QUARTA-FEIRA – 2ª SEMANA DA QUARESMA
28 Fevereiro 2018
Primeira leitura: Jeremias 18, 18-20
O versículo 18
situa o texto que hoje escutamos. Jeremias está novamente sob ameaça de morte
(cf. Jer 11, 18s.). Agora são os próprios chefes de Israel que tentam reduzi-lo
ao silêncio. Daí a dureza da invocação de vingança que, de acordo com a lei
vetero-testamentária de Talião, sai da boca do profeta. Mas o nosso texto omite
esses versículos, orientando-nos, sim, para a escuta do evangelho.
Jeremias é tipo do Servo sofredor (cf. Is 53, 8-10) e é perseguido por causa da
fidelidade à sua vocação e do seu amor ao povo. Jeremias abandona-se
confiadamente a Deus, de quem espera a salvação.
Tudo aquilo que
o profeta faz por amor do seu povo, e diz na sua oração, irá realizar-se de
modo perfeito no verdadeiro Servo sofredor, Jesus. Ele será morto pelos chefes
do povo. Mas não pedirá vingança a Deus; pedirá perdão para os seus inimigos, e
oferecerá livremente a vida em favor daqueles que O crucificam.
Evangelho: Mateus 20, 17-28
Jesus sobe a
Jerusalém consciente daquilo que lá O espera. Pela terceira, vez fala aos
discípulos da sua paixão. Fala claramente. Para espanto e confusão dos seus
contemporâneos, identifica-se com o Filho do homem, figura celeste e gloriosa
esperada para instaurar o reino escatológico de Deus, mas também se identifica
com outra figura, de sinal aparentemente oposto, a do Servo sofredor.
Os discípulos
não conseguem compreender e aceitar tais perspectivas e preferem cultivar as de
sucesso e poder (vv. 20-23). Jesus explica-lhes, mais uma vez, o sentido da sua
missão e o sentido do seguimento que lhes propõe: Ele veio para «beber o
cálic(!» (v. 22), termo que, na linguagem dos profetas, indica a punição divina
a reservada aos pecadores.
Quem aspira aos
lugares mais elevados no Reino, terá que, como Ele, estar pronto a expiar o pecado
do mundo. É mesmo o único privilégio que pode oferecer, porque não Lhe compete
distribuir lugares no Reino. Ele é o Filho de Deus, mas não veio para dominar.
Veio para servir como o Servo de Javé, oferecendo a sua vida em resgate para
que os homens, escravos do pecado e sujeitos à morte, sejam libertados.
À mãe dos
filhos de Zebedeu, que pensava que a vida vale pelos lugares que se ocupam na
sociedade, pelo poder de que se dispõe, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus
oferecem o exemplo de uma vida gasta no serviço, por amor.
Não é fácil
compreender uma tal perspectiva. Jesus vê-se na necessidade de, por três vezes,
preparar e anunciar aos discípulos a sua paixão, dizendo-lhes que será preso,
condenado, escarnecido, crucificado.
Mas eles continuam
a procurar satisfazer as suas ambições. Hoje, são os filhos de Zebedeu que, por
meio da mãe, tentam a sua sorte. Jesus tinha falado de humilhações. Eles pedem
honras, lugares de privilégio: sentar-se «um à tua direita e o outro à tua
esquerda, no teu Reino. (v. 21).
Isto mostra-nos
a necessidade da paixão. Só ela poderia mudar o coração do homem. Não eram
suficientes palavras, mesmo que fossem as de Jesus. A paixão de Jesus
revela-nos onde se encontra a verdadeira alegria, a verdadeira glória, a verdadeira
vida: servir, amar como Ele, até ao sacrifício da própria vida pelos outros
vistos como mais importantes do que nós mesmos. Isto pressupõe a humildade,
virtude que torna verdadeiro todo o gesto de amor e o liberta de equívocos, da
busca dos interesses. Foi o caminho do profeta Jeremias.
Só depois de o
percorrer, descobriu o seu verdadeiro significado. Por isso, gritava a Deus: «É
assim que se paga o bem com o met;» (v. 20).
Também no caminho espiritual de cada
um de nós, a provação é importante para nos transformar interiormente. Depois, dela já não ambicionamos a satisfação terrena que antes
procurávamos. E, se a vivemos unidos a Cristo, d ‘ Ele recebemos a força para
realizar o bem incondicionalmente, sabendo que não se perderá, mas que, a seu
tempo, dará fruto: depois da paixão e da morte, vem a ressurreição (cf. Mt 20,
18ss.). O serviço humilde, até ao fim, motivado pelo amor, conduz à vida, a
glória eterna.
