Quinta-feira - IV Semana –-Tempo
Comum – Anos Pares - 1 Fevereiro 2018
Primeira leitura: 1 Reis 2,
1-4.10-12
Tal como os
patriarcas e os grandes chefes de Israel, David, ao ver aproximar-se a morte,
reúne os seus filhos para lhes ditar as últimas vontades e pronunciar sobre
eles a bênção final (Gn 49; Dt 33; Jos 23-34; 1 Sam 12). Apesar dos seus erros
e pecados, David «seguiu os caminhos do Senhor» e pôde juntar-se aos seus pais,
de acordo com as expressões do Deuteronómio de dos livros históricos (v. 10).
A permanência
de Salomão no trono fica condicionada à observância dos mandamentos e preceitos
da Lei de Moisés, enquanto na formulação da profecia de Natan não havia
quaisquer condições (cf. 2 Sam 7, 14-16). Deduz-se, por isso, que o nosso texto
foi composto durante o exílio e constitui um chamamento implícito à conversão.
Os desterrados deviam saber que a restauração da monarquia, e a continuidade
dinástica estavam condicionadas ao cumprimento das cláusulas da Aliança.
Evangelho: Mc 6, 7-13
A proclamação
do reino não se faz de modo ocasional. Jesus cria uma «instituição» que põe em
movimento e planifica o anúncio da Boa Nova. São os Doze que, depois da visita
a Nazaré, Jesus envia em missão, dando-lhes os seus próprios poderes (cf.
v. 7).
Distinguimos no texto três momentos:
Distinguimos no texto três momentos:
-no primeiro,
Jesus dá orientações quanto ao estilo de vida dos missionários: não devem levar
provisões, mas confiar na generosidade daqueles a quem se dirigem;
- o terceiro
momento é o da execução: os discípulos partem, pregam a conversão, fazem
exorcismos e curas com sucesso (vv. 12s.).
Contentar-se
com o essencial da vida, que se apoia na absoluta confiança no Senhor, é
condição indispensável para estar ao serviço da Palavra. Isto tem a ver com
cada um dos missionários, mas também com a própria Igreja que, não só há-de ser
Igreja dos pobres, mas também Igreja pobre.
David, antes de
dar ao filho Salomão orientações sobre o modo de tratar os inimigos do reino,
recomenda-lhe a obediência fiel aos preceitos da Lei, única condição para o
sucesso de qualquer empresa em que se venha a meter.
Num mundo que pretende organizar-se como se Deus não existisse, os crentes hão-de fazer-se eco desta advertência de David a Salomão. Num mundo de abundância, é fácil, para os próprios crentes, esquecer-se do essencial. A pressão dos media também pode levar-nos a orientar a nossa vida pelos lugares comuns em voga, ou a deixar-nos guiar por sondagens televisivas, quando ordenamos a nossa escala de valores.
Bem diferentes
são os parâmetros propostos pelas leituras de hoje. Escutámos as recomendações
de David a Salomão. Mas também Jesus, no evangelho, manda aos discípulos
dispensar coisas que nos parecem indispensáveis. Nas suas viagens missionárias
não hão-de levar «nem pão, nem alforge, nem dinheiro no cinto». Podem ir
«calçados com sandálias» mas não devem levar «duas túnicas» (cf. Mc 6, 8-9).
É verdade que
precisamos de alimentação e de umas tantas coisas para sobrevivermos. É verdade
que a saúde, a família e o trabalho são importantes. Mas nada disso se há-de
sobrepor a Deus. Nada disso se há-de sobrepor ao Reino e à missão que nele nos
é confiada. Nada disso é condição indispensável para ser discípulos do Senhor
ou para O servir. Em vez de nos desculparmos com essas necessidades e com esses
valores para não nos comprometermos no voluntariado, para não darmos o devido
tempo à oração, para não nos dedicarmos o tempo ao serviço dos irmãos e ao
apostolado, procuremos primeiro a palavra do Senhor, e tudo o resto virá por
acréscimo.
O valor do
homem não está em "ter" muito, mas no "ser", e o
"ser" do homem é tanto mais perfeito quanto mais experimenta que «só
Deus basta» e vive na sua intimidade: "Procurai primeiro o Reino dos Céus
e tudo o resto vos será dado por acréscimo" (Mt 6, 33).
Este
ensinamento de Jesus torna-se eficaz quando é testemunhado com a vida, quando
um cristão demonstra, com a sua existência, que se torna cada vez mais pessoa
humana, prescindindo de tantos bens, que os homens consideram indispensáveis.
Se esse cristão for também religioso e missionário, o absoluto de Deus, o
desapego dos bens e a confiança na Providência divina, não só devem ser
realidades, mas também aparecer como tais aos olhos dos outros cristãos. Se
assim não for, o religioso, o missionário, podem tornar-se contra-testemunho.
E também não basta o testemunho pessoal deste ou daquele religioso, deste ou daquele missionário. É indispensável o testemunho comunitário, o testemunho das próprias comunidades eclesiais.
Senhor, quando
devo partir em missão, faço uma lista de muitas coisas a levar, porque as julgo
necessárias. Hoje, Tu confundes-me, apresentando-me uma lista… do que não devo
levar. Eu sei que não me queres desmazelado, mas apenas ensinar-me que não devo
preocupar-me com demasiadas coisas… para não esquecer a confiança em Ti. Além
disso, se aqueles a quem me envias me vissem excessivamente preocupado comigo
mesmo, a minha pregação seria um contra-testemunho.
Se me vissem utilizar meios poderosos, poderia
tornar-se menos visível o poder da tua graça. Por isso, Te peço: afasta de mim
a tentação de pôr a segurança da minha vida e o êxito da minha missão nas
coisas ou nos meios a utilizar. Que eu me abra a Ti com um coração cada vez
mais livre.
Nosso Senhor
indica aos apóstolos três condições requeridas para o sucesso da sua missão. A
primeira é o espírito de desinteresse. «Recebestes gratuitamente, dai
gratuitamente». Que os vossos ouvintes vejam que não é por ganho, mas pela
salvação das almas e pela felicidade dos homens que trabalhais.
A segunda é o
desapego das coisas da terra e o amor da santa pobreza: «Não leveis convosco
nem ouro nem provisões».
A terceira é a
mais inteira confiança nos cuidados e na protecção da divina Providência: «O
trabalhador tem direito ao seu alimento». Estas condições são ainda hoje as do
sucesso.
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.otg/portal/liturgia”
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