2 Fevereiro - Apresentação do Senhor -
Esta festa já
era celebrada em Jerusalém, no século IV. Chamava-se festa do encontro, hypapántè
, em grego. Em 534, a festa estendeu-se a Constantinopla e, no tempo do Papa
Sérgio, chegou a Roma e ao Ocidente. Em Roma, a festa incluía uma procissão até
à Basílica de S. Maria Maior. No século X, começaram a benzer-se as velas.
José e Maria levam o Menino Jesus ao
templo, oferecendo-o ao Pai. Como toda a
oferta implica renúncia, a Apresentação do Senhor é já o
começo do mistério do sofrimento redentor de Jesus, que atingirá o seu
ponto culminante no Calvário. n do seu divino Filho estando a seu
lado e colaborando, cada um a seu modo, na obra da Redenção.
Primeira
Leitura: Malaquias 3, 1-4
Os dois
mensageiros anunciados pelo profeta introduzem-se mutuamente: um prepara a
vinda do Senhor e outro realiza a Aliança, é o Esperado. Estas duas figuras
perspetivam João Baptista e Cristo. Um é apenas precursor; o outro é o Messias
esperado, de origem divina, o Redentor. O primeiro prepara o caminho; o segundo
entra efetivamente no templo, santificando, pela oferta de si mesmo, o
sacrifício da nova Aliança, os ministros e o culto.
Segunda leitura: Hebreus 2, 14-18
A carne e o
sangue, submetidos ao poder da morte pelo inimigo, são divinizados e libertados
por Cristo, Deus feito homem. A descendência de Abraão é restituída à vida. O
Filho de Deus apresenta-se como primeiro entre muitos irmãos e como sacerdote,
mediador na sua divindade e humanidade, da fidelidade de Deus, Pai da vida.
Evangelho: Lucas 2, 22-40
O Evangelho da
Infância de Jesus tem o seu ponto alto no templo, lugar da plenitude do
povo de Israel. É aí que Zacarias ouve a palavra que dirige a história para a
sua meta (anúncio de João); é aí que o Menino é apresentado a Deus, revelado a
Simeão e a Ana. É daí que regressa a Nazaré. Pano de fundo da cena da
apresentação é lei judaica segundo a qual os primogénitos são sagrados e, por
isso, devem ser apresentados a Deus. O Pai responde à apresentação e oferta de
Jesus com o dom do Espírito ao velho Simeão, que profetiza. Israel pode estar
descansado: a sua história não acaba em vão. Simeão viu o Salvador e sabe que a
meta é agora o triunfo da vida.
Os pais de
Jesus, de acordo com a lei mosaica, 40 dias depois do nascimento do primeiro
filho, foram ao Templo de Jerusalém para oferecer o primogénito ao Senhor e
para a mãe ser purificada. Mas este rito não foi exatamente igual aos outros.
Nos ritos comuns, eram os pais que apresentavam os filhos a Deus em sinal de
oferta e de pertença; neste rito é Deus que apresenta o seu Filho aos homens. Fá-lo
pela boca do velho Simeão e da profetisa Ana. Simeão apresenta-O ao mundo como
salvação para todos os povos, como luz que iluminará as gentes, mas também como
sinal de contradição; como Aquele que revelará os pensamentos dos corações.
O encontro de Jesus com Simeão e Ana no Templo de Jerusalém é símbolo de uma realidade maior e universal: a Humanidade encontra o seu Senhor na Igreja. Malaquias preanunciava este encontro: «Eis que Eu vou enviar o meu mensageiro, a fim de que ele prepare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu santuário o Senhor, que vós procurais».
O encontro de Jesus com Simeão e Ana no Templo de Jerusalém é símbolo de uma realidade maior e universal: a Humanidade encontra o seu Senhor na Igreja. Malaquias preanunciava este encontro: «Eis que Eu vou enviar o meu mensageiro, a fim de que ele prepare o caminho à minha frente. E imediatamente entrará no seu santuário o Senhor, que vós procurais».
