TERÇA-FEIRA – XII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES. 26 JUNHO 2018
Primeira leitura: 2 Reis 19, 9b,-11.14-21.31-35ª.36
A narrativa bíblica
prossegue, falando da massiça imigração de cinco estirpes estrangeiras e
idólatras para a Samaria. Esta imigração
provocou um forte sincretismo: «Aqueles povos adoraram o Senhor, mas honraram
ao mesmo tempo os seus ídolos. Ainda hoje, os seus filhos e os seus netos
procedem como fizeram os seus pais» (2 Rs 17, 41).
O mesmo não acontecia
em Judá, onde reinava Ezequias, piedoso javista (716-681), que conseguiu salvar
Jerusalém, aceitando a vassalagem perante a Assíria (2 Rs 18, 13ss.). Mas, em
Jerusalém, era forte a reacção anti-Assíria, que contando com o apoio do
Egipto.
O nosso texto
litúrgico refere a carta do rei da Assíria, Senaquerib (704-681), com ameaças a
Ezequias. Isaías, profeta fortemente apaixonado por Jerusalém, a cidade onde
nascera, intervém com um longo cântico que inclui um oráculo divino e anuncia a
derrota de Senaquerib: uma peste, ou alguma insurreição em Nínive, obriga-o a
levantar o cerco. O povo interpreta o facto como um milagre, confirmando a sua
crença na inviolabilidade da cidade, por causa do templo, onde se mostrava
presente a Glória de Deus.
Evangelho: Mateus 7, 6.12-14
Mateus apresenta-nos
dois provébios de difícil compreensão, por várias razões: vêm logo depois de
Jesus nos ter proibido julgar os outros e nos ter mandado aplicar a medida com
moderação, compreensão e perdão; não encontramos provérbios paralelos na
literatura judaica que nos ajudem a compreender estes; apenas lemos no Talmud:
«não entregueis a um pagão as palavras da Lei» e «não coloqueis coisas santas
em lugares impuros», mas não ajudam muito no nosso caso. Os sacrifícios
oferecidos no templo eram chamados «santos»; as pérolas, sob o ponto de vista
comercial, eram preciosas. As palavras «santo» e «pérolas» provavelmente
indicavam o Evangelho, a Boa Nova. Os «cães» e os «porcos», por sua vez, não
eram os pagãos, como alguns dizem, mas todas aqueles que, pagãos ou não,
desprezavam a Boa Nova, tal como os porcos desprezam as pérolas.
O evangelista aponta,
depois, a regra de ouro: «o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o
também a eles» (v.12). Este princípio encontra-se noutras religiões,
nomeadamente no judaísmo. Mas com uma diferença: no judaísmo é formulado
negativamente: «Não faças aos outros o que não queres que te façam a Ti» É uma
diferença importante, porque, «não fazer» é sempre algo negativo. Mas a maior
diferença é que Jesus eleva essa regra a princípio universal.
Depois, Jesus cita os
provérbios das duas portas e do dois caminhos, usados entre os moralistas da
época para indicar o caminho da virtude, estreito e difícil, e o do vício,
espaçoso e fácil. Mas Jesus introduz uma mudança: a porta e o caminho
estreitos, da renúncia, do seguimento, da cruz, levam à vida; a porta e o
caminho espaçosos, da satisfação dos apetites desordenados, levam à perdição.
Há que escolher.
Perante o assédio do
forte exército do rei da Assíria, à sua capital, o piedoso rei de Judá Ezequias
desabafa a sua aflição junto do Senhor, no templo de Jerusalém. O Senhor
escuta-o, e manda o profeta Isaías avisá-lo da próxima libertação:
«Oráculo do Senhor –
proclama o profeta em nome de Deus -: defenderei esta cidade e salvá-la-ei por
amor de mim e de David, meu servo» (v. 34).
Nessa mesma noite, o
Anjo do Senhor flagela o acampamento dos assírios, que levantam o cerco a
Jerusalém. Assim se revela a misericórdia de Deus para com a sua cidade e para
com o seu povo.
No evangelho, Jesus
diz-nos que a salvação é difícil, que não se chega a ela por caminhos espaçosos
e cómodos, mas entrando pela «porta estreita» (v. 14).
Vivemos a Nova
Aliança. Jesus é a porta para a salvação. E não há outra! «Em verdade, em
verdade vos digo- diz Jesus -: Eu sou a porta das ovelhas… Eu sou a porta. Se
alguém entrar por mim estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem» (Jo
10, 7.9).
Uma porta estreita,
porque o nosso Deus é um Deus crucificado e não há lugar a compromissos, se O
quisermos seguir. Uma porta estreita, mas que leva à vida, por um caminho
estreito, onde Ele caminha connosco, onde, Ele próprio, se faz «caminho».
Caminhando com Ele, as asperezas da viagem não nos estreitam o coração, mas
dilatam-no, como aconteceu com os discípulos de Emaús.
«Vós permanecestes
comigo», diz-lhes Jesus. Apressa-se a louvar a constância que eles mostraram,
seguindo-o com perseverança através das dificuldades do apostolado e das
contradições dos escribas e dos fariseus. Acaba de os repreender por causa dos
seus desejos ambiciosos, levanta-os e mostra-lhes o céu… «Porque permanecestes
comigo, estareis sentados sobre tronos».
Meu Deus, quero permanecer convosco. «Que os outros procurem em vez de vós tudo o que quiserem; nada me agrada nem me agradará senão vós, ó meu Deus, que sois a minha esperança e que deveis ser a minha beatitude, em toda a eternidade» (Imitação, l. 3, c.31).
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