Segunda-feira – XIX Semana –
Tempo Comum – Anos Ímpares
Primeira Leitura: Deuteronómio 10, 12-22
O segundo discurso de Moisés aos Israelitas. Moisés
incita o povo à fidelidade ao Senhor. Começa por resumir o essencial do
discurso anterior: amar e servir a Deus com todo o coração e com toda a alma,
observando os mandamentos. Mas ao primeiro mandamento, o do amor a Deus,
acrescenta-se, agora, o segundo, o do amor ao próximo.
Depois de uma série de títulos teológicos de Javé,
«Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus supremo, poderoso e temível,
que não faz distinção de pessoas nem aceita presente» (v. 17), afirma-se o seu amor universal,
especialmente para com os humildes e carenciados: «Ele faz justiça ao órfão
e à viúva, ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário» (v. 18). Salientam-se
três tipos de pobreza: a do órfão, a da viúva, a do estrangeiro. O modo de ser
e de actuar de Deus indica o modo de ser e de actuar do seu povo, que deve ter
sempre bem presente tudo quanto por ele fez o Senhor (cf. v. 19).
No centro do discurso, aparece a expressão
«circuncisão do coração» (v. 16), que tem o sabor da tradição profética, e que
tem uma insinuação de grande valor teológico: não fazer da circuncisão, sinal
da aliança, motivo de vaidade, nem uma simples praxe material que assegura a
pertença ao Senhor e ao povo. O essencial
é ter um coração dócil e sensível ao amor do Senhor, estar sempre pronto a
louvá-lo e a usar de misericórdia para
com os carenciados, como Ele a usa para connosco.
A leitura afirma: «O Senhor, vosso Deus é…poderoso e
temível» (v. 17). O poder de Deus não o faz prepotente, como acontece, muitas
vezes, entre os homens. Ao seu poder, Deus junta uma extrema delicadeza e
atenção para com as pessoas, e uma grande preocupação pela justiça: «Não faz
distinção de pessoas nem aceita presentes… faz justiça ao órfão e à viúva, ama
o estrangeiro» (vv. 17-18). Este texto prepara a revelação do Deus generoso, do
Deus que é justo e torna justos. É um texto rico de exortações à fidelidade, à
docilidade, ao temor e ao amor de Deus, para estar sempre em relação com Ele:
«Agora, Israel, o que o Senhor, teu Deus, exige de ti é que temas o Senhor, teu
Deus, para seguires todos os seus caminhos, para o amares, para servires o
Senhor, teu Deus, com todo o teu coração e com toda a tua alma» (v. 12).
No meio de todas estas exortações, encontramos apenas
um preceito: «Amarás o estrangeiro» (v. 19). Aqui se revela a generosidade
divina, e se há-de revelar a nossa: não amar apenas a própria família, os amigos,
os vizinhos e conhecidos, mas também o forasteiro, o desconhecido. Um preceito
de extrema actualidade para nós e para as nossas comunidades cristãs…
Evangelho: Mateus 17, 22-27
Na primeira parte do nosso texto, a paixão paira sobre
Jesus como algo próximo e inevitável. Jesus vê agora, não com os olhos do «eu»
pessoal, que tem de se inclinar perante uma vontade superior, mas com os olhos
do Filho do homem para quem nada está oculto. Um só dos verbos, utilizados
nesta parte, está na voz activa: o matarão (v. 23). Todos os outros estão na
voz passiva: «ser entregue» (v. 22) nas mãos dos homens (em geral), nas mãos
«dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos doutores da Lei» (16, 21), isto é, das
instituições religiosas hebraicas; «será ressuscitado», indica a esperança de
Jesus na acção do Pai.
Jesus sabe para onde caminha. O seu destino está
anunciado nas antigas profecias. Fala de Si como «Filho do homem»,
representante do povo dos santos que, depois da perseguição, há-de receber todo
o poder (Dn 7): «Todo o poder me foi dado no céu e na terra», dirá o
Ressuscitado (Mt 28, 18). A paixão, entrega na mão de todos os homens, torna-se
entrega nas mãos do Pai, manifestação da sua glorificação.
A segunda parte do texto evangélico refere um episódio
relacionado com a questão do pagamento do imposto do templo. Em Mt 22, 15-22
surgirá a questão do pagamento de impostos aos dominadores pagãos, problema que
continuará a afligir a comunidade cristã (cf. Rm 13, 6s.). Tem de pagar imposto
para o templo quem é «maior que o templo»? (cf. Mt 12, 6), quem é «o Filho de
Deus vivo»? (16, 18). Paga para não escandalizar. A hora da reedificação do
novo templo ainda não chegou.
O evangelho mostra-nos a força e a delicadeza de
Jesus. Solicitado a pagar a taxa para o templo, sabe que não está obrigado a
isso, pois é Filho de Deus: «De quem recebem os reis da terra impostos e
contribuições? Dos seus filhos, ou dos estranhos?» (v. 25), pergunta o Senhor a
Pedro. O Apóstolo não hesita na resposta: «Dos estranhos» (v. 26). Mas Jesus,
com grande delicadeza, dispõe-se a pagar. Quer evitar escândalos. Mas usa o seu
poder para obter o dinheiro necessário: «Vai ao mar, deita o anzol, apanha o
primeiro peixe que nele cair, abre-lhe a boca e encontrarás lá um estáter.
Toma-o e dá-lho por mim e por ti» (v. 27).
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>
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