SEGUNDA-FEIRA –
XII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 25 JUNHO 2018
Primeira leitura: 2 Reis 17, 5-8.13-15ª.18
Os reinos de Israel e de Judá, depois da morte de
Eliseu (2 Rs 13, 14ss.), passaram por diversas vicissitudes, num crescendo de
dificuldades que irão culminar com a deportação para Babilónia (2 Rs 12-16).
A tomada de Samaria, capital de Israel (722), pelo rei
da Assíria, depois de três anos de cerco, suscita nos autores deuteronomistas
uma reflexão sapiencial. Submetem a história a um exame e concluem que,
sobretudo a partir da monarquia, o povo, com os reis à cabeça, se precipitava
para a ruína, devido à sua infidelidade a Deus, que era cada vez maior.
O texto integral mostra bem a gravidade do cisma
religioso e do sincretismo em que Israel mergulhou. À infidelidade do povo, não
podia não corresponder a recusa de Deus.
Evangelho: Mateus 7, 1-5
Na base dos provérbios que o evangelho hoje nos
apresente, e noutros semelhantes, está o princípio da retribuição, que se apoia
numa norma de paridade: o mesmo que fizeres aos outros, te farão a ti.
Desperta-nos a atenção o passivo dos verbos: «sereis julgados», «sereis
medidos». Estamos perante o chamado passivo divino. O sujeito destes verbos é
Deus. Na forma activa, diríamos: Deus vos julgará, vos medirá. Sendo assim,
trata-se de uma verdadeira ameaça. Quem pode resistir ao julgamento ou à medida
de Deus?
Se virmos bem, Jesus não nos proíbe julgar e medir os
outros, mas ensina-nos como fazê-lo. A medida do juízo divino será igual à que
usarmos nos nossos julgamentos humanos. Na antiguidade, a medida com que se
media a cessação de um bem, era a mesma que assegurava a sua restituição. Os
rabinos, por sua vez, ensinavam que Deus Se servia de um duplo critério de
juízo: a justiça e a bondade.
O convite a não julgar forma como que uma espécie de
refrão no Novo Testamento. O próprio Cristo Se apresenta como aquele que não
vem julgar, mas salvar (Jo 3, 7; cf. Jo 8, 11; Lc 23, 34). Paulo também nos
previne contra o risco de fazermos julgamentos: «ao julgares o outro, a ti
próprio te condenas».
O juízo de Deus pode demorar. Mas não faltará. A
catástrofe das tribos do reino do Norte é consequência do juízo de Deus,
motivado pela infidelidade à Aliança, apesar dos repetidos avisos dos profetas.
Há, pois, que temer o juízo de Deus.
O evangelho ensina-nos a não julgar os outros,
deixando esse encargo a Deus, ou a julgá-los como gostaríamos nós mesmos de ser
julgados: «Não julgueis, para não serdes julgados; pois, conforme o juízo com
que julgardes, assim sereis julgados; e, com a medida com que medirdes, assim
sereis medidos» (vv. 1-2).
A nossa única preocupação em relação ao próximo há-de
ser ajudá-lo. Tarefa difícil, uma vez que, muito frequentemente, temos de
julgar, de discernir o que é bom e o que é mau. Mas o nosso julgamento há-de
limitar-se aos actos, e não às intenções. Só Deus, que sonda os corações, pode
condenar ou justificar alguém.
Quando nos pomos a julgar os outros, facilmente
pecamos. É – para usar as palavras de Jesus – como se puséssemos uma trave na
vista. Assim faziam os fariseus, que orgulhosamente se julgavam diferentes dos
outros, e mesmo superiores. Criticavam as acções dos outros e não viam o
egoísmo e a soberba que lhes enchia o coração, a pesada trave que os separava
dos outros, e de Deus.
Facilmente somos tentados a julgar os outros. Mas Deus
convida-nos à misericórdia e à solidariedade: «Carregai as cargas uns dos
outros e assim cumprireis plenamente a lei de Cristo», escreve Paulo aos
gálatas (6, 2). Quando estamos dispostos a fazer isto, que o Apóstolo
recomenda, não criticamos: ajudamos.
Fonte:
adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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