Sexta-feira – XVII Semana –
Tempo Comum –
Anos Ímpares
Primeira leitura: Levítico 23, 1.4-11.15-16.34b-37
O texto refere-se ao ciclo litúrgico das diversas
festas anuais, ligado ao ambiente de Jerusalém e enquadrado na «Lei de
santidade». As festas hebraicas são vistas como assembleia do povo no lugar
santo, na presença do Deus três vezes santo, e lembram a sua sequência no ciclo
anual. A digna celebração das festas deve levar os indivíduos a sair da sua
auto-suficiência, inserindo-os numa vida com dimensão comunitária. Cada homem
pertence ao povo e é sua expressão e, por meio dele, pertence a Deus.
Os elementos fundamentais das festas de Israel são
especialmente dois:
a). O primeiro -a convocação da santa assembleia do povo-
cadência a vida do povo e faz-lhe reviver, particularmente na celebração
litúrgica, as maravilhas operadas por Deus na sua história;
b).o segundo - o
repouso do trabalho- afasta o povo
das coisas materiais e quotidianas para o introduzir no tempo forte de Deus,
onde toma conta do passar da vida e do seu significado de salvação.
A páscoa ocupa um lugar especial entre as festas: o Senhor,
que, todos os anos, oferece os frutos da terra e os animais, é o mesmo que
manifestou o seu poder salvador para libertar Israel. A festa da páscoa
funde-se com a dos ázimos para recordar a libertação da escravidão e a posse da
terra fértil.
A festa das semanas ou do Pentecostes celebra a colheita do trigo
e o dom da Lei.
A festa dos tabernáculos recorda a
vindima e ao mesmo tempo a passagem de Israel pelo deserto.
As festas cristãs inspiram-se nas festas hebraicas,
mas enriquecidas com o novo conteúdo cristão.
A primeira leitura insiste em falar das «festas do
Senhor». Fazer festa é importante para nós. Não fomos feitos para viver sempre
de modo banal, rotineiro. Fomos feitos para gozar da alegria do Senhor. Também
não fomos criados para ser escravos, mas livres. Mas devemos reconhecer que o
trabalho, com frequência, assume um aspecto servil, isto é, de escravidão.
Noutros tempos, havia escravos e homens livres. Infelizmente, ainda hoje, em
alguns lugares e situações, continua a haver escravos e pessoas livres. Muitas
«festas do Senhor» continuam subordinadas a certas necessidades escravizantes
do nosso mundo contemporâneo. A muitos cristãos não é reconhecido o direito de
praticar publicamente a sua religião, de celebrar as «festas do Senhor».
Mas Deus quer que os seus filhos possam viver, em
alegria e liberdade, dias de festa ao longo do ano. Já Moisés, a convite de
Deus, ordenou ao povo que não fizesse qualquer trabalho servil nas solenidades
do Senhor, para, na alegria, se encontrar com Ele e com os outros. No dia da
festa do Senhor, da «santa assembleia», é possível acolher-nos reciprocamente,
em relações abençoadas pelo Senhor e orientadas para a comunhão com Ele. Estas
relações, que orientam para o Senhor, são profundas, sinceras, verdadeiras, e
permitem amar-nos generosamente uns aos outros no Senhor.
As festas tornam-nos livres para darmos tempo ao
Senhor, para estarmos mais unidos a Ele na oração, no louvor, na exultação, e
fazem-nos mais disponíveis para com os outros, mais atentos a todos, mais
prontos a escutá-los, a partilhar na alegria, na liberdade e no amor.
A Igreja assumiu este desejo de Deus, e instituiu
muitas festas, para nos ajudar a criar um clima de alegria na novidade de vida
que Cristo nos deu com a sua morte e ressurreição. Todas as solenidades da
Igreja estão ligadas ao Mistério Pascal, para evidenciar que Cristo é centro,
princípio e fim de toda a realidade.
Evangelho: Mateus 13, 54-58.
Acabado o discurso das parábolas, Mateus introduz, no
seu evangelho, outro material narrativo que marca a progressiva separação entre
Jesus e Israel, e evidencia a formação específica dada ao grupo dos discípulos
(cf. Mt 13, 54-17,27).
O episódio de hoje refere-se à rejeição de Jesus pelos
seus conterrâneos. A apresentação “oficial” de Jesus na sinagoga da sua terra
redunda em completo fracasso. Após o assombro inicial, os seus conterrâneos
interrogam-se sobre a identidade de Jesus. A frase mais significativa de toda a
perícopa é: «estavam escandalizados por causa dele» (v. 57). O evangelho
introduz-nos, deste modo, no mistério de Jesus.
A atitude dos nazarenos é significativa de todos
aqueles que procuram compreender Jesus, partindo unicamente do que pode
saber-se sobre Ele: é da nossa terra, filho do carpinteiro, conhecemos a sua
família, estudou na nossa sinagoga…
Jesus foi incompreendido e desprezado, tal como o
foram os profetas… O mesmo sucederá com os seus discípulos. Paulo falará do
escândalo da cruz (Mc 14, 27.29; 1 Cor 1, 23). A sorte dos profetas, de Jesus, dos discípulos é sempre a mesma: ser
recusados, ser objecto de troça, de desprezo, de perseguição e, muitas
vezes, de morte violenta.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia>
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