SÁBADO – 4ª SEMANA DA QUARESMA - 17 MARÇO 2018
Primeira leitura: Jeremias 11, 18-20
Escutamos,
hoje, a primeira das chamadas «confissões de Jeremias», que são como pedaços de
luz que nos permitem entrever a caminhada interior do profeta pelas
repercussões pessoais da sua missão. Trata-se de um testemunho precioso, único
na Bíblia. Por vontade de Deus, Jeremias descobre que os seus conterrâneos
tinham armado uma cilada para o arrancarem do meio deles (v. 19).
Não sabemos
quais as causas históricas da conjura. Mas o modo como o profeta viveu essa
situação tornou-se paradigmático. Jeremias, vítima inocente, compara-se a um
cordeiro levado ao matadouro, imagem já presente no quarto cântico do Servo
sofredor de Javé (cf. Is 53, 7) e amplamente usada no Novo Testamento para
descrever o Messias sofredor que, em silêncio, expia o pecado do mundo (cf. Jo
1, 29; 1 Pe 1, 19; Ap 5, 6ss.).
Martirizado no
corpo e no espírito, o profeta, manso, atreve-se a pedir a Deus a vingança dos
seus inimigos. Jeremias é um homem do Antigo Testamento, que segue a lei de
Talião. Jesus será o verdadeiro inocente que morre, abandonando nas mãos do
Pai, não só a ele mesmo, mas também os seus adversários e algozes, para que
sejam perdoados. Jeremias é figura. Jesus é a realidade. É Ele o verdadeiro
cordeiro conduzido ao matadouro sem lançar um balido.
Evangelho: João 7, 40-53
João mostra-nos
a multidão que rodeia Jesus e se interroga sobre a sua identidade e faz
palpites. A palavra autorizada do Senhor fascina os próprios guardas enviados
para O prenderem (v. 46). Mas há dois argumentos de peso, com sentido
contrário: Jesus vem da Galileia, e as Escrituras dizem que o Messias havia de
nascer em Belém. Mais ainda: os chefes do povo e os fariseus não acreditam n
‘Ele; como pode o povo comum ter uma opinião diferente? Os detentores do poder
e da sabedoria olham a situação com sarcasmo e desprezo, porque temem perder o
seu prestígio. Apenas Nicodemos ousa invocar a Lei que não condena ninguém sem
antes ser ouvido. O resultado é ser, também ele, tachado de ignorante.
João termina
abruptamente a narrativa (cf. v. 53), deixando uns com maior desejo de conhecer
Jesus e outros mais decididos na recusa d ‘ Ele. Mas a Palavra não emudece:
ainda não tinha chegado a sua hora.
Aproxima-se a
Paixão. As leituras fazem-nos escutar o grito sofrido de Jeremias e as
interrogações sobre a identidade de Jesus. O profeta faz-nos ver até que ponto
havemos de estar dispostos a sofrer para sermos fiéis a Deus, e servi-lo de
coração puro. O evangelho dá-nos conta do avolumar das controvérsias e das
hostilidades contra Jesus, verdadeiro cordeiro que serenamente se encaminha
para o matadouro.
Os guardas,
enviados a prender Jesus, voltam sem cumprir a ordem, porque «Nunca nenhum
homem falou assim» (v. 46). Mas os fariseus, de coração cada vez mais
endurecido, ripostam: «Será que também vós ficastes seduzidos?» (v. 47b).
Barricados nos seus preconceitos, não querem ouvir nada sobre Jesus. Apenas O
querem prender.
Também hoje as
opiniões se dividem acerca de Jesus. Muitos fecham-se nas suas dúvidas e na sua
indiferença, porque recusam Aquele que pode trazer a paz aos corações e a união
entre os homens. Muitos não buscam realmente a verdade, mas apenas confirmar os
seus preconceitos. Também não faltam ameaças, perseguições, condenações de
inocentes. Felizmente também não faltam pessoas corajosas, como Nicodemos,
capazes de desafiar a opinião dos «poderosos», porque estão decididamente
apaixonados pela verdade. Para estar com Cristo, é preciso estar cordialmente
abertos aos desejos de Deus, à verdade de Deus, à luz de Deus. Então seremos
capazes de acolher a Cristo em todos os momentos e situações da vida.
Não foi fácil,
para os contemporâneos de Jesus, acreditar n ‘ Ele. Devemos estar gratos
àqueles que acreditaram e nos transmitiram a fé. Com esta gratidão, havemos
também de nos sentir estimulados a procurar Cristo onde Ele se nos revela,
hoje. É a única coisa importante, na nossa vida: reconhecer a Cristo, encontrar-nos
verdadeiramente com Ele, aderir a Ele de todo o coração.
A leitura e a
meditação destes textos, confrontando-os com a nossa história, são uma preciosa
ajuda para conhecer Cristo, para viver Cristo e para colaborarmos na construção
do Reino de Deus.
Fonte: Resumo e
adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”
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