No Templo,
Simeão reconheceu Jesus como o Messias esperado e proclamou-o salvador e luz do
mundo. Compreendeu que, doravante, o destino de cada homem se decidia pela
atitude assumida perante Ele; Jesus será ruína ou salvação. Como dirá João
Baptista: Ele tem na mão a joeira para separar o trigo bom da palha (cf. Mt 3,
12).
É o que acontece, a outra escala, também hoje: no novo templo de Deus que é a Igreja, os homens «encontram» Cristo, aprendem a conhecê-lo, recebem-no na Eucaristia, como Simeão o recebeu nos braços; a sua palavra torna-se, aí, para eles, luz e o seu corpo força e alimento. É a experiência que fazemos, sempre que vamos à missa. A comunhão é um verdadeiro encontro entre Deus e nós. Hoje, essa experiência é acentuada pelo simbolismo da festa: a procissão com que entramos na igreja com o sacerdote, levando a vela acesa e cantando, era, sinal deste ir ao encontro de Jesus que nos chama no interior da sua igreja, na esperança de irmos ao seu encontro um dia no "Hypapante" eterno, quando formos nós a ser apresentados por Ele ao Pai.
A Candelária é festa de luz. A luz da fé não nos foi dada apenas para iluminar o nosso caminho, desinteressando-nos dos outros…
A luz da fé também não é para ter acesa apenas
na igreja, ou em certos momentos, mas em todos os momentos e situações da nossa
vida… A nossa fé há de ser luz que ilumina, fogo que aquece… É luz e fogo quem
é compreensivo e bom com todos… quem sabe apoiar os pequenos esforços… os
pequenos progressos… quem tem palavras de amizade, de estímulo, de apoio… quem
sabe dizer uma boa palavra, dar uma ajuda… O amor cristão tem a sua origem em
Deus que nos amou e nos enviou o seu Filho com quem nos encontramos em vários
momentos da nossa vida, particularmente quando celebramos a Eucaristia. Esse é
o nosso encontro, enquanto esperamos o encontro definitivo no Céu.
Ó Jesus, eis-me
aqui para fazer a vossa vontade. Quero estar atento e ouvir as vossas ordens,
os vossos desejos, que me chegam através da vossa Palavra, das orientações dos
vossos representantes na terra, dos acontecimentos da minha vida e da vida dos
meus irmãos. Uno-me à oblação generosa do vosso divino Coração. Que quereis que
vos faça? Dizei-mo, pelos meus pastores, pelas vossas inspirações, pela vossa
providência. Falai, Senhor, que o vosso servo escuta. Iluminai-me com a vossa
luz divina e refleti-la-ei nos meus irmãos.
«Eis-me aqui,
meu Deus, para vos servir e para fazer a vossa vontade: Eis a serva do Senhor:
faça-se em mim segundo a tua palavra». Esta é a regra, Maria obedece. Está
escrito na lei, no Levítico e no Êxodo. A jovem mãe apresentar-se-á no templo
para ser purificada, quarenta dias depois do nascimento de um filho e oitenta
dias depois do nascimento de uma filha.
Maria não
costuma hesitar quando se trata da lei. Cumpre tudo à letra, segundo a Lei de
Moisés. No quadragésimo dia, está em Jerusalém. Não examina se está dispensada
pelo carácter sobrenatural da sua maternidade. A hesitação não lhe vem, é a
lei. Como o seu divino Filho, renuncia a todo o privilégio e, contente com a
sorte comum, obedece à lei. Jesus obedece e deixa-se levar, apresentar,
resgatar, Maria obedece também e deixa-se purificar.
Como Jesus, Maria leva no
meio do seu Coração a lei de Deus, como sua regra de vida. Oh! Como esta
obediência pontual, humilde, heroica, condena todas as nossas hesitações, toda
a nossa procura de exceções e de dispensas! Maria podia dizer: Eis a serva do
Senhor. E eu posso dizer: Ecce venio: eis que venho, Senhor, para obedecer,
para fazer a vossa vontade. Eis o teu servo.
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