quarta-feira, 9 de agosto de 2017

~SUBSÍDIO PARA A REFLEXÃO NA V FEIRA DA XVIII SEMANA DO TEMPO COMUM



Quinta-feira – XVIII Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares

Primeira leitura: Números 20, 1-13.

O episódio da água que brota do rochedo por meio do golpe da vara de Moisés. Trata-se de um dos estilizados e paradigmáticos episódios da condução do povo através do deserto. Massa e Meribá significam literalmente lugar da murmuração e da prova. Moisés e Aarão, condutores de Israel, vêem-se, uma vez mais, envolvidos em murmurações por causa da falta de água. A acusação, no fundo, vai direita contra Deus. Por isso, também mais uma vez, Moisés e Aarão se voltam para o Senhor, na tenda da reunião, lugar visível da presença e proximidade de Deus. Mais uma vez, Deus se mostra condescendente e oferece uma solução miraculosa para a seca, ordenando a Moisés que percuta com a vara o rochedo, donde imediatamente brota água para saciar o povo e os seus rebanhos. Em relação a Ex 17, 7, o nosso autor acrescenta um pormenor, a dúvida de Moisés e de Aarão: «Porque vós não acreditastes em mim, para provardes a minha santidade diante dos filhos de Israel, por isso não introduzireis esta comunidade na terra que lhes vou dar.» (v. 12). Começa a desenhar-se a futura sorte de Moisés e Aarão.
O texto termina com uma afirmação importante: «os filhos de Israel discutiram com o Senhor e Ele lhes mostrou a sua santidade».
Israel experimentou tantas vezes a fidelidade de Deus, e as maravilhas que Ele fez em favor do seu povo. A fé, a fidelidade e
a confiança deste povo deviam estar preparadas para resistir a todas as provações. Mas o homem facilmente se esquece dos bens recebidos de Deus, especialmente quando não vê satisfeitas necessidades primárias como será a de comer e beber.
O povo de Deus está em clara revolta contra Moisés e, ao fim e ao cabo, contra Deus, porque sofre a sede e não encontra água para se saciar. A provação e a murmuração, a tentação e a revolta atingem os sentimentos humanos mais profundos e alastram com um contágio, como uma peste entre a população. Deus, sempre paciente connosco, deixa que a tentação nos prove e provoque. É por isso que, no Pai nosso, pedimos para não cair em tentação e, no limite, para que Deus não nos submeta à prova que é também um momento de verdade.
No deserto, como tantas vezes acontece connosco, Deus dá uma resposta válida, mas passageira. Deus nunca permite que sejamos tentados acima das nossas forças.
Evangelho: Mateus 16, 13-23
Quem é este homem a quem o vento e o mar obedecem? Quem é Jesus? Quem dizem os homens que Ele é? E, vós, quem dizeis que Eu sou? Pedro toma a palavra e responde em nome da comunidade dos discípulos: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo» (v. 16). Verificada a compreensão que os discípulos têm de Jesus, o Evangelho de Mateus dá uma volta decisiva. Se as obras e as palavras de Jesus tinham revelado a sua missão messiânica, de modo que o povo acreditasse n´Ele (vv. 13ss.), à excepção dos nazarenos (cf. 13, 53-58), os discípulos pela boca de Pedro, reconhecem também a sua natureza divina (v. 16). Pedro assume grande relevo nesta cena: se, por um lado, professa a fé no Filho de Deus, por outro lado recusa que Ele seja o Servo Sofredor (v. 21); se primeiro recebe de Jesus plena autoridade sobre a comunidade dos discípulos (vv. 18ss.), logo depois é chamado «Satanás» porque o seu ponto de vista se opõe ao de Deus, e é obstáculo para Jesus cumprir a vontade do Pai (v. 23).
As contradições que assinalam o discipulado de Pedro (cf. Mc 14, 26-31) evidenciam a obra da graça divina na fragilidade humana: é o mistério da Igreja, cujo chefe é tal, não por mérito próprio, mas porque Deus lhe confia o serviço que o faz referência para os irmãos. Só Deus é garantia de salvação da comunidade na luta do mal e da morte contra o bem e a vida (v. 18). A comunidade pode confiar em Pedro, porque as suas decisões serão assumidas por Deus (v. 19). Mas a salvação e a glória terão de passar pela cruz (v. 21).
O evangelho fala-nos da confissão de Pedro. Esta põe-nos na atitude certa da nossa adesão a Cristo, Filho de Deus vivo. À volta da fé de Pedro e dos seus sucessores tornamo-nos igreja, assembleia de Deus, fundada na fé em Cristo. Devemos crer a igreja e não só na igreja. Crer a igreja é acolhê-la como dom de Cristo, é amar a igreja. Sentir com a igreja é também senti-la como algo de nosso, de vivo. Poderá também suceder na nossa vida ter de sofrer pela igreja, e – quem sabe? – por causa da igreja. Que jamais percamos de vista o Senhor da igreja e não nos limitemos a indicar como prioridade a igreja do Senhor.

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