SEGUNDA-FEIRA – V SEMANA
–PÁSCOA
Primeira leitura: Actos 14, 5-18
Lucas, no livro dos Actos, narra algumas curas de
paralíticos: duas realizadas por Pedro (Act 3, 1ss; Act 9, 32ss.) e uma
realizada por Paulo (Act 14, 8ss.). Já no evangelho narrara uma outra realizada
por Jesus (Lc 5, 18ss.). Quer assim mostrar que os Apóstolos continuam as obras
de Jesus, ao proclamarem o Evangelho aos judeus em Jerusalém (milagres de
Pedro) e aos pagãos no seu próprio mundo (milagre de Paulo).
Lucas realça também um certo paralelismo entre os
«actos de Pedro» e os «actos de Paulo», como são conhecidos alguns capítulos
dos Actos dos Apóstolos, devido ao protagonismo que neles tem um ou outro.
A reacção do público é que é diferente: enquanto em
ambiente judaico o milagre leva a glorificar a Deus (cf. 4, 21), em ambiente
pagão leva a glorificar os homens.
Uma antiga lenda, conhecida na região de Listra,
falava de dois camponeses que, sem saberem, tinha dado hospitalidade a Zeus e a
Hermes. Hermes era o deus da saúde, e Paulo, acompanhado por Barnabé, tinha
curado o paralítico. Não andariam por aí novamente os deuses?
De qualquer modo, não convinha punir impensadamente
aqueles que os não aceitavam. Daí a atitude em relação aos apóstolos.
O discurso que vem a seguir é importante, porque é o primeiro directamente dirigido aos pagãos.
O discurso que vem a seguir é importante, porque é o primeiro directamente dirigido aos pagãos.
Não são citadas as Escrituras, mas convidam-se os
pagãos a converterem-se dos ídolos ao Deus vivo e verdadeiro, criador de todas
as coisas. É um exemplo de inculturação e de adaptação à situação concreta dos
ouvintes.
Evangelho: João 14, 21-26
Os discípulos de Jesus são amados pelo Pai. Porquê?
Porque o amor do Pai por Jesus também atinge os seus discípulos. Por Jesus, os
crentes participam no amor do Pai pelo Filho.
Jesus tinha prometido manifestar-se aos seus
discípulos. Judas, irmão de Tiago, não entendia o modo como Jesus se
manifestava. Pensava certamente numa manifestação gloriosa e messiânica diante
de todos.
Mas, durante o seu ministério terreno, o Mestre tinha
tomado uma aparência humilde. Por isso, tinha provocado uma certa indiferença
em relação à sua pessoa, e mesmo atitudes de recusa. Mas, agora, como dizia o
próprio Jesus, esse período tinha terminado. Tinha começado a sua
«glorificação». Por que é que não se manifestava de modo sensacional ao mundo?
Jesus aproveita a ocasião para voltar a falar da
presença de Deus na vida do crente. Só quem ama é capaz de observar a palavra
de Jesus e de acolher a sua manifestação espiritual e interior. E quem observa
a palavra é amado pelo Pai. Mais ainda: quem ama a Jesus, recebe a sua presença
no seu íntimo, juntamente com a do Pai e a do Espírito Santo.
A manifestação de Jesus será espiritual, sem milagres
e sem sensacionalismos exteriores. É que a manifestação de Jesus só é possível
na obediência e no amor. Por isso é que se manifesta aos crentes, e não ao
mundo.
A perícopa termina com a promessa do Espírito que tudo
recordará e fará entender.
Graças a Ele, os crentes poderão aprofundar e
interpretar as palavras, a vida e a pessoa de Jesus em todas as dimensões e com
todo o alcance para a vida da Igreja.
Barnabé e Paulo continuam a obra de Jesus: anunciam a
Boa Nova e realizam curas prodigiosas. A sua pregação é inculturada. A reacção
dos ouvintes é diferente. Os judeus glorificam a Deus. Os pagãos tentam
glorificar os apóstolos. Estes resistem. Sabem que as maravilhas que realizam
apenas acontecem pelo poder de Jesus que está com eles. Como seria bom que
todos os agentes pastorais tivessem a mesma consciência e reagissem como
Barnabé e Paulo…
O evangelho leva-nos a meditar no mistério da
inabitação da Trindade com um grande sentido de intimidade e de realismo. «Nós
viremos a ele e nele faremos morada», diz o Senhor.
Estas palavras revelam-nos a impensável intimidade que
Deus quer ter com os homens. É nessa intimidade que Jesus se revela a nós, e nos
revela os seus segredos por meio do Espírito Santo, o Mestre da vida
espiritual.
Noutros tempos este tema da inabitação era muito caro
aos cristãos. Uma vida «habitada» por Deus é bem diferente de uma vida deserta,
sem Deus, encerrada nos estreitos limites humanos.
A vida do crente é visitada por Deus. Ele habita no
mais íntimo do coração de cada um. É, na verdade, o doce hóspede da alma. Como
é possível viver distraídos, fora de si, com um tão grande hóspede na alma?
Mas o evangelho também nos leva ao realismo. O amor do
cristão não paira nas nuvens. É um amor muito concreto: «Quem recebe os meus
mandamentos e os observa esse é que me tem amor» (v. 21).
O amor que Jesus espera de nós não se manifesta em
palavras ou sentimentos vagos mas na vontade de amarmos a sua vontade. Assim
foi o seu amor pelo Pai. Sem união de vontades não há verdadeiro amor.
Quem ama a Jesus, ama cumprir a sua vontade. E quem
ama a Jesus, cumprindo a sua vontade, é amado pelo Pai, que quer a glorificação
do Filho.
«Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra;
e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada». (Jo 14, 23).
Quantas vezes, procuramos a Deus fora de nós ou acima de nós. Mas Deus está
dentro de nós: «mais íntimo do que o meu íntimo…», como afirma Santo Agostinho
(Confissões 3.6.11).
Realiza-se deste modo a palavra de S. Paulo: «Cristo
habite pela fé, nos vossos corações de sorte que, enraizados e fundados no
amor, possais compreender… qual é a largura e o comprimento, a altura e a
profundidade e conhecer (fazer a experiência), enfim, o amor de Cristo que
excede todo o conhecimento, para serdes repletos da plenitude de Deus» (Ef
3,17-19).
Experimentar o mistério de Cristo no mais íntimo de
nós mesmos, no eu profundo, no “coração” entendido biblicamente”. O “coração” é
o lugar teológico da verdadeira oração, do encontro de amor com Cristo.
Senhor Jesus, eu te bendigo e Te dou graças porque,
hoje, me fazes compreender a maravilha da inabitação da Trindade em mim.
Dá-me a graça de apreciar esse magnífico dom e de
desejar, com todo o meu coração, viver Contigo numa intimidade cada vez mais
profunda.
Faz-me amar o que me ordenas, de modo que possa viver
e experimentar o teu amor sem medida.
Perdoa-me por ter superlotado o meu coração de pessoas
e de coisas, que não deixam lugar para Ti, que monopolizam a minha atenção,
fazendo-me esquecer de Ti.
Quantas vezes, sofro de solidão, porque não me lembro
da tua presença.
Que, em todos os momentos da minha vida, possa ver-te e sentir-te como o meu Tu, e estabelecer Contigo um perene diálogo de amor.
Que, em todos os momentos da minha vida, possa ver-te e sentir-te como o meu Tu, e estabelecer Contigo um perene diálogo de amor.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto
de: “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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