Quarta-feira – XIX Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares
Primeira Leitura: Deuteronómio 34, 1-12
Escutamos, hoje, o relato da morte de Moisés. Com ele,
termina o Pentateuco, em que Moisés é grande protagonista. O relato é sucinto e
sem dramatismos. Os sentimentos do povo e de Moisés já foram referidos noutro
lugar (Dt 3, 23-26). O Senhor toma a palavra para apresentar a terra, prova da
sua fidelidade a Moisés e ao povo, mas também aos patriarcas que receberam a
promessa: Abraão, Isaac, Jacob… Deus é
fiel às suas promessas. Depois, acontece a morte e a sepultura de Moisés, «servo do Senhor». Este título fica-lhe
bem, porque foi eleito para executar os desígnios de Deus, e porque se entregou
completamente a essa missão. A narrativa conclui com um elogio típico dos
homens que deixaram marcas na história, mas com as características únicas de
Moisés: «com quem o Senhor falava face a
face» (v. 10). Ele é o homem dos sinais e prodígios, o homem do êxodo, da
páscoa, da libertação e da liberdade. A sua memória fica unida à dos antigos
patriarcas. O Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob é também o Deus de Moisés.
Moisés não pôde terminar a grande empresa divina
começada com o êxodo do Egipto. Apesar das suas qualidades, e de todas as
graças recebidas, não concluiu a missão. Fez a parte principal, deixando a
conclusão a Josué. «Esta é a terra que jurei dar a Abraão, Isaac e Jacob.
Dá-la-ei à vossa descendência. Viste-a com os teus olhos, mas não entrarás
nela», diz-lhe o Senhor (v. 4). O grande condutor de Israel, pode observar a
terra prometida, do alto do monte Nebo, mas morre antes de nela entrar.
Nada no Antigo Testamento é perfeito, nada é pleno
cumprimento do projecto de Deus. Há muitas prefigurações, mas nenhuma delas é
perfeita. Moisés na libertação do Egipto e na marcha pelo deserto, e Josué na
conclusão dessa marcha e na entrada na terra, prefiguraram, um e outro, um
aspecto da obra de Cristo: Abel, Isaac, José, David, Salomão e todas as outras
prefigurações do Antigo Testamento, onde vemos um aspecto do mistério de
Cristo, mas não o mistério na sua totalidade. O mistério de Cristo é tão rico
que não pode ser prefigurado por uma só vida humana. Cristo realiza todas as
prefigurações, e realiza no seu mistério pascal uma extraordinária síntese de
todos os aspectos do plano de Deus.
Evangelho: Mateus 18, 15-20
Jesus continua a tratar das relações dos discípulos
com os irmãos, isto é, os pequenos, os pecadores, os colaboradores. A questão
central, hoje, é a seguinte: como deve a comunidade cristã comportar-se perante
o pecado e o escândalo (18, 3-11), e perante o pecador?
Mateus já convidou à misericórdia, ao contar a
parábola da ovelha tresmalhada. Agora, apresenta um itinerário que leva ao perdão: aproximar do pecador, a sós (v.
15); repreendê-lo diante de duas ou três testemunhas (v. 16); interpelá-lo na
assembleia (v. 17). Jesus confere aos seus discípulos um poder especial, para realizar
esta pedagogia (v. 18).
O irmão só pode ser condenado quando teimar permanecer
no mal, recusando a conversão e o perdão (vv. 15-17). Nesse caso, Deus ratifica
o agir da Igreja.
A correcção fraterna deve ser realizada, com extrema delicadeza e espírito fraterno, num ambiente de união e de oração, que garante a presença do Ressuscitado.
Cristo é a plenitude da graça. Somos chamados a viver unidos a Ele, na fidelidade aos seus ensinamentos, na comunhão com a sua pessoa, na fidelidade ao seu exemplo, especialmente no que se refere ao amor recíproco. Procurando cada um de nós viver assim, criamos uma atmosfera espiritual cheia da presença de Cristo que une, cheia pela certeza de sermos um lugar habitado, ou um espaço teologal onde vive o Ressuscitado. Essa presença assegura a unidade entre o céu e a terra, a eficácia da oração, a alegria do Pai celeste.
A unidade no nome de Cristo garante também a eficácia do nosso testemunha, a eficácia de missão.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de:
<dehonianos.org/portal/liturgia>
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