quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

VI Feira-II Semana –– Tempo Comum – Anos Pares.19 Janeiro 2018



VI Feira-II Semana –– Tempo Comum – Anos Pares.19 Janeiro 2018 

Primeira leitura: 1 Samuel 24, 3-21

À medida que avançamos na leitura do primeiro livro de Samuel, verificamos que a figura de David é cada vez mais engrandecida, muitas vezes à custa da de Saul. É certo que também Saul pronuncia belas palavras sobre David: «É esta a tua voz, ó meu filho David?» E Saul elevou a voz, soluçando. 18E disse a David: «Tu portas-te bem comigo, e eu comporto-me mal contigo. 19Provaste hoje a tua bondade para comigo, pois o Senhor havia-me entregado nas tuas mãos e não me mataste». Mas faltou-lhe dar o último passo: libertar-se do ódio, da inveja e da sede de vingança, oferecendo a David o abraço da reconciliação. 

O que faltou a Saul, superabundou em David: venceu Golias, triunfou nos campos de batalha, e triunfou sobre si mesmo ao controlar a paixão do ódio e da vingança até limites que suscitam comoção e emocionam. A nobreza e a magnanimidade de David são realmente notáveis. O contraste com Saul fica ainda mais evidente, mostrando a justeza do seu afastamento e da eleição do humilde filho de Jessé.

Evangelho: Mc 3, 13-19

Jesus forma a sua nova família, um grupo de pessoas dispostas a acolhê-lo, embora também elas devam ainda converter-se. Embora falemos de família, para acentuar a relação pessoal e afectiva que deve existir entre Jesus e os seus discípulos, o grupo apresenta uma valência estrutural mais ampla: são o novo Israel, os fundamentos da futura Igreja. 
Tudo acontece sobre um «monte». Os montes são lugares propícios para as revelações de Deus (cf. 6, 43; 9, 2). As grandes decisões de Deus sobre o seu povo foram tomadas sobre os montes (cf. Ex 1, 20; 24, 12; Num 27, 12; Dt 1, 6-8, etc). Aqui é Cristo que chama, escolhe e constitui a comunidade. Marcos não diria isto, se não acreditasse que Jesus era Deus. O grupo é convocado para «ir ter com Ele» (v. 13 e, em primeiro lugar, para «estar com Ele» (v. 14). 
O novo povo de Deus constitui-se à volta de Jesus, que se apresenta como referência absoluta, assumindo uma função que pertencia à Lei. Isto causava escândalo aos Judeus. Os discípulos recebem os próprios poderes de Jesus, actuando com a força do Evangelho. A vocação implica a missão, está em função dela.

David, perseguido por Saul, tem oportunidade de se vingar dele, matando-o. Mas respeita a sua dignidade e oferece-lhe mais uma oportunidade de reconciliação: «Deus me guarde de fazer tal coisa ao meu senhor, o ungido do Senhor, estender a minha mão contra ele, pois ele é o ungido do Senhor!… Se eu cortei a ponta do teu manto e não te matei, reconhece que não há maldade nem revolta contra ti. Não pequei contra ti e tu, ao contrário, procuras matar-me. Que o Senhor julgue entre mim e ti!».
O reconhecimento da dignidade do outro, dignidade querida por Deus, é a base da reconciliação, em qualquer conflito. David dá-nos também um belo exemplo de fidelidade, cheio de actualidade, num mundo onde a falta dela já quase não causa espanto. Mas Deus é fiel, e o homem, criado à imagem e semelhança de Deus, não pode deixar de ser fiel. 

Os apóstolos, chamados a partilhar a vida e a missão de Jesus, aprenderão que a lealdade e a fidelidade comportam o dom de si mesmo. A lealdade e a fidelidade que, antes de serem virtudes cristãs, são virtudes humanas que libertam o homem dos caprichos dos seus instintos e das emoções passageiras. A fé leva-me a ser leal e fiel porque me revela a lealdade e a fidelidade de Deus. 

Todo o cristão, e particularmente o religioso, deve "respeito" e "lealdade" para com os seus semelhantes e especialmente para com os seus superiores, ainda que nem sempre sejam modelos de virtude. A violência, mesmo contra os inimigos; o é uma atitude digna dos discípulos d´Aquele que disse: "Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração" (Mt 11, 29). Muito menos digna será quando visar satisfazer a ânsia de domínio, privando os outros da sua liberdade, ou instrumentalizando-os para afirmação de si mesmo. É fechar-se no próprio egoísmo, sem reconhecer a dignidade humana dos outros, e despedaçando a verdadeira relação pessoal
Fonte: adaptação local de um texto de "dehonianos.org/portal/liturgia"

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