TERÇA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA
27 Fevereiro 2018
Primeira leitura: Isaías 1, 10.16-20
o capítulo
primeiro de Isaías anuncia, de certo modo, a temática que irá ser desenvolvida
nos seguintes capítulos: o amor fiel de Deus a que o povo responde com a
infidelidade (w. 2-9); essa infidelidade atrai o castigo divino; mas não há
culpa que a misericórdia de Deus não possa perdoar; um pequeno
"resto" será salvo, e será raiz de vida nova.
Hoje escutamos
um ensinamento
profético contra o ritualismo, no quadro de uma demanda judicial (w.
10.19s.). A referência a Sodoma e Gomorra estabelece a ligação ao oráculo sobre
a infidelidade dos chefes de Judá e de Jerusalém (w. 4-9), e de todo o povo de
Israel, que atrai um castigo semelhante ao das duas cidades tristemente
célebres (cf. Gen 19; Dt 29, 22; 32,32).
Sem fidelidade à Lei divina, a
oração é ineficaz e o culto é inútil, e mesmo perverso. Mas, apesar da sua infidelidade, Israel continua a ser o destinatário da
Palavra de vida, e dons de Deus são irrevogáveis. Por isso, o profeta insiste
na necessidade de mudança, para acolher o perdão oferecido por Deus. Ainda é
possível escolher entre a bênção e a maldição (w. 19.20).
Evangelho: Mateus 23, 1-12
Jesus, depois
dos debates no templo, dirige-se à multidão e aos discípulos para continuar a
diatribe com os escribas e fariseus. Desmascara-lhes a incoerência (vv. 2- 4),
a ostentação e vanglória (vv. 5-7), e dirige-lhes os sete «Ai de vós» (vv.
13-36) que desembocarão no sentido lamento sobre Jerusalém (vv. 37-39). Por
outro lado, põe de sobreaviso os discípulos contra o vício da ambição (vv.
8-10), gangrena da comunidade já nos tempos em que foram redigidos os
evangelhos. O formalismo, a busca de prestígio pessoal, profanam a religião e
tornam-na idolátrica.
A conclusão não
pode ser deixar de escutar a Palavra proclamada por chefes incoerentes, mas
usar o discernimento para fazer o que eles dizem, e não fazer o que fazem.
Acima de tudo, há que ter o olhar bem fixo em Jesus, o verdadeiro Mestre, o
fiel intérprete do Pai.
A Igreja
faz-nos escutar, hoje, palavras fortes e reconfortantes: «Mesmo que os vossos
pecados sejam como escarlate, tomsr-se-êo brancos como a neve. (Is 1, 18).
Estas palavras caiem como bálsamo sobre a nossa ingratidão, superficialidade e
malícia. Deus, na sua paciente misericórdia continua disposto a perdoar-nos.
Disse que estas
palavras caiem como bálsamo sobre o nosso coração ferido pelo pecado. A palavra
de Deus fala-nos de neve. Como se torna bela uma paisagem coberta de neve! Mas
a palavra de Deus vai mais longe. Os nossos pecados não são apenas cobertos, do
modo que a neve cobre a terra. A sua misericórdia transforma-os em ocasião de
graça, em fonte de amor. Isaías diz-nos que os nossos pecados, ainda que sejam
escarlate, tornar-se-ão brancos como a neve. É essa a extraordinária maravilha
que Deus quer operar em nós, apagando todas as nossas manchas, mesmo as mais
horríveis, com um «detergente» muito especial, o sangue de Cristo, como nos diz
o Apocalipse: «lavaram as suas vestes no sangue do comem» (7, 14).
O sangue de
Cristo, derramado por nosso amor, é a nossa única garantia de purificação e de
salvação. Não é a simples observância exterior dos preceitos, com que, por
vezes, nos gloriamos, em vez de darmos glória ao Senhor. A nossa vida, o nosso
culto, como nos recomenda Isaías, hão-de ser expressão de que conhecemos o amor
de Deus e queremos corresponder de modo generoso e total à sua fidelidade para
connosco. Os sacrifícios e as ofertas nada valem, se o ouvido e o coração, seduzidos
pelo pecado, estão endurecidos e não reconhecem o amor misericordioso e fiel de
Deus para connosco. Só a Palavra de Deus, escutada pelo ouvido, descida ao
coração, guardada com amor, e praticada com simplicidade, nos torna sensíveis
ao amor de Deus e nos leva a corresponder-lhe com sinceridade de coração.
"De acordo
com o apelo premente do Senhor à conversão, procuramos discernir atentamente o
pecado nas nossas vidas; teremos a peito celebrar frequentemente o seu perdão
no sacramento da reconciliação" (Cst. 79). O sacramento da Reconciliação
permite-nos um muito particular acesso ao precioso sangue de Cristo, que nos
lava de todo o pecado, nos renova interiormente e nos torna capazes de
corresponder adequadamente ao amor fiel e misericordioso do nosso Deus.
Senhor Jesus,
Cordeiro imolado, eis-nos aqui, manchados pelas nossas culpas.
Derrama sobre
nós o teu sangue imaculado, para que nos purifique, renove e torne capazes de
correspondermos ao teu amor fiel e misericordioso. Tu que amas a santidade e
queres realizá-Ia em nós, lava-nos no teu sangue precioso e transformanos
interiormente. Faz-nos mais brancos do que a neve. Então, tendo experimentado o
teu amor, havemos de corresponder-lhe com uma vida de oblação generosa e total,
no louvor, na acção de graças, no testemunho, para que todos possam escutar as
maravilhas da tua misericórdia e dispor-se a acolhê-Ias, para também serem
transformados.
Já no Antigo
Testamento, Deus pedia ao seu povo a prática das obras de misericórdia, como
condição do perdão e da salvação. «Corrigi-vos, dizia em Isaías, purificai os
vossos pensamentos e os vossos corações, deixai de me ofender, mas também
aprendei a fazer o bem, sede justos, socorrei os oprimidos, fazei justiça às
viúvas e aos órfãos, e então podeis vir interpelar-me e reclamar de mim o vosso
perdão, e então, mesmo que as vossas almas fossem amarelas como o açafrão,
tornarse-iam brancas como a neve; e se fossem vermelhas como a púrpura,
tornar-se-iam brancas como a lã do cordeiro» (Is 1, 17).
Em que ponto me
encontro nesta virtude fecunda e redentora? Quais são os meus sentimentos a
respeito daqueles que me ofendem ou me ferem, daqueles que me criticam ou me
fazem sofrer? Que piedade tenho no coração por aqueles que penam e que sofrem? –
Quero fazer para mim uma lei da clemência e da misericórdia. A beneficência é o
sinal da aliança com Deus. Ajuda os pequenos e os pobres, diz o sábio, e a tua
esmola rezará por ti diante de Deus e afastará de ti todos os perigos (Eccli
29, 15). /47
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto
d “dehonianos.org/portal/liturgia”
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