quinta-feira, 28 de junho de 2018

QUINTA-FEIRA – XII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - TEMPO COMUM – ANOS PARES

QUINTA-FEIRA – XII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - TEMPO COMUM – ANOS PARES

Primeira leitura: 2 Reis 24, 8-17

A Assíria, que se aliou ao Egipto, para fazer frente ao expansionismo babilónio, diminuiu a sua ameaça sobre Jerusalém. Mas surgiu a ameaça da própria Babilónia. Tendo caído Nínive, capital da Assíria, Nabucodonosor tornou-se rei da Babilónia. Na Primavera de 598, apoderou-se do fraco reino de Joiaquim, expugnando Jerusalém, e procedendo a uma primeira deportação, que envolveu o profeta Daniel. Sedecias substituiu o fraco Joiaquim como rei de Judá. É nesta época que actua o profeta Jeremias (cf. Jr 22, 13-17). 

Como sempre acontece, o autor sagrado liga os dramas do povo à sua infidelidade à aliança (cf. v. 9). O profeta de Anatot em vão tinha apelado à conversão. O mal do povo tornou-se tão grande, que Jeremias chegou a perder as esperanças (Jr 5, 1-3).

Evangelho: Mateus 7, 21-29

Ao concluir o Sermão da Montanha, Jesus previne contra a presunção de se salvar apenas pela invocação do nome divino, ou em virtude de acções carismáticas, sem as acompanhar com uma vida coerente, com a prática da caridade, ainda que sejam expressão da própria fé.

Não se pode ficar pelo «dizer»; há que «fazer».

Notemos também que a referência, no juízo final, será sempre Cristo: «me dirão», «minhas palavras» (cf. Mt 25). Também é significativa a acentuação de «muitos»: «muitos me dirão…». «Então, dir-lhes-ei»: no texto original, lê-se: «Então declararei», numa clara alusão ao «dia do Senhor», ao dia do juízo. 

Quando Cristo declara que não conhece (como na parábola das virgens insensatas: Mt 25, 12) tais «tais praticantes da iniquidade» (cf. Mt 13, 14; 24, 12), onde encontramos o mesmo termo), utiliza a fórmula judaica de excomunhão do mestre, que implicava uma suspensão temporária do discípulo.

O Sermão da Montanha repõe o esquema de bênçãos e maldições diante das quais era colocado o povo da Aliança (Lv 26, Dt 28) e termina com a expressão «e grande foi a sua ruína» (Mt 7, 27), que contrasta com as palavras de abertura: «Felizes…» (Mt 5, 2ss.). 

Finalmente, Cristo fala de duas maneiras de escutar a Palavra: de modo superficial e descomprometido, ou de modo atento e eficaz. Fala também das consequências de escutar de um ou de outro modo.

Estamos a viver o tempo comum da Liturgia. Enquanto o tempo do Advento ao Pentecostes representa o tempo de Jesus, em que Ele realiza historicamente a nossa redenção, o tempo comum representa o tempo da Igreja, porque nele se constrói a mesma Igreja, Corpo de Cristo, que continua no mundo a obra salvífica de Jesus e prolonga a sua incarnação. É neste tempo que os homens são chamados a entrar na Igreja pelo baptismo, e a crescer nela pelos sacramentos e pelo empenhamento pessoal até alcançarem a plena estatura de Cristo, o estado de adultos na fé. É, pois, o nosso tempo, em que havemos de construir o nosso destino eterno, o tempo para nos realizarmos como homens e como cristãos.

Jesus fala deste tempo com a imagem da casa, que pode ser construída sobre a rocha ou sobre a areia. A imagem é clara e eficaz. Enquanto a primeira resiste aos ventos e às enxurradas, a segunda fica reduzida a um monte de ruínas. Ambos os construtores conheceram Jesus e ouviram a sua palavra. Mas, enquanto um a põe em prática, o outro não. Um faz a vontade do Pai. O outro limita-se a dizer: «Senhor! Senhor!» (v. 22). 

O evangelho de hoje apela para a coerência da nossa vida de cristãos. Com estas parábolas, Jesus não nos deixa ilusões. A porta do Reino só se abre para aqueles que fizeram a vontade do Pai. A rocha representa essa vontade. Sobre ela, pode construir-se uma casa bonita, acolhedora e forte.
A vontade de Deus não é algo de abstracto, porque se «fez carne» e, em certo sentido, se materializou em Jesus Cristo. 
Por isso, Paulo escreve: «estais edificados sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus» (Ef 2, 20). Pedro também fala de Jesus como pedra angular (1 Pe 2, 5-6). Construir sobre a rocha quer dizer construir a própria vida sobre Jesus, sobre a sua Palavra, sobre a sua Pessoa. 

Este convite à “escuta” já estava expresso na famosa «shemá» («escuta…»), com que o piedoso israelita manifestava a Deus a sua fé, a adesão da sua vontade e a oblação da sua própria vida, cumprindo a Palavra de Deus:
«Escuta, ó Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda as tuas forças. Estes mandamentos que hoje te imponho, serão gravados no teu coração. Ensiná-los-ás aos teus filhos…» (Dt 6, 4-7).
Assim Deus Se revelava a na vida do piedoso israelita como Javé («Eu sou aquele que sou» Ex 3, 14), isto é, como presente na vida como libertador, como guia, como salvador.
A presença da Palavra era a presença da Pessoa. Com maior razão tudo isto se realiza em Jesus, que é a Palavra, o Verbo de Deus feito carne:
«Quem ouve as minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha…» (Mt 7, 24).
“Rocha”, “Rochedo” são as imagens típicas de Deus, que exprimem solidez, segurança e, portanto, fé, adesão completa: «Deus é a rocha da minha defesa…» (Sl 62(61), 3): «Vós sois, meu Deus, a rocha da minha salvação…» (Sl 89(88), 27).
É como dizer: o Senhor é o meu «amem», a minha segurança, a minha salvação. É assim que Cristo é chamado no Apocalipse: «Assim diz o Amem, a Testemunha fiel…» (3, 14) e Paulo: «Por meio de Jesus Cristo sobe até Deus o nosso Amem» (2 Cor 1, 20).
Fonte: adaptação local de um texto de F. Fonseca em:  “dehonianos.org/portal/liturgia”

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