O Espírito faz-nos superar o nosso
egoísmo ou amor de exigência e impele-nos para o amor oblativo;
faz-nos ultrapassar a busca dos interesses e comodidades pessoais, para actuar
conforme a justiça em relação a cada uma das pessoas e em relação à comunidade,
para não violarmos os seus direitos.
O Espírito impele-nos a dar-nos aos
outros, especialmente aos mais pobres e marginalizados, não
só com aquilo que temos, mas também com aquilo que somos: tempo, capacidades,
cultura, etc.
O Espírito leva-nos à vida de amor e serviço
desinteressado, mas também universal, porque deita por terra todas as barreiras
de raça, de cultura, de sexo:
"Todos os
que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem
grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um
só em Cristo’ (Gal 3, 27-28).
Obrigado Senhor Jesus, porque, com doçura e firmeza nos conduziste pelo caminho da cruz. Quando
nos apontas o Calvário, talvez nos escandalizemos como Pedro, talvez discutamos
entre nós sobre quem é o maior, talvez Te apresentemos pedidos de privilégio e
de poder.
Tem paciência connosco, diz-nos e repete-nos que a verdadeira grandeza está em servir e em dar a
vida pelos amigos e inimigos. Como bom pedagogo, conduz-nos pela mão pelas
várias etapas, rumo à vida, à alegria eterna.
Contigo saberemos passar pelas
provações, beber o cálice e aguardar a recompensa que só o Pai
nos destina e quer dar. O importante é aprendermos Contigo a amar e a servir
até dar a vida para que todos experimentem a graça da para redenção.
Tiago e João
tinham um ardor exuberante. Nosso Senhor formou-os. Para os advertir dos seus
defeitos, tratava-os como Tiago e João. Um dia propõem a Jesus que faça cair um
raio sobre toda uma cidade de Samaritanos que não tinha querido receber o
Salvador e os seus. «Não sabeis de que espírito sois, diz Nosso Senhor.
Deus é
paciente, espera os pecadores e trata-os com misericórdia». Noutro dia os dois
irmãos vêm com sua mãe pedir a Nosso Senhor o primeiro lugar no reino de Deus.
«Estas honras, diz Nosso Senhor, dependem dos desígnios da Providência; mas em
todo o caso, para ter um bom lugar no reino de Deus é preciso beber o cálice do
sacrifício».
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/pottal/liturgia”
Primeira leitura: Jeremias 18, 18-20
O versículo 18
situa o texto que hoje escutamos. Jeremias está novamente sob ameaça de morte
(cf. Jer 11, 18s.). Agora são os próprios chefes de Israel que tentam reduzi-lo
ao silêncio. Daí a dureza da invocação de vingança que, de acordo com a lei
vetero-testamentária de Talião, sai da boca do profeta. Mas o nosso texto omite
esses versículos, orientando-nos, sim, para a escuta do evangelho.
Jeremias é tipo do Servo sofredor (cf. Is 53, 8-10) e é perseguido por causa da
fidelidade à sua vocação e do seu amor ao povo. Jeremias abandona-se
confiadamente a Deus, de quem espera a salvação.
Tudo aquilo que
o profeta faz por amor do seu povo, e diz na sua oração, irá realizar-se de
modo perfeito no verdadeiro Servo sofredor, Jesus. Ele será morto pelos chefes
do povo. Mas não pedirá vingança a Deus; pedirá perdão para os seus inimigos, e
oferecerá livremente a vida em favor daqueles que O crucificam.
Evangelho: Mateus 20, 17-28
Jesus sobe a
Jerusalém consciente daquilo que lá O espera. Pela terceira, vez fala aos
discípulos da sua paixão. Fala claramente. Para espanto e confusão dos seus
contemporâneos, identifica-se com o Filho do homem, figura celeste e gloriosa
esperada para instaurar o reino escatológico de Deus, mas também se identifica
com outra figura, de sinal aparentemente oposto, a do Servo sofredor.
Os discípulos
não conseguem compreender e aceitar tais perspectivas e preferem cultivar as de
sucesso e poder (vv. 20-23). Jesus explica-lhes, mais uma vez, o sentido da sua
missão e o sentido do seguimento que lhes propõe: Ele veio para «beber o
cálic(!» (v. 22), termo que, na linguagem dos profetas, indica a punição divina
a reservada aos pecadores.
Quem aspira aos
lugares mais elevados no Reino, terá que, como Ele, estar pronto a expiar o pecado
do mundo. É mesmo o único privilégio que pode oferecer, porque não Lhe compete
distribuir lugares no Reino. Ele é o Filho de Deus, mas não veio para dominar.
