quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A PALAVRA HOJE: QUINTA FEIRA DA XIX SEMANA DO TEMPO COMUM



A  Palavra hoje, Palavra viva e eficaz!.
Deus continua presente no meio do seu povo.
Quinta-feira – XIX Semana 

Primeira Leitura: Josué 3, 7-10ª.11.13-17

Desaparecido Moisés, Deus continua presente no meio do seu povo, prosseguindo a obra da salvação, agora com um novo líder, Josué, que introduz o povo na terra da promessa. O livro de Josué narra os acontecimentos, certamente mais lentos e trabalhosos do que o autor sagrado deixa entender. Estes autores sagrados, mais do que historiadores, eram teólogos, e a sua versão da conquista da terra é teológica e profética.

A entrada de Israel na terra prometida é descrita no livro de Josué como uma solene procissão litúrgica, em que a Arca da Aliança, lugar da presença de Deus no meio do povo, ocupa o lugar principal. É sempre Deus fiel que precede e acompanha o seu povo. Ele fala a Josué como antes falava a Moisés. O novo chefe interpreta e transmite a voz de Deus.

Diante da terra prometida repete-se o que aconteceu diante do Mar Vermelho. As águas detiveram-se, e o povo, que acompanha a Arca da Aliança, passa o rio Jordão a pé enxuto. A intervenção miraculosa de Deus marca os dois momentos: a saída do Egipto para a liberdade, e a saída do deserto para a terra onde «corre leite e mel». O Salmo 113, que hoje cantamos como salmo responsorial da liturgia da palavra, junta a memória do Mar Vermelho e do rio Jordão: «À vista disso, o mar afastou-se e o Jordão voltou atrás… Que tens, ó mar, para assim fugires, e tu, Jordão, para retrocederes?» Passando Deus, também passa o seu povo.

Evangelho: Mateus 18, 21-19, 1

Depois de ter falado do modo como a comunidade há-de tratar os irmãos pecadores, e da necessidade de os voltar a ganhar, bem como da oração comum, trata agora do comportamento que há-de ter quem se sentir pessoalmente ofendido pelos outros. O judaísmo já conhecia o dever de perdoar as ofensas. Mas tinha elaborado uma espécie de “tarifário”, que variava de escola para escola. Assim compreendemos a pergunta de Pedro a Jesus: queria saber qual era o seu tarifário, se era exigente como a escola que exigia o perdão até sete vezes (18, 21). 

A resposta de Jesus é dada em fórmula de parábola, que liberta o perdão de qualquer tarifa, para fazer dele o sinal da presença do Reino na terra. A parábola apresenta a figura de um rei e do seu devedor, que lhe devia dez mil talentos. Alguns pormenores evocam o juízo final: o rei, cair aos pés do rei, prostrar-se, ter piedade… A desproporção entre os dez mil talentos e os cem denários, realça as diferenças entre as concepções humanas e divinas da dívida e da justiça. Finalmente, também a pena aplicada ao servo, que durará até que tenha pago tudo, lembra o suplício eterno.

A chave de leitura e de compreensão está no último versículo: «Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar ao seu irmão do íntimo do coração» (v. 35). Deus perdoa-nos se também nós soubermos perdoar. Mas, enquanto a nossa capacidade de misericórdia é limitada, a de Deus é infinita. Há que aproximar da misericórdia de Deus a nossa misericórdia para com os irmãos, porque Deus é extremamente generoso connosco.
Na narrativa da passagem do rio Jordão, o protagonista não é Josué, nem o povo, mas a Arca da Aliança, também chamada “Arca de Deus”, “Arca da Aliança do Senhor de toda a terra”. Graças à Arca da Aliança, o povo consegue passar o rio Jordão, em plena cheia, no tempo das ceifas, como ainda agora acontece. Essa Arca, levada em procissão, e que precede a entrada do povo na terra prometida, fala-nos da presença de Deus no meio do povo e do pacto de amor de Deus com o seu povo.

Este pacto de amor, esta aliança, é iniciativa da superabundante caridade de Deus. Mas exige uma resposta de fidelidade da parte do povo. Essa fidelidade passa pela observância dos mandamentos do amor a Deus e ao próximo, com o mandamentos das tábuas da lei, encerrados na arca, que são como que a presença da fidelidade de Deus. É diante desta presença de Deus que se renovam os prodígios do êxodo.

O elemento decisivo, para vencermos as dificuldades da vida, não são as nossas forças, a nossa boa vontade, mas esta presença de Deus, e a nossa união com Ele. As crises no cumprimento da aliança, por parte de Israel, aconteceu sobretudo pela negligência em observar, seja o amor de Deus seja o amor do próximo. Mesmo quando o povo permanece fiel a ritos que honram a Deus, os profetas censuram a falta de atenção ao próximo, ao órfão, à viúva, aos pequenos. Deus não pede sacrifícios, mas misericórdia.
No Novo Testamento, as exigências de Deus tornam-se ainda maiores e mais positivas. Jesus resume a lei e os profetas no duplo mandamento: «Amarás o Senhor, teu Deus… Amarás o teu próximo» (cf. Mc 12, 30-31). Mais ainda: «amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (Jo 15, 12).
O amor é, de facto, exigente. Não se vive o amor sem aceitar sacrifícios, sem aceitar renúncias. Há circunstâncias em que não é fácil amar. Mas o amor é uma exigência e um dom de Deus. Jesus vem a nós para amar. O seu Coração palpita no nosso coração. Por isso, é possível amar. 

Se acolhermos o dom de Deus, não há dificuldades que o amor não ultrapasse. Mesmo perdoar até setenta vezes sete. 

Sentimos uma imensa necessidade de, cada dia, repetirmos o pedido do Pai-nosso: «perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido». Estamos feridos pelo pecado, temos o coração endurecido por causa dele, temos dificuldade em perdoar aos nossos irmãos. Peçamos ao Senhor que Infunda em nós a sua misericórdia, o seu Espírito Santo, que nos cura, nos redime do pecado, nos faz criaturas novas, capazes de perdoar, de amar e ser amados. Assim seremos profetas do amor e servidores da reconciliação.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>

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