Sexta-feira – XVIII Semana – Tempo Comum – Anos
Ímpares
Primeira
leitura: Deuteronómio 4, 32-40
Hoje já
escutamos a conclusão do primeiro discurso de Moisés, que abre o livro do
Deuteronómio. Trata-se de um texto teológico, repleto de palavras-chave da
teologia do Antigo Testamento. É o
discurso da memória. O povo deve recordar
e transmitir tudo quanto viu e ouviu, deve ser testemunha viva de quanto
Deus fez por ele. Moisés recorda as maravilhas da criação. O povo escutou a voz
de Deus no fogo, viu com os seus próprios olhos a predilecção de Deus que o
escolheu e o libertou do Egipto com braço forte, no meio de sinais e prodígios.
Este Deus, poderoso e libertador, educa com a sua palavra, é um Deus cheio de
amor de predilecção por Israel, é um Deus fiel à sua promessa. O povo deve
corresponder com a sua fidelidade a Deus, que é único (cf. Dt 6, 4-9; 11,
13-21; Nm 15, 37-51); deve observar os seus mandamentos; deve transmitir a
memória das maravilhas de Deus. A fidelidade ao Senhor pode, pois, resumir-se a
recordar, celebrar, viver, três atitudes fundamentais na espiritualidade do
Antigo Testamento.
Evangelho:
Mateus 16, 24-28
Jesus fala dos que O pretendem seguir. A sorte dos discípulos não será
diferente da do Mestre (cf. 10, 24s.). E toda a atitude e toda a opção do
discípulo terá sentido na sua relação com o Mestre. A escala de prioridades e valores é definida pela relação com Jesus,
cujo percurso histórico marcado pelo sofrimento vivido no amor, será
assumido pelo discípulo (v. 24). Este experimentará o paradoxo de «perder para
encontrar», de «morrer para viver» (v. 25). As suas obras hão-de manifestar a
opção por Jesus como centro da sua existência. Tal opção será recompensada no
dia do juízo (v. 27). De facto, o Messias Sofredor é também o Juiz
escatológico. O Messias humilhado é também o Rei glorioso.
«Interroga
os tempos antigos que te precederam» (v. 32). Moisés convida o povo a fazer um
exercício de memória, para se dar conta do amor pessoal com Deus o tem amado, e
tem amado cada um dos seus membros. A história de Israel está gravada mais nos
corações do que nos livros. A grata memória das maravilhas de Deus renova-se
pela oração que acolhe a palavra e pelos salmos que, ruminados no íntimo de
cada um, alimentam o louvor de Deus. Por cada um dos eventos se pode repetir:
«É eterna a sua misericórdia». Em cada etapa progressiva se pode dizer, como na
noite da Páscoa: «Dayenû!», isto teria sido suficiente!
Para nós, homens e mulheres da pós-modernidade, de frágil e não convicta memória do passado, da experiência do efémero quotidiano, que parece cair constantemente no nada, a lição do “povo da memória” é preciosa: re-cor-dar, dar novamente ao coração, como necessária oxigenação teológica, a memória dos actos de Deus na nossa história pessoal e comunitária, é uma preciosa atitude espiritual. É o que dá consistência à nossa fé pessoal, que não pode limitar-se a repetir fórmulas aprendidas na catequese, mas que nasce da experiência viva do Deus vivo. Esta memória é também importante para a transmissão da fé às novas gerações. Outrora isso fazia-se à lareira, nas noites de Inverno, ou ao luar, nas noites de Verão. Hoje não é fácil fazê-lo nessas circunstâncias. Mas há que inventar outras. Há que fazer memória das obras de Deus já realizadas. Há que fazer memória daquelas que estão por realizar, e nos orientam para um futuro de glória: «Cumprirás, pois, as suas leis e os seus mandamentos, que eu hoje te prescrevo, para seres feliz, tu e os teus filhos depois de ti, e para que se prolongue a tua existência sobre a terra que o Senhor, teu Deus, te dará para sempre» (v. 40).
Fazer
memória das obras de Deus é um meio para viver em união com Ele, para
permanecer numa relação pessoal e íntima com Ele, que nos levam a renunciar ao
egoísmo. Quem se volta para Deus, não se volta para si!
Em Jesus, o
amor de Deus revelou-se de modo ainda mais generoso que no Antigo Testamento,
pois se manifestou, não só por sinais e prodígios, mas também pagando
pessoalmente, até ao cansaço, até ao sofrimento, até à morte e morte de cruz.
Para permanecer no amor de Deus, revelado em Jesus Cristo, há que tomar a cruz
e segui-l´O: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie
a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me» (v. 24). Com este paradoxo, Jesus dá-nos uma revelação decisiva sobre a recta orientação da nossa vida. As suas palavras são chave de compreensão a guardar no coração e na memória para alcançar uma renovada esperança que se apoia no anúncio da sua definitiva vinda gloriosa.
a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me» (v. 24). Com este paradoxo, Jesus dá-nos uma revelação decisiva sobre a recta orientação da nossa vida. As suas palavras são chave de compreensão a guardar no coração e na memória para alcançar uma renovada esperança que se apoia no anúncio da sua definitiva vinda gloriosa.
Fonte: De um texto rsumido e adaptado localmente de: <dehonianos.org/portal/liturgia>
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