Veio para servir como o Servo de Javé, oferecendo a sua vida em resgate para
que os homens, escravos do pecado e sujeitos à morte, sejam libertados.
À mãe dos
filhos de Zebedeu, que pensava que a vida vale pelos lugares que se ocupam na
sociedade, pelo poder de que se dispõe, o profeta Jeremias e, sobretudo, Jesus
oferecem o exemplo de uma vida gasta no serviço, por amor.
Não é fácil
compreender uma tal perspectiva. Jesus vê-se na necessidade de, por três vezes,
preparar e anunciar aos discípulos a sua paixão, dizendo-lhes que será preso,
condenado, escarnecido, crucificado.
Mas eles continuam
a procurar satisfazer as suas ambições. Hoje, são os filhos de Zebedeu que, por
meio da mãe, tentam a sua sorte. Jesus tinha falado de humilhações. Eles pedem
honras, lugares de privilégio: sentar-se «um à tua direita e o outro à tua
esquerda, no teu Reino. (v. 21).
Isto mostra-nos
a necessidade da paixão. Só ela poderia mudar o coração do homem. Não eram
suficientes palavras, mesmo que fossem as de Jesus. A paixão de Jesus
revela-nos onde se encontra a verdadeira alegria, a verdadeira glória, a verdadeira
vida: servir, amar como Ele, até ao sacrifício da própria vida pelos outros
vistos como mais importantes do que nós mesmos. Isto pressupõe a humildade,
virtude que torna verdadeiro todo o gesto de amor e o liberta de equívocos, da
busca dos interesses. Foi o caminho do profeta Jeremias.
Só depois de o
percorrer, descobriu o seu verdadeiro significado. Por isso, gritava a Deus: «É
assim que se paga o bem com o met;» (v. 20).
Também no caminho espiritual de cada
um de nós, a provação é importante para nos transformar interiormente. Depois, dela já não ambicionamos a satisfação terrena que antes
procurávamos. E, se a vivemos unidos a Cristo, d ‘ Ele recebemos a força para
realizar o bem incondicionalmente, sabendo que não se perderá, mas que, a seu
tempo, dará fruto: depois da paixão e da morte, vem a ressurreição (cf. Mt 20,
18ss.). O serviço humilde, até ao fim, motivado pelo amor, conduz à vida, a
glória eterna.
O Espírito faz-nos superar o nosso
egoísmo ou amor de exigência e impele-nos para o amor oblativo;
faz-nos ultrapassar a busca dos interesses e comodidades pessoais, para actuar
conforme a justiça em relação a cada uma das pessoas e em relação à comunidade,
para não violarmos os seus direitos.
O Espírito impele-nos a dar-nos aos
outros, especialmente aos mais pobres e marginalizados, não
só com aquilo que temos, mas também com aquilo que somos: tempo, capacidades,
cultura, etc.
O Espírito leva-nos à vida de amor e serviço
desinteressado, mas também universal, porque deita por terra todas as barreiras
de raça, de cultura, de sexo:
"Todos os
que fostes baptizados em Cristo, vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem
grego; não há servo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos vós sois um
só em Cristo’ (Gal 3, 27-28).
Obrigado Senhor Jesus, porque, com doçura e firmeza nos conduziste pelo caminho da cruz. Quando
nos apontas o Calvário, talvez nos escandalizemos como Pedro, talvez discutamos
entre nós sobre quem é o maior, talvez Te apresentemos pedidos de privilégio e
de poder.
Tem paciência connosco, diz-nos e repete-nos que a verdadeira grandeza está em servir e em dar a
vida pelos amigos e inimigos. Como bom pedagogo, conduz-nos pela mão pelas
várias etapas, rumo à vida, à alegria eterna.
Contigo saberemos passar pelas
provações, beber o cálice e aguardar a recompensa que só o Pai
nos destina e quer dar. O importante é aprendermos Contigo a amar e a servir
até dar a vida para que todos experimentem a graça da para redenção.
Tiago e João
tinham um ardor exuberante. Nosso Senhor formou-os. Para os advertir dos seus
defeitos, tratava-os como Tiago e João. Um dia propõem a Jesus que faça cair um
raio sobre toda uma cidade de Samaritanos que não tinha querido receber o
Salvador e os seus. «Não sabeis de que espírito sois, diz Nosso Senhor.
Deus é
paciente, espera os pecadores e trata-os com misericórdia». Noutro dia os dois
irmãos vêm com sua mãe pedir a Nosso Senhor o primeiro lugar no reino de Deus.
«Estas honras, diz Nosso Senhor, dependem dos desígnios da Providência; mas em
todo o caso, para ter um bom lugar no reino de Deus é preciso beber o cálice do
sacrifício».
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/pottal/liturgia”
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