Segunda-feira– XVII Semana – Tempo Comum - Anos Ímpares
Primeira leitura: Êxodo 32, 15-24.30-34
O episódio do culto idolátrico do bezerro de ouro
liga-se ao da conclusão da aliança (Ex 24).
Moisés demora-se no monte, em diálogo com Deus (vv. 7-16). Ao descer, depara-se
com o bezerro de ouro e as danças cultuais do povo em honra dele. A sua reacção
é violenta: despedaça as tábuas da lei, funde o bezerro de ouro, redu-lo a pó, que
espalha na água e dá a beber aos filhos de Israel. Depois, pede contas a Aarão,
que atira as culpas para o povo. Moisés
faz, então, com que o povo tome consciência do seu pecado, se volte para Deus e
peça perdão. Deus responde com a habitual atitude de misericórdia,
garantindo a prossecução do seu projecto salvador, mas também anunciando o
castigo dos culpados.
Esta narrativa reflecte, não só a apostasia no tempo
do êxodo, mas também a decadência moral e religiosa do tempo dos reis de
Israel.
Aarão faz triste figura, não sabendo reagir
adequadamente ao mal do povo e consentindo na apostasia. Moisés, pelo
contrário, revela-se um verdadeiro profeta, um homem de Deus, que, com força e
fidelidade, testemunha e exige fidelidade a Deus. É como que uma consciência
que fala, denuncia o pecado e chama à conversão. Mas também se apresenta como
intercessor solitário e audaz diante de Deus, em favor do seu povo.
Para nosso ensinamento, é interessante notarmos o
contraste de atitudes e comportamentos de Aarão e de Moisés. Aarão torna-se
cúmplice da idolatria do povo. É ele mesmo que organiza as coisas e torna
possível a realização do bezerro de ouro e o seu culto. Mas, quando Moisés lhe
pergunta: «Que te fez este povo para o deixares cometer um tão grande pecado?»
(v. 21), Aarão desculpa-se e atira as culpas para o povo: «Tu próprio sabes
como este povo é inclinado para o mal. Disseram-me: ‘Faz-nos um deus`» (vv.
22-23).
Moisés, que, pelo contrário, não só não participou no pecado de
idolatria, mas até se irritou fortemente ao ver o bezerro de ouro e o povo em
festa, vai interceder diante de Deus, para que perdoe o pecado do mesmo povo.
Chega ao ponto de pedir a Deus que o apague do seu livro, caso não perdoe ao
povo: «Ah, este povo cometeu um grande pecado. Fizeram para si um deus de ouro.
Apesar disso, perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que
escreveste» (vv. 31-32).
Moisés, inocente, está disposto a sofrer o castigo dos
pecadores, a ser rejeitado por Deus: «apaga-me do livro que escreveste» (v.
32). É uma grande lição para nós, sempre dispostos a declarar que nada temos a
ver com o pecado dos outros. Ainda que não nos sintamos completamente
inocentes, recusamos ser castigados com os outros pecadores.
Como aqueles para os quais Jesus contou as parábolas
da dracma perdida, da ovelha perdida e do filho pródigo (Lc 16), julgamo-nos
bons e justos, agradáveis ao Senhor. Mas agradam ao Senhor aqueles que se
sentem solidários com os pecadores, que estão dispostos a carregar sobre si o
castigo que pende sobre eles. Foi essa a atitude de Moisés. Foi essa,
sobretudo, a atitude de Jesus: Ele, o Inocente, carregou sobre Si o pecado de
todos nós. Como afirma Paulo tornou-se «maldição» para nos livrar da maldição
do pecado (cf. Gl 3, 13).
É difícil aceitar sofrer o castigo merecido por outros. Tantos cristãos se revoltam quando sofrem, não se sentindo culpados de nada: «Que fiz eu a Deus para sofrer isto?» É mais correcto voltar-se para o Crucificado e, contemplando-O, rezar como Moisés: «Ah, perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que escreveste» (cf. vv. 31-32)».
A contemplação do Senhor crucificado
transforma-nos. Faz levedar os nossos pensamentos, projectos, atitudes,
esperanças, aspirações, relações. Leva-nos a dar-nos conta de que também nós
fabricamos alguns bezerros de ouro a quem prestamos culto.
A contemplação do
Senhor Crucificado transforma também a nossa convivência colectiva, para
vivermos e testemunharmos integralmente o Evangelho. Arrancando tudo o que, nas
nossas relações a todos os níveis, não está na direcção da «vida em abundância»
que Jesus veio trazer ao mundo (cf. Jo 10, 10), faz crescer tudo o que
contribui para essa vida.
O tema da solidariedade para com os pecadores fala de Cristo solidário com
os pecadores, convidando-nos à mesma solidariedade. Vivendo esta solidariedade, aproximamo-nos do mistério redentor de
Cristo, em harmonia com a «experiência de fé ».
Evangelho: Mateus 13, 31-35
As parábolas do grão de mostarda e do fermento
ilustram as características do Reino, acrescentando a desproporção entre os
seus começos, quase imperceptíveis, e o seu desenvolvimento extraordinário.
A Palavra de Deus geralmente é muito discreta. Se não
estivermos atentos, quase não se damos por ela. Mas, quando a acolhemos, tem
uma tal eficácia interna, que lança raiz e produz efeitos e frutos
surpreendentes. É o que acontece com a pequeníssima semente de mostarda: se
germina e ganha raiz, pode atingir a altura de três ou quatro metros. Um pouco
de fermento faz levedar uma grande quantidade de farinha, capaz de alimentar
multidões. A força interior e exterior
do Reino de Deus é tal que chega a transformar toda a vida do homem.
Fonte: resumo e
adaptação local de um texto de <dehonianos.org/portal/liturgia>
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