S. FILIPE E S.
TIAGO, APÓSTOLOS - 3 MAIO 2018
Como S. Pedro e S. André, Filipe era natural de
Betsaida. O seu nome grego deixa supor que pertencia à comunidade helenista.
Foi dos primeiros discípulos a ouvir o chamamento do Senhor: “Segue-me”. Pôs-se
imediatamente ao serviço do Senhor e, bem depressa, começou a dedicar-se à
missão. Segundo a tradição, S. Filipe evangelizou a Turquia, onde morreu
mártir.
S. Tiago, o Menor, filho de Alfeu, era primo de Jesus
e escreveu a Carta de Tiago. Foi testemunha privilegiada da ressurreição do
Senhor (cf. 1 Cor 17, 7), ocupando um lugar proeminente na comunidade de
Jerusalém. Depois da dispersão dos Apóstolos, nos anos 36-37, aparece como
chefe da igreja-mãe (At 21, 18-26). Morreu mártir por volta do ano 62, sendo
precipitado pelos Judeus do Templo e lapidado como Estêvão. Na sua carta,
deixou-nos o testemunho da prática da Unção dos Enfermos já nos tempos
apostólicos.
Primeira leitura: 1 Coríntios 15, 1-8
Paulo deixa-nos perceber a importância que a tradição
tinha nos começos da comunidade cristã: “Transmiti-vos o que eu próprio recebi”
(v. 3).
É através da tradição apostólica que chegam até nós as
notícias referentes ao evento histórico-salvífico da Páscoa do Senhor. Através
dela, podemos ligar-nos ao fluxo salvífico daquela graça.
O nosso texto contém uma profissão de fé que remonta
aos primeiros momentos da comunidade cristã: “Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia,
segundo as Escrituras; apareceu a Cefas e depois aos Doze.” (vv. 3-5). Anunciar
ao mundo esta Boa Nova é a missão dos Apóstolos e de todos os cristãos. Só pela
participação na Páscoa de Cristo, os homens podem ser salvos.
Evangelho: João 14, 6-14
O evangelho transmite-nos o diálogo entre Jesus e
Filipe, precedido da autorevelação de Jesus a Tomé: “Eu sou o Caminho, a
Verdade e a Vida” (v. 6), para chegar ao Pai. Jesus também fala a Filipe do
Pai. Por meio de Jesus, podemos conhecer o Pai, desde já, podemos “vê-lo” e
assim acreditar na total comunhão que une Jesus a Deus Pai.
As palavras de Jesus revelam-nos a comunhão que o liga
ao Pai. Acolhê-las é aplanar a estrada para chegar ao Pai. O mesmo se diga das
obras de Jesus. Acolhidas na fé, também são caminho para compreender a
identidade de Jesus, a sua relação com o Pai e a nossa relação com ambos.
“Eu sou o
Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim.” (v. 6).
Atraindo-nos para Jesus – “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não
atrair” (Jo 6, 44) – o Pai revela-nos que, para ir para Ele, é preciso passar
pelo Filho, porque o Filho é o caminho, Aquele que revela o Pai, comunica
a vida do Pai e conduz até Ele.
No evangelho, Jesus revela-nos o seu coração, o desejo
ardente de nos fazer conhecer o Pai, e a consciência que tem de ser o
verdadeiro revelador do mesmo Pai: “Quem me vê, vê o Pai. Como é que me dizes,
então, ‘mostra-nos o Pai’? Não crês que Eu estou no Pai e o Pai está em mim?”
(vv. 9-10).
Em todo o homem há um desejo vivo de ver a Deus. Os
salmos fazem eco desse anseio profundo: “Quando poderei contemplar a face de
Deus?” (Sl 42, 3); “Quero contemplar-te… para ver o teu poder e a tua glória.”
(Sl 63, 3). Conhecer alguém por ouvir dizer, é pouco. Encontrar-se com uma
pessoa, vê-la, dá um conhecimento mais profundo da mesma. Lemos no seu rosto os
seus sentimentos, o seu amor, a sua bondade, tudo o que há de vivo nela. É a
partir desta experiência humana que nasce em nós o anseio profundo de ver a
Deus.
O Novo Testamento diz-nos que a visão de Deus, que nos
permite contemplar o invisível, o inacessível e continuar vivos, é possível
vendo Jesus, o Filho de Deus feito homem, imagem do Deus invisível, rosto
humano de Deus.
Jesus é o revelador do Pai. É este o seu mistério mais
profundo. O Pai está em Jesus e Jesus está no Pai. O Pai manifesta em Jesus,
não só na sua presença no meio de nós, mas também, e sobretudo, na sua morte e
ressurreição.
A primeira leitura sugere esta aproximação. Jesus
ressuscitado manifestou-se, apareceu: “Cristo ressuscitou ao terceiro dia e
apareceu a Cefas e depois aos Doze. Em seguida, apareceu a mais de quinhentos
irmãos, de uma só vez… apareceu a Tiago. Em último lugar, apareceu-me também a
mim, como a um aborto.” (vv. 4-8). Jesus ressuscitado mostrou-se e mostrou o
Pai. Ele é a mais completa visão de Deus: “Quem me vê, vê o Pai” (v. 9).
É claro que, para nós, Jesus ressuscitado não é uma
pessoa que se veja como outra qualquer. A nós, aplica-se a frase com que João
encerra o seu evangelho: “Felizes os que crêem sem terem visto!” (Jo 20, 29).
A nossa visão
de Jesus não é uma visão sensível, mas de fé. Contemplar as imagens de Jesus
pode ajudar-nos. Mas são os olhos do coração que O alcançam. A visão de Deus é
uma visão do coração. Só se pode vê-lo com o coração, o Coração de Jesus!
Mostrai-nos, Senhor, o vosso rosto e seremos salvos!
Queremos acolher a salvação contemplando o vosso rosto, paterno e materno,
cheio de misericórdia. Contemplando-o, queremos penetrar na ternura do vosso
coração. Procuro o vosso rosto, Senhor! Mostrai-me o vosso rosto. A vossa
glória, Senhor, refulge no rosto do vosso Cristo, que tem um rosto humano,
semelhante ao meu, semelhante ao dos meus irmãos. Que eu saiba contemplar o
vosso rosto também no rosto dos meus irmãos e irmãs, dos que vivem comigo,
trabalham comigo, daqueles para quem eu vivo e trabalho.
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de”dehonianos.org/portal/liturgia”
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