5º Domingo da Páscoa – Ano B
29 Abril 2018
A liturgia do
5º Domingo da Páscoa convida-nos a reflectir sobre a nossa união a Cristo; e
diz-nos que só unidos a Cristo temos acesso à vida verdadeira.
A Primeira leitura - Act 9,26-31, diz-nos que o cristão é membro de um corpo – o Corpo
de Cristo. A sua vocação é seguir Cristo, integrado numa família de irmãos que
partilha a mesma fé, percorrendo em conjunto o caminho do amor.
É no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa
fé nasce, cresce e amadurece e é na comunidade, unida por laços de amor e de
fraternidade, que a nossa vocação se realiza plenamente.
O cristão não é
um ser isolado, mas uma pessoa que é membro de um corpo – o corpo de Cristo. A
sua vocação é seguir Cristo, integrado numa família de irmãos que partilha a
mesma fé, percorrendo em conjunto o caminho do amor. Por isso, a vivência da fé
é sempre uma experiência comunitária.
É no diálogo e na partilha com os irmãos que a nossa
fé nasce, cresce e amadurece e é na comunidade, unida por laços de amor e de
fraternidade, que a nossa vocação se realiza plenamente. A comunidade, contudo,
é constituída por pessoas, vivendo numa situação de fragilidade e de
debilidade…
Por isso, a experiência de caminhada em comunidade
pode ser marcada por tensões, por conflitos, por divergências; mas essa
experiência não pode servir de pretexto para abandonar a comunidade e para
passar a agir isoladamente.
A dificuldade da comunidade de Jerusalém em acolher
Paulo pode fazer-nos pensar nesses
esquemas de fechamento, de preconceito, de instalação, que às vezes
caracterizam a vida das nossas comunidades cristãs e que as impedem de acolher
os desafios de Deus.
Uma comunidade fechada, com medo de arriscar, é uma
comunidade instalada no comodismo e na mediocridade, com dificuldade em
responder aos desafios proféticos e em descobrir os caminhos nos quais Deus se
revela.
Há, neste texto, um convite a abrirmos permanentemente
o nosso coração e a nossa mente à novidade de Deus.
Barnabé é o homem que questiona os preconceitos e o
fechamento da comunidade, convidando-a a ser mais fraterna, mais acolhedora,
mais “cristã”. Faz-nos pensar no papel que Deus reserva a cada um de nós, no
sentido de ajudarmos a nossa comunidade a crescer, a sair de si própria, a
viver com mais coerência o seu compromisso com Jesus Cristo e com o Evangelho.
Nenhum membro da comunidade é detentor de verdades
absolutas; mas todos os membros da comunidade devem sentir-se responsáveis para
que a comunidade dê, no meio do mundo, um verdadeiro testemunho de Jesus e do
seu projecto de salvação.
O encontro com Jesus ressuscitado no “caminho de
Damasco” constituiu, para Paulo, um momento decisivo. A partir desse encontro,
Paulo tornou-se o arauto entusiasta e imparável do projecto libertador de
Jesus.
A perseguição dos judeus, a oposição das autoridades,
a indiferença dos não crentes, a incompreensão dos irmãos na fé, os perigos dos
caminhos, as incomodidades das viagens, não conseguiram desencorajá-lo e
desarmar o seu testemunho. O exemplo de Paulo recorda-nos que ser cristão é dar
testemunho de Jesus e do Evangelho.
A Igreja é uma comunidade formada por homens e
mulheres e, portanto, marcada pela debilidade e fragilidade; mas é, sobretudo,
uma comunidade que marcha pela história assistida, animada e conduzida pelo
Espírito Santo.
O “caminho” que percorremos como Igreja pode ter
avanços e recuos, infidelidades e vicissitudes várias; mas é um caminho que
conduz a Deus, à realização plena do homem, à vida definitiva. A presença do
Espírito dirigindo a caminhada dá-nos essa garantia.
>Segunda
leitura 1 Jo 3,18-24
A segunda leitura define o ser cristão como “acreditar em Jesus” e “amar-nos
uns aos outros como Ele nos amou”. São esses os “frutos” que Deus
espera de todos aqueles que estão unidos a Cristo, a “verdadeira videira”. Se
praticarmos as obras do amor, temos a certeza de que estamos unidos a Cristo e
que a vida de Cristo circula em nós.
Ser cristão é “acreditar em Jesus” e “amar-nos uns aos
outros como Ele nos amou”. Jesus “passou pelo mundo fazendo o bem” (Act 10,38),
testemunhou o amor de Deus aos pobres e excluídos, foi ao encontro dos
pecadores e sentou-Se à mesa com eles (cf. Lc 5,29-30; 19,5-7), lavou os pés
aos discípulos (cf. Jo 13,1-17), assegurou a todos que “o Filho do Homem não
veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida” (Mt 20,28), deixou-Se
matar para nos ensinar o amor total, morreu na cruz
pedindo ao Pai perdão para
os seus assassinos (cf. Lc 23,34)…
Quem adere a Jesus e à sua proposta de vida, não pode
escolher um outro caminho; o caminho do cristão só pode ser o caminho
do amor total, do dom da própria vida, do serviço simples e humilde aos
irmãos ao jeito de Jesus. O amor aos irmãos é o distintivo dos seguidores de
Jesus.
