QUARTA-FEIRA – 4ª SEMANA DA QUARESMA
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14 MARÇO 2018
Primeira leitura: Isaías 49, 8-15
Deus dá nova
coragem ao seu Servo experimentado pelo sofrimento e dilata os confins da sua
missão a toda a terra. A sua primeira acção consistirá na libertação dos
Israelitas do Egipto, porque chegou o tempo da misericórdia, o dia da salvação
(v. 8). Deus entra no curso da história humana para a transformar. O
Servo é como Moisés: mediador da Aliança. Como Josué, restaurará e
redistribuirá a terra. Será o arauto de um novo êxodo. Os exilados enchem-se de
esperança.
A partir do v.
12, o profeta contempla de Jerusalém o povo que regressa à pátria, vindo de
Babilónia e de outras paragens onde andava disperso. O próprio universo exulta
e entoa hinos ao Senhor que «se compadece dos desesperados». O seu
amor é semelhante ao de uma mãe pelos seus filhos: um amor cheio de ternura e profundidade,
um amor visceral. O nosso Deus não é um deus longínquo, um juiz implacável. É
um Deus próximo e solícito.
Evangelho: João 5, 17-30
Aos judeus, que
O perseguem por curar em dia de sábado, Jesus revela a sua identidade de Filho
de Deus, e coloca-se acima da Lei. Segundo especulações judaicas, de que
encontramos vestígios no v. 17, o repouso sabático dizia respeito à obra
criadora de Deus, mas não à permanente actividade pela qual incessantemente dá
a vida e julga. Nos vv. 19-30, Jesus mostra que se conforma em tudo ao agir de
Deus: «o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai>
(v. 19). Esta afirmação surge novamente no v. 30, revelando o sentido de todo o
texto. A total unidade de acção entre o Pai e o Filho resulta da total
obediência do Filho, que ama o Pai e partilha do seu amor pelos homens
pecadores. O Pai doa ao Filho o que só a Ele pertence, o poder sobre a
vida e a autoridade no juízo (vv. 21 s.). Esta íntima relação entre o Pai e o
Filho pode alargar-se aos homens pela escuta obediente da palavra de Jesus.
Deus fez do seu
Servo, que é Jesus Cristo, sinal e instrumento de aliança com o seu povo:
«designei-te como aliança do povo». Esta afirmação permite-nos penetrar mais
profundamente no mistério de Cristo. Em primeiro lugar, leva-nos a contemplar a
sua união com o Pai. Jesus é o Filho muito amado, que contempla tudo quanto o
Pai faz, para também Ele o fazer: «o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada,
senão o que vir fazer ao Pai, pois aquilo que este faz também o faz igualmente
o Filho».
O Filho de Deus
veio ao mundo, não para fazer a sua vontade, mas a vontade do Pai: «porque não
busco a minha vontade, mas a daquele que me enviou». Por isso, Jesus é imagem
viva, activa, do Pai: «O meu Pai continua a realizar obras até agora, e Eu
também continuo», Porque está perfeitamente unido ao Pai, Jesus Cristo pode ser
aliança para o povo. Como Filho muito amado do Pai, vem convidar todos os
homens para a festa da vida. A ninguém é negado esse convite. O único
abandonado é precisamente o Filho muito amado, que um Amor maior entrega à
morte para a todos dar a vida.
Intimamente unido ao Pai, o Filho
fez-Se solidário connosco e veio revelar-nos o amor misericordioso de Deus. Jesus Cristo é aliança de Deus connosco para nos dar a vida. Transmite-nos
a palavra de Deus para nos transmitir a vida de Deus: «assim como o Pai
ressuscita os mortos e os faz viver, também o Filho faz viver aqueles que
quer», Os mortos são os que vivem em pecado, porque, desligados de Deus, não
têm em si a vida divina e não podem amar a Deus nem aos irmãos. Só a Palavra de
Deus, que revela o amor o seu amor misericordioso, comunica a vida e dá
capacidade para amar.
O evangelho de hoje revela-nos que, para estarmos
unidos a Deus, precisamos de estar unidos a Cristo. É permitindo e realizando
essa união com o Pai que Cristo se revel a aliança de Deus para nós.
Senhor Jesus,
Tu és verdadeiramente Aquele em Quem encontramos o Pai. Mas és também Aquele em
Quem encontramos os irmãos e as irmãs. Só em Ti os podemos amar de verdade. Por
isso, queremos permanecer em Ti, especialmente neste tempo da Quaresma, quando
já se aproxima a celebração do teu mistério pascal. Várias vezes, durante o
dia, queremos penetrar no teu Coração para nele bebermos o amor ao Pai e o amor
aos irmãos. Tu és a nossa aliança, a nova e eterna aliança que o Pai nos oferece.
Queremos viver em Ti.
É nas
meditações dos sofrimentos de Nosso Senhor que havemos de retirar as forças
necessárias para seguirmos os exemplos de abandono que Ele deu na sua vida de
menino. O desejo de nos unirmos aos seus sofrimentos adoça as penas que podemos
encontrar na imolação de nós mesmos. Estas penas, unimo-las à sua imolação do
Calvário e são um meio de nos associarmos à sua dolorosa Paixão. Esta união de
intenção é-lhe muito agradável. O amor com o qual a fazemos aumenta o seu valor
aos seus olhos.
O seu amor é
assim um meio de suportar todas as provações pelas quais devemos passar, de
aligeirar e mesmo de transformar em alegrias tudo o que sem isto seria mágoa ou
amargura.
Somos
flagelados com ele, quando lhe oferecemos amorosamente as mortificações da
carne e as humilhações do orgulho. Somos coroados de espinhos, quando unimos amorosamente
aos seus sofrimentos todas as contrariedades que provamos. Caminhamos com Ele
na via dolorosa do Calvário, quando seguimos, unidos a Ele pelo amor, as vias
onde lhe apraz fazer-nos passar. Somos pregados à cruz com Ele quando unimos à
sua crucifixão as situações penosas ou dolorosas nas quais lhe apraz colocar os
seus amigos. Agonizamos com Ele sobre a cruz, quando unimos às suas penas as
angústias de uma situação na qual quer que nos encontremos.
Quem quer que
ama passa por provações. É preciso sofrer estas provações com Ele, em união com
os sofrimentos da sua Paixão. A união de amor identifica de algum modo os
nossos sofrimentos com os de Jesus. Mas não é necessário para isso que
experimentemos dores semelhantes às suas. São-lhe sempre semelhantes quando são
generosamente aceites e oferecidas em união com as suas.
Fonte:
Resumo e adaptação de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia!”
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