QUINTA-FEIRA –
4ª SEMANA DA QUARESMA
15 MARÇO 2018
Primeira leitura: Êxodo 32,7-14
Havia pouco que Deus estabelecera aliança com Israel,
e a confirmara com uma solene promessa (cf. Ex 24, 3). Moisés ainda estava no
monte Sinai, onde recebia das mãos de Deus às tábuas da Lei, documento base
dessa aliança. Entretanto, o povo caía na idolatria, adorando o bezerro de
ouro, obra das suas mãos, como se fosse o Deus que o tirara Egipto (v. 8).
Deus, acende-se em ira e informa Moisés do sucedido (v. 7): a aliança fora
quebrada. Deus quer repudiar Israel, apanhado em flagrante adultério, e começar
uma nova história cheia de esperanças (v. 10) com Moisés, que permanecera fiel.
Mas Moisés, que recebera a missão de guiar Israel à terra prometida, não abandona
o seu povo, não cede à tentação de pensar apenas em si mesmo. Como Abraão,
diante da cidade pecadora (cf. Gn 18), Moisés intercede pelo povo pecador.
Procura «acalmar» a justa ira de Deus, fazendo uma certa «chantagem» (cf. v.
12) e recordando-Lhe as promessas feitas aos antigos patriarcas. A sua oração
toca o coração de Deus. As características antropomórficas, com que Deus é
descrito neste episódio, atestam a antiguidade deste texto.
Evangelho: João 5, 31-47
Jesus continua a responder aos Judeus. O discurso
apologético vai endurecendo. Aumenta gradualmente a separação entre o «eu» de
Jesus e o «vós» dos adversários. O texto marca o culminar do processo intentado
por Deus contra o seu povo predilecto, mas obstinadamente rebelde, cego e
surdo.
Jesus apresenta quatro testemunhos que deveriam levar
os seus ouvintes a reconhecê-lo como Messias, enviado pelo Pai, como Filho de
Deus: as palavras de João Baptista, homem enviado por Deus; as obras que ele
mesmo realizou por mandado de Deus; a voz do Pai; e, finalmente, as Escrituras.
Estes testemunhos, na sua diversidade, têm duas características que os unem:
por um lado, em resposta à acusação de blasfémia dirigida contra Jesus pelos
Judeus, remetem para o agir salvífico de Deus; por outro lado, elas não dizem
nada de realmente novo.
Os Judeus estão sob processo porque não procuram a «a
glória que vem do Deus» (v. 44), mas tomam a glória uns dos outros. Caíram,
assim, numa cegueira radical, interior. Agarrados à Lei, recusam o Espírito.
Jesus revela-lhes o risco que correm e avisa-os: pensam alcançar a vida eterna
perscrutando os escritos de Moisés, mas são esses mesmos escritos que os
acusam. O intercessor deverá tornar-se seu acusador? O texto termina convidando
cada um a examinar a autenticidade e a verdade da própria fé.
O povo de Israel, revela uma memória curta. Foi
libertado por Deus, no meio de prodígios e celebrou livremente a aliança com o
Senhor. Mas, logo que sobrevieram novas dificuldades, esqueceu-se de tudo e
caiu na idolatria. Assim pode acontecer também connosco. Mas o verdadeiro
crente não abandona a Deus, quando surgem dificuldades, como se fosse Ele a
causá-las. Pelo contrário, continua a sentir-se dependente de Deus, ligado a
Ele e, como Moisés, não desiste de orar por si e de interceder pelos irmãos. A
oração de intercessão revela maturidade na fé. O crente adulto na fé vê as
provações dos irmãos como suas. Por isso reza por eles, faz-se intercessor
universal, disposto a carregar sobre si as fraquezas dos outros, e a sofrer
para que possam ser aliviados. Foi a atitude de Moisés; será a atitude de
Jesus.
Ao reagir contra o pecado do povo, Deus diz a Moisés:
«a minha cólera vai inflamar-se contra eles e destrui-los-ei Mas farei de ti
uma grande nação. (v. 10). O povo pecou e merecia ser destruído. Mas os desígnios
de Deus deviam cumprir. Por isso, propõe a Moisés tornar-se pai de um novo
povo. Moisés recusa a proposta de Deus e implora:
«Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo (J» (v. 12). Mais adiante faz ele uma proposta a Deus: «perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que escreveste (Ex 32, 32), isto é, destrói-me também a mim. Moisés solidarizou-se completamente com o seu povo, para alcançar de Deus a salvação do seu povo.
«Não te deixes dominar pela cólera e abandona a decisão de fazer mal a este povo (J» (v. 12). Mais adiante faz ele uma proposta a Deus: «perdoa-lhes este pecado, ou então apaga-me do livro que escreveste (Ex 32, 32), isto é, destrói-me também a mim. Moisés solidarizou-se completamente com o seu povo, para alcançar de Deus a salvação do seu povo.
Tudo isto se realiza de modo completamente inesperado
no mistério de Cristo.
Na morte de Cristo, Deus destrói o povo. A morte de
Cristo é destruição do mundo antigo, do homem velho, como escreve S. Paulo. Mas
não é apenas destruição, porque a morte do Senhor leva à ressurreição. Jesus é,
pois, o novo Moisés que aceita morrer com o povo e pelo povo, mas é também o
novo Moisés, pai de uma nova grande nação. A palavra de Deus, «farei de ti uma
grande nação», realiza-se na ressurreição de Cristo. De modo imprevisível, as
Escrituras dão testemunho da ressurreição de Cristo.
Lemos nas Constituições: «Unidos à acção de graças e à
intercessão de Cristo, somos chamados a colocar toda a nossa vida ao serviço da
Aliança de Deus com o seu Povo» (n. 84). A nossa vida oferecida a Deus, para
sua glória, e para o serviço dos irmãos, e uma atitude de perdão e de súplica
pelos pecadores, são um óptimo testemunho de Deus-Amor, que não se demonstra
com teorias, mas que transparece na vida daqueles em cujos corações habita.
Senhor Jesus, que Te manifestas como Filho de Deus,
realizando as suas obras, tem piedade de nós. Acolhe-nos no teu Coração
misericordioso e dá-nos a vida. Tu, que és a testemunha fiel e verdadeira do
Pai, faz-nos ouvir a sua voz. Filho obediente do Pai, faz-nos recordar a paixão
eu sofreste por nós, e a descobri-la naqueles que continuam a vivê-la no corpo
e na alma. Filho inocente do Pai, intercede por nós pecadores e permite-nos
solidarizar-nos Contigo nessa intercessão. Queremos ir a Ti para termos a vida,
a Ti que és a presença incarnada de Deus-misericórdia.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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