O amor não se vive com “conversa fiada”, mas com
acções concretas em favor dos irmãos. Não chega condenar a guerra, mas é
preciso ser construtor da paz; não chega fazer discursos sobre justiça social,
mas é preciso realizar gestos autênticos de partilha; não chega assinar
petições para defender os direitos dos explorados, mas é preciso lutar
objectivamente contra as leis e sistemas que geram exploração; não chega fazer
discursos contra as leis que restringem a imigração, mas é preciso acolher os
irmãos estrangeiros que vêm ao nosso encontro à procura de uma vida melhor; não
chega dizer mal de toda a gente que trabalha na nossa paróquia, mas é preciso
um empenho sério na construção de uma comunidade cristã que dê cada vez mais
testemunho do amor de Jesus…
Às vezes sentimo-nos frágeis e pecadores e, apesar do
nosso esforço e da nossa vontade em acertar, sentimo-nos indignos e longe de
Deus.
A vida de uma árvore vê-se pelos frutos… Se realizamos
obras de amor, se os nossos gestos de bondade e de solidariedade transmitem
alegria e esperança, se a nossa acção torna o mundo um pouco melhor, é porque
estamos em comunhão com Deus e a vida de Deus circula em nós. Se a vida de Deus
está em nós, ela manifesta-se, inevitavelmente, nos nossos gestos.
O Espírito de Deus está presente até fora das
fronteiras da Igreja e actua no coração de todos os homens de boa vontade. De
resto, certos testemunhos de amor e de solidariedade que vemos surgir nos mais
variados quadrantes constituem uma poderosa interpelação aos crentes,
convidando-os a uma maior fidelidade a Jesus e ao seu projecto.
O Evangelho Jo 15,1-8, apresenta
Jesus como “a verdadeira videira” que
dá os frutos bons que Deus espera.
Convida os discípulos a permanecerem unidos a Cristo, pois é d’Ele que eles
recebem a vida plena.
Se permanecerem em Cristo, os discípulos serão
verdadeiras testemunhas no meio dos homens da vida e do amor de Deus.
Jesus é “a verdadeira videira”, de onde brotam os
frutos da justiça, do amor, da verdade e da paz; é n’Ele e nas suas propostas
que os homens podem encontrar a vida verdadeira.
Muitas vezes os homens, seguindo lógicas humanas,
buscam a verdadeira vida noutras “árvores”; mas, com frequência, essas
“árvores” só produzem insatisfação, frustração, egoísmo e morte… João
garante-nos: na nossa busca de uma vida com sentido, é para Cristo que devemos
olhar.
Hoje, Jesus, “a verdadeira videira”, continua a
oferecer ao mundo e aos homens os seus frutos; e fá-lo através dos seus
discípulos. A missão da comunidade de Jesus, que hoje caminha pela história, é
produzir esses mesmos frutos de justiça, de amor, de verdade e de paz que Jesus
produziu. Trata-se de uma tremenda responsabilidade que nos é confiada, a nós,
os seguidores de Jesus.
No entanto, o discípulo só pode produzir bons frutos
se permanecer unido a Jesus. No dia do nosso Baptismo, optámos por Jesus e
assumimos o compromisso de O seguir no caminho do amor e da entrega; quando
celebramos a Eucaristia, acolhemos e assimilamos a vida de Jesus – vida
partilhada com os homens, feita entrega e doação total por amor, até à morte.
O cristão tem em Jesus a sua referência, identifica-se
com Ele, vive em comunhão com Ele, segue-O a cada instante no amor a Deus e na
entrega aos irmãos. O cristão vive de Cristo, vive com Cristo e vive para
Cristo.
A comunidade cristã é o lugar privilegiado para o
encontro com Cristo, “a verdadeira videira” da qual somos os “ramos”. É no
âmbito da comunidade que celebramos e experimentamos – no Baptismo, na
Eucaristia, na Reconciliação – a vida nova que brota de Cristo.
Como podemos “limpar” os “ramos secos”?
Fundamentalmente, confrontando a nossa vida com Jesus e com a sua Palavra.
Precisamos de escutar a Palavra de Jesus, de a meditar, de confrontar a nossa
vida com ela… Então, por contraste, vão tornar-se nítidas as nossas opções
erradas, os valores falsos e essas mil e uma pequenas infidelidades que nos
impedem de ter acesso pleno à vida que Jesus oferece.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”
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