A PALAVRA HOJE,
PALAVRA VIVA.
Sexta-feira –
XIX Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares.
Primeira Leitura: Josué 24, 1-13
A jornada de Siquém é o acontecimento mais importante
de todo o livro, e assinala uma das datas chave de toda a história bíblica, o
nascimento de Israel como povo. A assembleia de Siquém, presidida por Josué,
tem como objectivo a conclusão do pacto entre as tribos de Israel e Javé. Tudo
acontece num clima de memória, reconhecimento e gratuidade. Josué traça as
grandes linhas da história de Israel, sempre presidida por Deus.
Transmite a memória
das obras admiráveis realizadas pelo Senhor, em seu nome, como história feita
pelo próprio Deus com os seus servos.
Essa história começa com os antepassados, como Abraão,
e chega ao momento presente, em que se vêem realizadas as promessas que foram feitas
a ele, o amigo de Deus, o pai na fé. Com uma síntese vertiginosa, recordam os
grandes pais e patriarcas na da história do povo: Abraão, Isaac, Jacob e os
seus filhos que desceram ao Egipto.
Depois lembra-se a libertação miraculosa do Egipto,
como evento chave da história de Deus com o seu povo, a entrada na terra
prometida e as dificuldades ultrapassadas contra os habitantes de Canaã.
Em tudo, o povo deve dar-se conta do amor de predilecção gratuito por parte de
Deus. E, com esses sentimentos, termina professando a sua fé, memória
histórica das obras de Deus.
Evangelho: Mateus 19, 3-12
As discussões sobre o divórcio são mais velhas que o
Evangelho, e tão antigas como o homem. No tempo de Jesus, a questão era
polarizada por duas escolas:
a)
a permissiva, era do parecer que um homem, que
encontrasse uma mulher mais atraente do que a sua esposa, e tivesse problemas
por causa disso, podia repudiar esta para voltar a casar com aquela.
b) b)Os rigoristas entendiam que a excepção do Deuteronómio se referia
unicamente ao caso de adultério.
A questão,
posta a Jesus pelos fariseus, não é mais do que uma cilada: querem obrigá-lo a
tomar posição por uma corrente. Mas Jesus esquiva-se declarando-se contrário ao
divórcio. Justifica a sua posição com dois textos da Escritura: Gn 1, 27 e 2,
24. Deus quer que marido e mulher permaneçam unidos como «uma só carne» (Mt 19,
5s.). Não separe o homem o que Deus uniu, mesmo que seja Moisés (v. 6b).
O matrimónio é
um contrato entre duas pessoas, é verdade. Mas, esse contrato também implica a
vontade de Deus inscrita na complementaridade dos sexos. O divórcio não tem em
conta uma das partes do matrimónio, o próprio Criador.
Na segunda parte do texto, os discípulos, a sós com Jesus, manifestam perplexidade e dificuldade em assumir tão graves responsabilidades do matrimónio. Mas Jesus afirma que só a responsabilidade pela difusão do Reino dos céus torna louvável a renúncia ao matrimónio.
Nem todos
compreenderão as palavras de Jesus. Hão-de compreendê-las «aqueles a quem isso
é dado» (v. 11). Trata-se de uma inspiração interior dada aos apóstolos e
àqueles que acreditam (Mt 11, 25 e 16, 17).
Talvez estejamos mais habituados a pedir graças ao
Senhor do que a agradecer-lhas. Podemos prestar a Deus a homenagem de lhe
apresentar os nossos pedidos. Mas também havemos de agradecer. A Sagrada
Escritura apresenta-nos muitos exemplos de oração de acção de graças. A memória
agradecida das obras maravilhosas de Deus, na história do seu povo, suscita a
oração de louvor, bênção, de acção de graças. A oração de bênção dirigida a
Deus é memória, ainda antes de ser súplica ou louvor.
A oração dos hebreus começa por ser narração, conta a
história de Deus na história dos homens. Pelo contrário, a oração dos pagãos
aos seus deuses era súplica interessada, invocação para obter benefícios,
porque pouco tinham para narrar sobre coisas feitas pelos seus deuses, em seu
favor.
Israel rezava narrando, pondo diante do Senhor e do
povo as maravilhas de Deus, as grandes obras feita para Ele. É por isso que o
“Credo” de Israel, que hoje escutamos na primeira leitura, é uma narração de
obras de Deus. Reunida a assembleia em Siquém, é feita memória das maravilhas
de Deus em favor do seu povo, desde Abraão até a tomada de posse da terra.
Todas essas obras manifestam a acção de Deus, são sinais da sua fidelidade e do
seu amor:
«Não foi com a vossa espada, nem com o vosso arco.
Dei-vos, pois, uma terra que não lavrastes, cidades que não edificastes e que
agora habitais, vinhas e oliveiras que não plantastes e de cujos frutos vos
alimentais’» (v. 12-13).
As grandes celebrações da Igreja, são memória, louvor,
bênção, acção de graças pelas maravilhas de Deus, sobretudo em Cristo e por
Cristo, em nosso favor. Mesmo quando celebramos os santos, celebramos as obras
admiráveis de que Deus realizou neles e por meio deles.
As obras de Deus foram e são gratuitas. São fruto do
seu amor oblativo. Só a partir do princípio da gratuidade de Deus podemos
compreender os ensinamentos do evangelho sobre o matrimónio e sobre a
virgindade. Ambos, no desígnio de Deus, são projectos de amor. Não são, em
primeiro lugar, opções dos homens, mas projecto de Deus, um projecto
complementar de duas vocações. Se fossem apenas resultado de escolhas humanas,
estariam sujeitas a deformações e às suas veleidades. Assim, quem vive a graça
do matrimónio, único e indissolúvel, aceita e respeita a vocação do próprio
cônjuge. E, quem vive em virgindade pelo reino de Deus, não o faz por uma
escolha egoísta ou por resignação perante a incapacidade de amar. Vive-a, tal
como os que casam, a partir de Deus, como opção de amor e de serviço recíproco
na comunidade que Jesus veio fundar.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>
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