraqueza humana virá ao de cima.
Mas Deus será fiel.
O discurso de Josué ao povo, na assembleia de Siquém,
deixa-nos perplexos. Primeiro, ordena-lhes que temam e sirvam o Senhor: «Temei
o Senhor, e servi-o… Afastai esses deuses» (v. 14).
Depois, deixa ao povo escolher a quem quer servir: «se
vos desagrada servi-lo, então escolhei hoje aquele a quem quereis servir» (v.
15).
Finalmente, quando o povo já tinha escolhido servir o
Senhor, «serviremos o Senhor» (v. 18), Josué, em vez de aprovar a decisão,
inicia um discurso dissuasivo: «Vós não sereis capazes de servir o Senhor» (v.
19). Será perigoso servi-l´O, porque, em caso de infidelidade, «voltar-se-á
contra vós e far-vos-á mal» (v. 20).
Como se explica esta atitude de Josué? Provavelmente porque quer evitar um compromisso superficial, por parte dos Israelitas, um compromisso que não resistiria à primeira dificuldade.
Aceitar entrar em aliança com Deus não é coisa de
pouca monta, não é uma simples formalidade. Tem consequências na vida que não
podemos ignorar ou esquecer. É um compromisso que envolve toda a pessoa, em
todas as suas actividades, em todos os seus pensamentos, em todas as suas
aspirações.
O homem é livre de optar por Deus ou por seguir outros caminhos.
Deus não impõe compromissos, porque isso seria indigno do homem, e indigno do
próprio Deus. Somos livres de escolher. Mas quem se compromete com Deus, deve
fazê-lo seriamente.
A dignidade da pessoa humana está precisamente na
capacidade de assumir compromissos sérios. Assim foi renovada a aliança em
Siquém.
Evangelho: Mateus 19, 13-15
Na época de Jesus, o rito da imposição das mãos e da
bênção das crianças era frequentemente usado. Faziam-no os pais, mas também os
rabinos famosos, a quem se pedia a bênção. É nesse contexto que se deve
entender o episódio narrado hoje por Mateus, e que não deve ser confundido com
o que ouvimos na terça-feira passada. Aí tratava-se do apelo à conversão, que
exige tornar-se como crianças. Aqui fala-se de Jesus. Perante o “zelo” dos
discípulos, Ele manifesta a intenção de não afastar ninguém do Reino. Quando
diz «delas» (v. 14b), não se refere à idade, mas quer evidenciar «os que se
assemelham a elas».
Na antiguidade, as crianças não eram consideradas
significativas na sociedade. Mas Jesus faz delas privilegiadas no reino de
Deus, admite-as com agrado na comunidade cristã.
A atitude dos discípulos em querer afastar as crianças
revela a sua falta de compreensão pelo ministério de Cristo. Jesus é Aquele que
acolhe os pequenos para lhes oferecer o Reino. A imposição das mãos sobre as
crianças e a oração é um gesto de bênção (vv. 13.15). Mas é também um sinal de
que a salvação é comunicada a todos os
que podem identificar com elas: os pequenos, os pobres, os humildes.
Os cristãos são chamados a renovar, cada ano, na
Vigília Pascal, os próprios compromissos baptismais. São chamados a acolher a
luz de Deus na própria vida, o desejo de Deus sobre a sua existência, o amor de
Deus. Somos convidados a fundamentar tudo na nossa relação com Deus, que dá
verdadeira liberdade interior, nos torna acolhedores, capazes de relações mais
sinceras, mais cordiais com os outros.
O evangelho apresenta-nos Jesus, que, sendo
completamente disponível para o amor que provem do coração do Pai, é acolhedor
com todos, particularmente com as crianças.
Vivendo os nossos compromissos baptismais, vivendo
como filhos de Deus, caminhamos na caridade de Cristo que nos amou e se
entregou por nós.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de:
<dehonianos.org/portal/liturgia>
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