segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Terça-feira – IV Semana –Tempo Comum – Anos Pares 30 Janeiro 2018



Terça-feira – IV Semana –Tempo Comum – Anos Pares
30 Janeiro 2018
Primeira leitura: 2 Samuel 18, 9-10.14b.24-25ª.30 – 19, 3
Já na fase da decadência do reino, David enfrenta a revolta do seu filho Absalão. Desejando dominar a revolta, David pede que seja poupada a vida do filho. Mas o jovem, ao fugir, fica pendurado nos ramos de um carvalho e é morto por Joab que, com isso, pensa agradar ao rei.

A liturgia apenas nos faz escutar alguns versículos desta dramática narrativa. David espera novidades da frente de batalha. Os servos começam por lhe dar as boas notícias. O drama explode quando, a uma pergunta directa do rei, têm de lhe comunicar a morte do filho.
 David desata a chorar amargamente. O filho, morto em combate, já não é um inimigo, mas um simples rapaz. O júbilo da vitória transformou-se em luto intenso. David tinha perdoado a vida a Saul (1 Sam 24 e 26); como não havia de perdoar ao filho?

O mais específico, mas também o mais difícil do cristianismo, é o perdão dos inimigos: «Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam… Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam…Também os pecadores fazem o mesmo». Neste sentido, David foi um cristão antes do cristianismo.
O amor de David para com o seu filho Absalão dá-nos uma ideia, ainda que pálida do amor de Deus, nosso Pai, para com todos os seus filhos, ainda que pecadores. Ao receber a notícia da morte de Absalão, David não pensa na revolta, na ingratidão, na falta de amor do filho. Pensa no jovem Absalão, que já não é um inimigo, mas um pobre rapaz, um filho morto. Por isso, chora a
amargamente e a vitória transforma-se em luto pesado.
É assim que Deus trata os seus filhos pecadores: «É assim que Deus demonstra o seu amor para connosco: quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós» (Rom 5, 8). Diante dos filhos mortos pelo pecado, Deus como que Se esquece de Si e dos seus direitos para os fazer voltar à vida.

Evangelho: Mc 5, 21-43
Marcos apresenta-nos, hoje, dois gestos decisivos de Jesus contra a morte: a cura da mulher que sofria de um fluxo de sangue e a cura da filha de Jairo. A perda de sangue era, para a mulher hebreia, uma frustração vital, porque, não poder ter descendência, equivalia à morte prematura (cf. Gen 30, 1). A filha de Jairo estava mesmo morta e teve que ser «ressuscitada». Jesus livra ambas da morte mostrando que é o verdadeiro Messias, porque a sua palavra suscita vida.

Os dois episódios estão entrelaçados um no outro, revelando pontos de contacto e diferenças. No caso da filha de Jairo, a súplica do pai recebe uma resposta pronta de Jesus, que imediatamente se dirige para sua casa. Mas a caminhada é abruptamente interrompida com a intervenção da mulher que sofria do fluxo de sangue. Contrasta o comportamento de Jairo, homem influente, e o da hemorroíssa que se aproxima furtivamente de Jesus. Ambos têm a mesma confiança em Jesus e obtêm uma resposta pronta:
A mulher, primeiro é secretamente curada da sua doença física; depois é curada da sua timidez, dos seus complexos: a mulher ganha coragem, fala com Jesus, estabelece uma relação com Ele. Foi curada e foi salva.

No caso da menina, Jesus tem uma reacção diferente: enquanto tinha incitado a mulher, que se apresentara em segredo, a mostrar-se diante de todos, aqui ordena a Jairo, que fizera publicamente o seu pedido, que não divulgasse o milagre.
O evangelho está cheio de lições muito concretas para nós. Aqueles que se dirigem a Jesus, para obter graças, fazem-no de diversos modos. Jesus também responde de diferentes modos. Por vezes, parece não querer ouvir quem lhe faz a súplica. Outras vezes, antecipa-se a conceder a graça, ainda antes que alguém lha peça.

Jairo, um homem importante, não hesita em pedir, com humildade, a cura da filha.
A hemorroíssa, pelo contrário, tem vergonha em pedir, porque a sua doença a excluía do contacto com os outros. Além disso, temia mais uma desilusão, depois de tantas que tivera com os médicos.
Jesus atende-os os dois, porque ambos revelam uma grande fé. Mas trato-os de modo diferente. Obriga a mulher a dar a cara, talvez para ensinar que nenhuma doença, nenhuma condição humana, são motivo de exclusão, e que basta a fé para ser curado por Ele. Jairo, pelo contrário, ocupando um lugar de prestígio na sociedade, é, por assim dizer, convidado à sobriedade e à reserva: poucos discípulos assistem à ressurreição da menina, e Jairo não deve fazer publicidade do facto. Estando em causa uma criança, era preciso respeitar-lhe os sentimentos, evitar os excessos da curiosidade pública, e fazê-la voltar rapidamente a uma vida normal: «mandou dar de comer à menina».
O evangelho dá-nos lições de respeito pela privacidade das pessoas…

Quanta felicidade sinto em ser filho do Pai que está no Céu. Mas sou ainda mais feliz quando penso que “Deus mostrou o Seu amor por nós porque, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm 5, 8). Amou-nos quando “éramos (Seus) inimigos!” (Rm 5, 10). Então sinto uma ilimitada gratidão no coração por Deus-Pai, por Cristo e sinto-me tão feliz que, como S. Paulo, exclamo: “Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores e eu sou o primeiro” (Tm 1, 15).
A Igreja, Povo de Deus, é comunidade-comunhão, que não pode comportar qualquer tipo de exclusão. A sua lei fundamental, o amor, implica respeito pela dignidade de todo o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus. O amor, sobre o qual se funda a comunhão, é o amor-oblativo, idêntico ao do Pai e de Cristo, um amor criativo, gratuito, universal, que sabe compreender, perdoar, salvar, transformar…
Senhor Jesus, dá-me a fé e a confiança da mulher doente, e a humildade de Jairo, para que, indo ao teu encontro e procurando tocar-te e falar-te, me deixe tocar por Ti e escute a tua palavra salvadora. Tu sabes bem do que eu preciso. Derrama sobre mim o amor e a misericórdia do Pai. O teu poder venceu a morte e deu-nos a vida. Cura em mim tudo quanto me impede de viver com a dignidade de um filho do Pai que está no Céu. Dá-me a vida, para que a tenha em abundância.  
Fonte: resumo e adaptação de um texto de "dehonianos.org/portal/liturgia"

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