SEGUNDA-FEIRA – IX SEMANA –TEMPO COMUM –
ANOS PARES - 4 JUNHO 2018
Primeira leitura: 2 Pedro 1, 2-7
Em princípios
do século II, a Igreja debatia-se com os gnósticos, que pensavam que o homem
pode conseguir tudo por si mesmo, inclusivamente a salvação.
A Segunda Carta
de Pedro começa com uma afirmação peremptória: Jesus é a única causa de
salvação do homem. É a comunidade petrina que fala a todos os crentes em
Cristo, «àqueles a quem coube em sorte, pela justiça do nosso Deus e Salvador
Jesus Cristo, uma fé tão preciosa como a nossa» (v. 1).
Esses crentes,
com a fé preciosa, também receberam aquela graça e paz, que agora, em Cristo
ressuscitado, os tornam «participantes da natureza divina» (v. 4).
O cristão é
aquele que toma consciência do dom recebido, com inteligência e afecto, ou com
um «conhecimento» pleno e grato, como insinua o nosso texto, pelo menos três
vezes. Com efeito, o verdadeiro cristão, sentindo-se um predilecto de Deus,
decide ser coerente com a graça que actua nele, uma graça mais forte do que a
«corrupção que a concupiscência gerou no mundo» (v. 4).
E o autor da
nossa Carta aponta sete virtudes, a juntar à fé, e que hão-de distinguir o
cristão: a virtude, o conhecimento, a temperança, a paciência, a piedade, o
amor aos irmãos, a caridade cf. vv. 5-7).
O princípio de
toda a virtude é a «fé». A «virtude» é a atitude constante, que dá coragem nas
dificuldades; o «conhecimento» é a abertura da mente ao esplendor da verdade; a
«temperança» é o autodomínio, fruto da participação na vitalidade do
Ressuscitado; a «paciência» não é simples resignação, mas força nas provações e
resistência às oposições externas; a «piedade» é a relação com Deus, verdadeiro
centro e coração da vida dos crentes; o «amor fraterno» é fruto da intimidade
afectuosa com Deus Pai; deste amor, chega-se à «caridade», ao amor total e
iluminado, meta do caminho do crente.
Segunda leitura: Marcos 12, 1-12
A alegoria
usada por Jesus só se percebe se tivermos em conta o «cântico da vinha», que
lemos em Is. 5, e o seu contexto histórico, isto é, a recusa da salvação pelos
chefes de Israel, os «agricultores», que matam os profetas.
Deus é o dono
da vinha e o construtor do edifício, que é Israel. Surpreendentemente, aparece
como «estrangeiro» no meio do povo de Israel. Deus não está vinculado às
vicissitudes de um povo. Confiou uma tarefa aos responsáveis pela vinha
israelita e foi-se embora, porque está noutro lado…
Os servos são
os numerosos profetas e homens de Deus enviados ao longo da história do povo
escolhido. O filho recusado e morto, mas depois tornado pedra angular, é Jesus.
A alegoria faz
tocar os extremos: o amor de Deus Pai, que envia o seu Filho, e a recusa do
chefes de Israel, que O matam.
À volta de Jesus, e do mistério da sua morte e ressurreição, hoje, como no passado, decide-se, para cada um de nós, o acolhimento ou a recusa da salvação.
À volta de Jesus, e do mistério da sua morte e ressurreição, hoje, como no passado, decide-se, para cada um de nós, o acolhimento ou a recusa da salvação.
Não há direitos
de progenitura, ou de eleição preferencial, que nos valham. O pretenso
monopólio dos israelitas sobre a salvação está votado ao fracasso: «O dono
regressará e exterminará os vinhateiros e entregará a vinha a outros» (v. 9). O
importante é que, no confronto com Jesus e com o seu mistério pascal, nos
abramos a Ele, livre e responsavelmente, para sermos salvos. E Deus premiará a
nossa coragem.
Na Segunda
Carta de Pedro, o cristão é aquele que toma consciência do dom recebido, e o
faz com inteligência e afecto, ou com um «conhecimento» pleno e grato, como
insinua o nosso texto, pelo menos três vezes: «a graça e paz vos sejam
concedidas em abundância por meio do conhecimento de Deus e de Jesus, Senhor
nosso»(v. 2);«o divino poder, ao dar-nos a conhecer aquele que nos chamou pela
sua glória e pelo seu poder, concedeu-nos todas as coisas…»(v. 3); «deveis pôr
todo o empenho em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento ao
conhecimento a temperança»(v. 5).
A consciência é graça a que devemos estar abertos, e
que exige renúncia às paixões, pureza de coração, disponibilidade para Deus,
que nos tornou participantes da sua natureza, «participantes da natureza
divina», como escreve Pedro.
Ser participante da natureza divina significa ter-se livrado «da corrupção que a concupiscência gerou no mundo» (v. 4), isto é, participar do amor divino, e não do egoísmo e da ânsia de poder, que corrompem o mundo. A natureza divina é incorruptível, porque é puro amor.
Ser participante da natureza divina significa ter-se livrado «da corrupção que a concupiscência gerou no mundo» (v. 4), isto é, participar do amor divino, e não do egoísmo e da ânsia de poder, que corrompem o mundo. A natureza divina é incorruptível, porque é puro amor.
O evangelho mostra-nos em acção esse amor divino,
mas também a concupiscência e a falta de conhecimento. Os vinhateiros querem apoderar-se da vinha e batem e insultam repetidamente os servos. Quando vêem chegar o «filho muito amado» (v. 6), não hesitam em matá-lo. E assim se auto-excluem do Reino do amor.
mas também a concupiscência e a falta de conhecimento. Os vinhateiros querem apoderar-se da vinha e batem e insultam repetidamente os servos. Quando vêem chegar o «filho muito amado» (v. 6), não hesitam em matá-lo. E assim se auto-excluem do Reino do amor.
Marcos anota que os sumos-sacerdotes, os escribas e
fariseus «procuravam prendê-lo, mas temiam a multidão; tinham percebido bem que
a parábola era para eles. E deixando-o, retiraram-se» (v. 12). O seu
conhecimento é incoerente: escutaram, compreenderam, podiam pensar que estava a
preparar um destino semelhante aos dos vinhateiros, que Jesus tenta evitar, mas
a inveja cega-os. Jesus põe em perigo o poder deles. E decidem matá-l´O.
Senhor Jesus, concede-nos, a mim, aos meus irmãos, ao
mundo inteiro, a graça de vencermos os movimentos da concupiscência, do amor
possessivo e da inveja, bem como o dom de nos deixarmos iluminar pela luz que
sempre nos ofereces.
Que toda a
humanidade Te conheça, Te ame e possa tomar parte na herança que nos
conquistaste ao derramar o teu precioso sangue na cruz.
Abre os nossos olhos, Senhor. Abre a nossa mente. Tu, que és manso e humilde de coração, abate a nossa presunção e força-nos a não nos «retirarmos», como fizeram os teus adversários, quando perceberam que falavas para eles. Decidiram matar-te, mas temeram a multidão.
Que jamais Te
deixemos passar em vão pela nossa vida, mas saibamos reconhecer-Te como o «Deus
connosco», como a Videira fecunda que o Pai plantou na nossa vinha.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”.
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