S. Lourenço, Diácono e Mártir
Natural de
Huesca, na Península Ibérica, onde nasceu por volta do ano 230, Lourenço foi
acolhido em Roma pelo Papa Sixto II, que o fez arquidiácono. Serviu a igreja de
Roma durante a perseguição. Quando o Papa foi martirizado, com quatro dos seus
diáconos, a 6 de Agosto, recomendou-lhe a distribuição dos bens da igreja aos
pobres e profetizou-lhe o martírio, que aconteceu no dia 10 do mesmo mês. O
imperador Valeriano fê-lo queimar sobre uma grelha. Os seus restos mortais
repousam na basílica que lhe foi dedicada, S. Lourenço Fora dos Muros.
Primeira
leitura: 2 Coríntios 9, 6-10
São muitas
as formas de pobreza humana: a espiritual, a material, a cultural, a moral. Mas
qualquer uma delas pode ser ultrapassada
pela caridade. Deus é caridade e é o dador de todos os bens. As criaturas
são apenas seus instrumentos. Quanto mais generosos forem com os outros,
maiores favores receberão de Deus. Por isso, quem repartir com generosidade
recolherá com generosidade.
Evangelho:
João 12, 24-26
Quem vive em união com Cristo, entra
no dinamismo do seu amor, e torna-se uma só coisa com o Pai. Servir o Filho é reinar com Ele no
coração do Pai. Servir o Filho é associar-se a Ele na obra da redenção. O amor
pelo Pai e pelo homem levaram Jesus a entregar-se até à morte, até ao dom da
própria vida, para que todos tivéssemos vida. O grão de trigo, quando morre na terra, gera vida e torna-se
fecundo. O discípulo de Jesus é chamado a viver o mesmo mistério de morte
para gerar a vida e ser fecundo em favor dos seus irmãos.
S. Lourenço,
arquidiácono da igreja de Roma, no tempo do Papa Sisto II (séc. III), era a
segunda figura da hierarquia eclesiástica, logo após o Papa, e era natural que
lhe viesse a suceder. Sendo os diáconos os conselheiros e colaboradores do
Papa, num serviço idêntico ao que hoje prestam os cardeais da cúria romana, o
arquidiácono administrava os bens da Igreja: dirigia a construção dos
cemitérios, recebia as esmolas e conservava os arquivos. Em grande parte,
dependiam dele o clero romano, os confessores da fé, as viúvas, os órfãos e os
pobres. Quando o imperador o mandou entregar os bens da Igreja, Lourenço
apresentou-se diante do juiz com os pobres de Roma, e declarou: “Aqui estão os
tesouros da Igreja!”. O juiz mandou-o imediatamente torturar e executar. A sua
Passio (paixão) narra que, intimado a sacrificar aos deuses, respondeu:
“Ofereço-me a Deus em sacrifício de suave odor, porque um espírito contrito é
um sacrifício para Deus”. O Papa S. Dâmaso (+ 384) escreveu na inscrição que
mandou colocar na basílica que lhe é dedicada: “Só a fé de Lourenço conseguiu
vencer os flagelos do algoz, as chamas, os tormentos, as cadeias. Dâmaso suplicante
enche de dons estes altares, admirando os méritos do glorioso mártir”.
Ao fazer memória dos mártires do século XX, João Paulo II, ao comentar Jo 12, 25, dizia no Coliseu, a 7 de Maio do ano 2000: “Trata-se de uma verdade que o mundo contemporâneo muitas vezes recusa e despreza, fazendo do amor por si mesmos o critério supremo da existência. Mas as testemunhas da fé não consideravam a sua vantagem, o seu bem-estar, a sua sobrevivência como valores maiores que a fidelidade ao Evangelho. Apesar da sua fraqueza, opuseram corajosa resistência ao mal. Na sua debilidade refulgiu a força da fé e da graça do Senhor”. É o tesouro da Igreja na caridade suprema.
O Soberano e Senhor deu-te, ó mártir, como ajuda, o carvão em brasa: queimado por ele, tu rapidamente depuseste a tenda de barro e herdaste a vida e o reino imortais. Por isso, jubilosamente festejamos a tua memória, ó beatíssimo Lourenço coroado.
Resplandecendo pelo Espírito divino, como carvão em brasa, queimaste a sarça do engano, Lourenço vitorioso, arquidiácono de Cristo: por isso, foste oferecido em holocausto como incenso racional Àquele que te exaltou, atingindo a perfeição pelo fogo. Protege, pois, de toda a ameaça quantos te honram, ó homem de mente divina. (De um antigo texto da Igreja bizantina).
O imperador
furioso mandou despojar o santo dos seus vestidos e ordenou que lhe
dilacerassem o corpo com açoites e unhas de ferro. O mártir rezava, com o
sorriso nos lábios… À noite, o imperador mandou estendê-lo sobre uma grelha de
ferro sob a qual acenderam um fogo de carvões para o queimarem lentamente… O
mártir virando-se para o tirano disse-lhe: «Estes fogos não são para mim senão
refrigerantes, mas não será o mesmo daqueles que te atormentarão no inferno».
Ao carrasco, dizia heroicamente: «Não vês que a minha carne está bastante
grelhada deste lado, volta-me do outro». O santo, tendo rezado pela conversão
de Roma e agradecido a Deus pela graça do martírio, expirou serenamente… O
segredo desta coragem é o amor pelo Salvador. S. Lourenço desejava dar a Jesus
amor por amor e sacrifício por sacrifício. Era feliz por se imolar pela
conversão dos pagãos.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>
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