Quinta-feira –
XVII Semana – Tempo Comum – Anos Ímpares
Primeira leitura: Êxodo 40, 16-21.34-38
O nosso texto projecta sobre o santuário do deserto -objecto
portátil, que tinha por função representar a condução divina do povo na marcha
para a terra-, a imagem do templo de Jerusalém. Assim procura justificar o
ordenamento do culto da comunidade do segundo templo.
Moisés, em obediência a Deus, constrói a tenda, a
“Morada” do Senhor, e Deus vem estabelecer-se no meio do seu povo escolhido.
Depois do Sinai, é a tenda que constitui a comunidade da revelação de Deus com
os homens. Ela é o lugar ideal onde cada homem pode entrar em contacto com o
Senhor e dialogar com Ele. Deus opta por estabelecer
morada no meio do seu povo e comunicar com Moisés, mediador carismático.
O sinal visível do Deus invisível era a «nuvem», que
regulava as etapas do caminho do povo no deserto rumo à terra prometida. A
presença de Deus, que enchia a tenda do santuário, era chamada «glória», manifestação do amor salvífico de Deus no
seu poder e santidade.
Quanto nos conforta saber que Deus mora no meio do seu
povo e que a sua presença enche essa morada. Há uma presença geral de Deus em todas as coisas. Mas também há uma presença pessoal, que permite
dialogar com Ele. Deus quis estar assim presente no meio de nós. A morada, de
que nos fala a primeira leitura, é lugar de encontro e de segurança,
antecipação e prelúdio de uma outra tenda, a do Verbo de Deus. De facto, a
verdadeira morada de Deus no meio dos homens é Cristo.
A Virgem Maria
também se tornou morada de Deus na Incarnação, quando a sombra do Espírito a
cobriu e ficou cheia da glória do Senhor. Agora, a verdadeira morada, onde
havemos de permanecer, é Jesus.
Nos “discursos
de adeus”, que lemos no evangelho de João, volta esta palavra como consolação,
convite e promessa: «viremos a ele e nele faremos morada» (Jo 15, 23),
«permanecei em mim, e eu permanecerei em vós» (15, 4) e ainda: «permanecei no
meu amor» (15, 9).
É esta a esperança, o desejo profundo de todos quantos
O amam: permanecer n´Ele e ser sua morada, numa intimidade misteriosa mas muito
real com Ele, com o Pai e com o Espírito. Esta realidade realiza-se, sobretudo,
na Eucaristia. No sacrário, torna-se presente a nós «o Verbo feito carne»
porque, de facto «habita entre nós» (cf. Jo 1, 14).
No Antigo Testamento, Deus manifestava-se na nuvem que
vinha e ia, sem se poder tocar. Na plenitude dos tempos, manifestou-se em carne
visível, palpável, estável entre nós. Por isso, os apóstolos poderão dizer: «O
que vimos, ouvimos, contemplámos, relativamente ao Verbo da vida, isso vos
anunciamos…» (cf. 1Jo 1, 1-4). Depois da Ceia pascal, podiam acrescentar:
«comemos»: De facto, Jesus diz-lhes: «Tomai e comei…»; «Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue…». Na Eucaristia, a presença de Deus torna-se pessoal,
real, concreta, plenamente adaptada à nossa condição de seres incarnados.
Como os antigos hebreus, podemos dizer: «Que grande
nação tem a sua divindade tão próxima de si, como o Senhor está próximo de
nós?» (Dt. 4, 7). Verdadeiramente, diante do sacrário, podemos exclamar, como
João no Apocalipse: «Eis a morada de Deus entre os homens!» (Apoc 21, 3). Tudo
isto se realiza de modo muito concreto na comunhão eucarística, em que Cristo
vem a nós e nos une a Ele, ao Pai e ao Espírito Santo.
Para João, a
humanidade de Cristo será a nova tenda, o novo templo onde reside toda a
plenitude de sabedoria, graça e verdade, em que se manifesta a presença
perfeita do Emanuel, o Deus-connosco.
Evangelho: Mateus 13, 47-53
A parábola da rede que, lançada ao mar, «apanha toda a
espécie de peixes» (v. 47), aprofunda o significado da parábola do trigo e do
joio. É uma parábola eminentemente escatológica, pois se refere a realidades
que terão lugar nos últimos dias, no último dia. Como na rede se encontram
peixes bons e peixes ruins, assim também na Igreja há quem viva e acolha a
palavra de Jesus, e há quem a recuse ou permaneça indiferente. A separação, de uns
e de outros, acontecerá no fim dos tempos, e pertence a Deus fazê-la (vv.
47-50).
Entretanto, como na parábola do trigo e do joio, bons e maus têm de
conviver ou coexistir até ao fim. Só então se manifestará clara e
definitivamente quem é bom e quem é mau, quem confessou Cristo com o coração e
os lábios e quem o confessou só por palavras, quem pertence à comunidade dos
filhos de Deus e quem não pertence. Estes últimos terão a sorte dos peixes
ruins e do joio.
Fonte: resumo e
adaptação local de um texto de: <dehonianos.org.portal.liturgia>
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