quarta-feira, 22 de agosto de 2018

QUARTA-FEIRA – SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 22 AGOSTO 2018

QUARTA-FEIRA – SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 22 AGOSTO 2018 Primeira leitura: Ezequiel, 34, 1-11 Ezequiel abre, hoje, uma nova perspectiva aos cativos de Babilónia. Depois de interpelar duramente os reis, e todos os que exerceram algum cargo em Israel, considerados culpados pela queda de Jerusalém, e pela deportação, o profeta dá aos exilados a boa notícia de que o próprio Deus irá cuidar do seu povo: «Eis que Eu mesmo cuidarei das minhas ovelhas e me interessarei por elas» (v. 11). Procura, assim, reacender neles a esperança, exortando-os à confiança e à fidelidade a Deus, que permanece fiel. Os últimos governantes de Israel – reis, sacerdotes, anciãos, etc. – não foram fiéis à sua missão. Deixaram-se conduzir pelo egoísmo, abusando do poder e explorando o povo em proveito próprio. «Ai dos pastores de Israel, que se apascentam a si mesmos!», era o grito acusador do profeta. Apascentavam-se a si mesmos, em vez de se porem ao serviço do rebanho, para o defender das feras, o guiar a boas pastagens, procurar as ovelhas perdidas e cuidar das fracas (vv. 3s.). E sobreveio a tragédia: a queda de Jerusalém, o exílio. Agora, Deus pede-lhes contas pelos danos causados e vai retirar-lhes o poder sobre o povo, encarregando-se, Ele mesmo, de cuidar delas. Evangelho: Mateus, 20, 1-16a «Muitos dos primeiros serão os últimos, e muitos dos últimos serão os primeiros», afirmou Jesus (Mt 20, 16ª). A parábola de hoje, esclarece esta afirmação. Esta parábola, contada por Jesus com tanta vivacidade, é um aviso ao povo de Irael, o primeiro a ser chamado, para que se alegre com o surpreendente uso que o Senhor faz da liberdade em relação aos «últimos», os pagãos, os publicanos, os pecadores. Mas é também um aviso a nós, cristãos de hoje, para que nos convertamos aos critérios de Deus. Não são os ricos e poderosos que entram, ou têm precedência no reino de Deus, mas os pobres e fracos. O reino de Deus não se conquista por méritos próprios, mas é um dom gratuito, a acolher com humildade e gratidão. Já pelo profeta Isaías, Deus avisara: «Os meus planos não são os vossos planos,os vossos caminhos não são os meus caminhos – oráculo do Senhor. Tanto quanto os céus estão acima da terra, assim os meus caminhos são mais altos que os vossos, e os meus planos, mais altos que os vossos planos» (Is 55, 8-9). Se ao jovem rico era exigido um salto de qualidade, a todos é pedido que se desembaracem da própria justiça, baseada em cálculos exactos, para usufruir da bondade infinita de Deus e da superabundância da sua graça. A imagem do pastor e do rebanho é frequente no Médio Oriente. Ainda que a criação de ovelhas não seja para benefício delas, mas dos homens, cria-se entre o pastor e o rebanho uma relação onde não falta o afecto e a dedicação. É baseando-se nessa relação que a Bíblia exorta os reis e chefes do povo a servir bem o seu rebanho. Na primeira leitura escutamos as invectivas de Ezequiel contra os pastores de Israel, «que se apascentam a si mesmos», em vez de «apascentarem o rebanho?» Pela boca do profeta, Deus repreende os pecados de egoísmo dos pastores que, em vez de cuidarem do rebanho, buscam vantagens para si, leite, isto é, vantagens materiais, e lã, isto é, honras segundo a interpretação que S. Agostinho faz deste texto. Mas Deus também censura os pecados de omissão, o desleixo e a preguiça: «não tratastes das que eram fracas, não cuidastes da que estava doente, não curastes a que estava ferida; não reconduzistes a transviada; não procurastes a que se tinha perdido» (v. 4). A irresponsabilidade dos pastores leva Deus a pronunciar um juízo severo e radical: «Aqui estou Eu contra os pastores! Vou tirar as minhas ovelhas das suas mãos, e não permitirei que apascentem mais as minhas ovelhas; e eles não se apascentarão mais a si mesmos» (v. 10). Esta profecia atingirá a sua máxima realização em Jesus, o Bom Pastor, que veio para servir e não para ser servido, que chegou ao extremo de dar a vida pelo seu rebanho. S. Pedro convida os que dirigem a Igreja, os presbíteros, a serem, como Cristo, bons pastores: «Apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, governando-o não à força, mas de boa vontade, tal como Deus quer; não por um mesquinho espírito de lucro, mas com zelo; não com um poder autoritário sobre a herança do Senhor, mas como modelos do rebanho» (1 Pe 5, 2-3). O verdadeiro apóstolo deve actuar com generosidade, desinteresse e humildade. Mas todo o cristão deve evitar as atitudes denunciadas por Ezequiel e seguir o exemplo de Cristo e de Pedro. O evangelho revela-nos o coração grande do nosso Deus, que nos ama com absoluta gratuidade. É também com um coração grande que havemos de O acolher e anunciar. Senhor, dá-nos um coração grande para amar. Dá-nos um coração capaz de ver a grandeza, encontrar a beleza e saborear a bondade de tudo quanto criastes. Dá-nos um coração capaz de se admirar, de louvar e de agradecer. Dá-nos um coração onde haja espaço para as alegrias e os sofrimentos dos irmãos. Dá-nos um coração capaz de abarcar a história, e de guardar na meditação os acontecimentos, como Maria. Dá-nos um coração, onde possas habitar, Tu, nosso Deus, imenso e cheio de generosidade. Fonte: adaptação local de um texto de Fernando Fonseca em: “dehonianos.org/portal/liturgia”.

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