Terça-feira – XVII Semana Tempo Comum
Primeira
leitura: Êxodo 33, 7-11; 34, 5b-9.28
A leitura
que hoje escutamos é composta por dois pequenos textos que nos referem a
renovada aliança pelo Senhor, mediante um acto de renovação permanente do
culto. O Senhor, apesar do pecado do
povo, pela sua misericórdia e pelo seu amor, permanece junto do povo, graças a
Moisés. Este, pegou «na tenda da reunião», isto é, no lugar do culto, e
«foi colocá-la a certa distância do acampamento» (v. 7), como que a indicar que
Deus não pode conviver harmoniosamente com homens pecadores, apesar de estar
sempre disponível a perdoar-lhes. Todos os que reconheciam o seu pecado podiam
dirigir-se à tenda e falar com Deus, tal como o intercessor Moisés, quando
falava com o Senhor face a face, como amigo a amigo, e como Josué, que «não se
afastava do interior da tenda» (v. 11). Em resumo, Deus, que se revela a Moisés
como misericordioso, quer ensinar ao
seu povo que o verdadeiro lugar da
aliança não é o monte Sinai ou um qualquer outro lugar material, mas o
reconhecer-se pecador e o estar disposto a acolher a sua misericórdia, que se
manifesta nas situações concretas e por meio de homens e pessoas santas e
amigas de Deus.
O texto do
Êxodo, que hoje escutamos, já nos faz antever o projecto de Deus de habitar no
meio do seu povo, e de ter com cada um
de nós uma relação pessoal profunda. Esta intenção divina começa a
concretizar-se quando Moisés ergue a tenda e a chama «tenda da reunião». A
tenda é o lugar do encontro. O texto sagrado diz que Moisés «foi colocá-la a
certa distância do acampamento» (v. 7). Deus não podia habitar no meio do seu
povo, porque esse povo tinha pecado, tinha-se afastado dele, tinha caído na
idolatria. Portanto, a tenda estava distante. Mas era acessível: «todos aqueles
que desejavam consultar o Senhor iam à tenda da reunião» (v. 7). Mesmo fora do
acampamento, a tenda era o lugar do encontro de Deus com os homens e dos homens
com Deus. Mas esse encontro será permanente quando, como nos diz João, no seu
evangelho, o Verbo se fizer carne e habitar entre nós: «O Verbo fez-se homem e
veio habitar connosco» (Jo 1, 14). Na Incarnação, o Verbo de Deus, o Filho de
Deus, ergueu a sua tenda no meio das nossas tendas, tornou-se nosso vizinho e
companheiro. Podemos, agora, falar com Ele, não apenas como um homem fala a
outro homem, mas como um amigo fala ao seu amigo: «Já não vos chamo servos, …
mas chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai»
(Jo 15, 15).
Na nova
aliança, cada homem, cada um de nós, é chamado a esta relação pessoal, profunda
com Deus, uma relação, não só face a face, mas coração a coração. É um
privilégio que havemos de acolher com respeito, admiração, reconhecimento. A
Eucaristia oferece-nos a inaudita possibilidade de receber Jesus, o Filho de
Deus feito nosso irmão, nosso amigo, não só no meio de nós, mas dentro de nós,
para falarmos com Ele, escutá-l´O, deixar que guie to da a nossa vida e a encha
do seu amor.
Evangelho:
Mateus 13, 36-43
O Evangelho
oferece-nos várias parábolas para nos ensinar como é que Deus faz chegar a sua
Palavra aos homens. A parábola do joio no campo alerta-nos para a existência de
outro semeador: o semeador do mal. Onde Deus semeia, também Satanás semeia. A
acção do semeador do mal caracteriza-se por acontecer durante a noite, enquanto
os criados dormem. Durante o dia, não seria possível uma tal acção. A separação
entre o que é bom e o que é mau só terá lugar no momento da ceifa, isto é, no
dia do juízo final (cf. Mt 9, 37; Mc 4, 29; Jo 4, 35). Quando chega o tempo da
ceifa – não antes, para não arrancar também o trigo – o dono dirá aos ceifeiros
que cortem o trigo e o joio, e que os separem: o joio vai para queimar e o
trigo é guardado no celeiro.
Esta parábola parece querer que responder a uma
questão surgida nas primeiras comunidades: porque existem bons e maus cristãos
na Igreja? A resposta é: tanto Deus como Satanás semeiam a sua semente. Deus
tolera essa sementeira, e o crescimento e a maturação de ambas as sementes,
para dar aos maus oportunidade de conversão.
Pela
Incarnação, pela Eucaristia, o Filho do homem, semeou e semeia em nós essa «boa
semente». Há que impedir que o joio a sufoque. Há que deixá-la germinar,
crescer, frutificar.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de <dehonianos.org/portal/liturgia>
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