sábado, 29 de julho de 2017

17º Domingo do Tempo Comum – Ano A



17º Domingo do Tempo Comum – Ano A

17º DOMINGO DO TEMPO COMUM

A liturgia deste domingo convida-nos a reflectir nas nossas prioridades, nos valores sobre os quais fundamentamos a nossa existência. Sugere, especialmente, que o cristão deve construir a sua vida sobre os valores propostos por Jesus.

A primeira leitura  81 Reis 3,5.7-129, apresenta-nos o exemplo de Salomão, rei de Israel. Ele é o protótipo do homem “sábio”, que consegue perceber e escolher o que é importante e que não se deixa seduzir e alienar por valores efémeros.

A Leitura sublinha a “qualidade” da resposta de Salomão: ele não pede riqueza nem glória, mas pede as aptidões necessárias e a capacidade para cumprir bem a missão que Deus lhe confiou. Salomão aparece aqui como o modelo do homem que sabe escolher as coisas importantes e que não se deixa distrair por valores efémeros.

Dizer que a súplica de Salomão “agradou ao Senhor” (vers. 10) é propor aos israelitas que optem pelos valores eternos, duradouros e essenciais.

Algumas pessoas e grupos procuram vender a ideia de que a realização plena do indivíduo está num conjunto de valores que decidem quem pertence à elite dos vencedores, dos que estão na moda, dos que têm êxito… Em muitos casos, esses valores propostos são realidades, materiais, secundárias, relativas. Quase sempre, por detrás da proposição de certos valores, estão interesses particulares e egoístas… 

O “sábio”, contudo, é aquele que está consciente destes mecanismos, que sabe ver com olhar crítico os valores que a moda propõe, que sabe discernir o verdadeiro do falso. O “sábio” é aquele que consegue perceber o que efectivamente o realiza e lhe permite levar a cabo a missão que lhe foi confiada:

Como é que eu me situo face a isto?
O que me seduz e que eu abraço é o imediato, o brilhante, o sedutor, na família ou na minha comunidade cristã?

A figura de Salomão interpela também todos aqueles que detêm responsabilidades na comunidade (seja em termos civis, seja em termos religiosos). Convida-os a uma verdadeira atitude de serviço: o seu objectivo não deve nunca ser a realização dos próprios esquemas pessoais, mas sim o benefício de toda a comunidade, a concretização do bem comum.

A segunda leitura (Rom 8,28-30), convida-nos a seguir o caminho e a proposta de Jesus. Esse é o valor mais alto, que deve sobrepor-se a todos os outros valores e propostas. O texto que nos é proposto como segunda leitura continua a reflexão de Paulo sobre o projecto de salvação que Deus tem para oferecer aos homens. Esse projecto não é um acontecimento casual, mas algo que, desde sempre, está previsto nos planos de Deus.

Aos que aderem a esse projecto, Deus chama-os a identificarem-se com o seu filho Jesus, liberta-os do egoísmo e do pecado e fá-los, com Jesus, chegar à vida nova e plena.

 Paulo fala “daqueles” que Deus “conheceu” de antemão, que “predestinou” para viverem à imagem de Jesus, que “chamou”, que “justificou” e que “glorificou”. O projecto salvador de Deus está aberto a todos aqueles que querem acolhê-l’O. O que Paulo sublinha aqui é que se trata de um dom gratuito de Deus e que esse dom está previsto desde toda a eternidade.

Este texto convida-nos a tomar consciência de que Deus nos ama, vem continuamente ao nosso encontro, aponta-nos o caminho da vida plena e verdadeira, desafia-nos à identificação com Jesus, convida-nos a integrar a sua família. 

Nós, os crentes, somos convidados a conduzir a nossa vida à luz desta realidade; e somos convocados a testemunhar, com palavras, com acções, com a vida, no meio dos irmãos que dia a dia percorrem connosco o caminho da vida, o amor e o projecto de salvação que Deus tem.

A vida plena está no acolhimento desse “valor mais alto” que é o seguimento de Jesus e a identificação com Ele. É esse o “valor mais alto”, o “tesouro” pelo qual eu optei de forma decidida no dia do meu baptismo? Tenho sido, na caminhada da vida, coerente com essa escolha?

No Evangelho  (Mt 13,44-52), recorrendo à linguagem das parábolas, Jesus recomenda aos seus seguidores que façam do Reino de Deus a sua prioridade fundamental. Todos os outros valores e interesses devem passar para segundo plano, face a esse “tesouro” supremo que é o Reino.

O texto pode ser dividido em três partes:

a).Na primeira parte: a questão principal é a da descoberta do valor e da importância do Reino. Os cristãos são, antes de mais, aqueles que encontraram algo de único, de fundamental, de decisivo: o Reino. Ora, quando alguém encontra um “tesouro” como esse, deve elegê-lo como a riqueza mais preciosa, o fim último da própria existência, o valor fundamental pelo qual se renuncia a tudo o resto e pelo qual se está disposto a pagar qualquer preço. O cristão é confrontado, a par e passo, com muitos valores e opções; mas deve aperceber-se de que o Reino é o valor mais importante.

b).Na segunda parte: a parábola de uma rede que, lançada ao mar, apanha diversos tipos de peixes (vers. 47-50).O Reino não é uma realidade fechadoa onde só há gente escolhida e santa, mas é uma realidade onde o mal e o bem crescem simultaneamente. Deus não tem pressa de condenar e destruir. Ele não quer a morte do pecador; por isso, dá ao homem o tempo necessário e suficiente para amadurecer as suas opções e para fazer as suas escolhas.

c).A terceira parte apresenta um breve diálogo entre Jesus e os discípulos (vers. 51-52). Ora, “compreender” significa “prestar atenção” e comprometer-se com o ensinamento proposto.
 Os cristãos são, pois, convidados a descobrir a realidade do Reino, a entender as suas exigências, a comprometerem-se com os seus valores

O cristão está permanentemente mergulhado num ambiente em que a força e o poder aparecem como o grande ideal; mas ele não pode deixar que o poder seja o seu objectivo fundamental, porque o Reino é serviço. O cristão faz a sua caminhada num mundo que exalta o orgulho, a auto-suficiência, a independência; mas ele já aprendeu, com Jesus, que o Reino é perdão, tolerância, encontro, fraternidade… O que é que comanda a minha vida? Quais são os valores pelos quais eu sou capaz de deixar tudo? 

Que significado têm as propostas de Jesus na minha escala de valores?

A decisão pelo Reino, uma vez tomada, não admite meias tintas, tibiezas, hesitações, jogos duplos. Escolher o Reino não é agradar a Deus e ao diabo, pactuar com realidades que mutuamente se excluem; mas é optar radicalmente por Deus e pelos valores do Evangelho. A minha opção pelo Reino é uma opção radical, sincera, que não pactua com desvios, com compromissos, com hipocrisias e incoerências?

Mais uma vez o Evangelho convida-nos a admirar os métodos de Deus, que não tem pressa nenhuma em condenar e destruir, mas dá tempo ao homem – todo o tempo do mundo – para amadurecer as suas opções e fazer as suas opções. 
Sabemos respeitar, com esta tolerância e liberdade, o ritmo de crescimento e de amadurecimento dos irmãos que nos rodeiam?

Fonte: resumo e adaptação de um texto de: <dehonianos.org/postal/liturgia>

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