sexta-feira, 11 de agosto de 2017

VI FEIRA DA XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM



Sexta-feira – XVIII Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares 

Primeira leitura: Deuteronómio 4, 32-40

Hoje já escutamos a conclusão do primeiro discurso de Moisés, que abre o livro do Deuteronómio. Trata-se de um texto teológico, repleto de palavras-chave da teologia do Antigo Testamento. É o discurso da memória. O povo deve recordar e transmitir tudo quanto viu e ouviu, deve ser testemunha viva de quanto Deus fez por ele. Moisés recorda as maravilhas da criação. O povo escutou a voz de Deus no fogo, viu com os seus próprios olhos a predilecção de Deus que o escolheu e o libertou do Egipto com braço forte, no meio de sinais e prodígios. Este Deus, poderoso e libertador, educa com a sua palavra, é um Deus cheio de amor de predilecção por Israel, é um Deus fiel à sua promessa. O povo deve corresponder com a sua fidelidade a Deus, que é único (cf. Dt 6, 4-9; 11, 13-21; Nm 15, 37-51); deve observar os seus mandamentos; deve transmitir a memória das maravilhas de Deus. A fidelidade ao Senhor pode, pois, resumir-se a recordar, celebrar, viver, três atitudes fundamentais na espiritualidade do Antigo Testamento.

Evangelho: Mateus 16, 24-28

Jesus  fala dos que O pretendem seguir. A sorte dos discípulos não será diferente da do Mestre (cf. 10, 24s.). E toda a atitude e toda a opção do discípulo terá sentido na sua relação com o Mestre. A escala de prioridades e valores é definida pela relação com Jesus, cujo percurso histórico marcado pelo sofrimento vivido no amor, será assumido pelo discípulo (v. 24). Este experimentará o paradoxo de «perder para encontrar», de «morrer para viver» (v. 25). As suas obras hão-de manifestar a opção por Jesus como centro da sua existência. Tal opção será recompensada no dia do juízo (v. 27). De facto, o Messias Sofredor é também o Juiz escatológico. O Messias humilhado é também o Rei glorioso.

«Interroga os tempos antigos que te precederam» (v. 32). Moisés convida o povo a fazer um exercício de memória, para se dar conta do amor pessoal com Deus o tem amado, e tem amado cada um dos seus membros. A história de Israel está gravada mais nos corações do que nos livros. A grata memória das maravilhas de Deus renova-se pela oração que acolhe a palavra e pelos salmos que, ruminados no íntimo de cada um, alimentam o louvor de Deus. Por cada um dos eventos se pode repetir: «É eterna a sua misericórdia». Em cada etapa progressiva se pode dizer, como na noite da Páscoa: «Dayenû!», isto teria sido suficiente!

Para nós, homens e mulheres da pós-modernidade, de frágil e não convicta memória do passado, da experiência do efémero quotidiano, que parece cair constantemente no nada, a lição do “povo da memória” é preciosa: re-cor-dar, dar novamente ao coração, como necessária oxigenação teológica, a memória dos actos de Deus na nossa história pessoal e comunitária, é uma preciosa atitude espiritual. É o que dá consistência à nossa fé pessoal, que não pode limitar-se a repetir fórmulas aprendidas na catequese, mas que nasce da experiência viva do Deus vivo. Esta memória é também importante para a transmissão da fé às novas gerações. Outrora isso fazia-se à lareira, nas noites de Inverno, ou ao luar, nas noites de Verão. Hoje não é fácil fazê-lo nessas circunstâncias. Mas há que inventar outras. Há que fazer memória das obras de Deus já realizadas. Há que fazer memória daquelas que estão por realizar, e nos orientam para um futuro de glória: «Cumprirás, pois, as suas leis e os seus mandamentos, que eu hoje te prescrevo, para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e para que se prolongue a tua existência sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dará para sempre» (v. 40).

Fazer memória das obras de Deus é um meio para viver em união com Ele, para permanecer numa relação pessoal e íntima com Ele, que nos levam a renunciar ao egoísmo. Quem se volta para Deus, não se volta para si!

Em Jesus, o amor de Deus revelou-se de modo ainda mais generoso que no Antigo Testamento, pois se manifestou, não só por sinais e prodígios, mas também pagando pessoalmente, até ao cansaço, até ao sofrimento, até à morte e morte de cruz. Para permanecer no amor de Deus, revelado em Jesus Cristo, há que tomar a cruz e segui-l´O: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie
a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me» (v. 24). Com este paradoxo, Jesus dá-nos uma revelação decisiva sobre a recta orientação da nossa vida. As suas palavras são chave de compreensão a guardar no coração e na memória para alcançar uma renovada esperança que se apoia no anúncio da sua definitiva vinda gloriosa.

Fonte: De um texto rsumido e adaptado localmente de: <dehonianos.org/portal/liturgia>

Sem comentários:

Enviar um comentário