S. Agostinho,
Bispo e Doutor da Igreja
28 Agosto 2017
Santo Agostinho nasceu em Tagaste, na actual Argélia,
no ano 354. A sua mãe, Santa Mónica, educou-o cristãmente. As suas qualidades
intelectuais depressa se revelaram, apontando para um futuro brilhante como
mestre de retórica. Apesar de tudo, enveredou por uma vida dissoluta.
Mas não se apagou nele a sede nem a ânsia da
verdade. Leu o Hortêncio, de Cícero, e a Sagrada Escritura. Não se
entusiasmou e acabou por aderir ao racionalismo e ao materialismo dos
Maniqueus. Rumando à Itália, conheceu o bispo Santo Ambrósio de Milão. Reviu as
suas posições acerca da Igreja Católica, voltou a ler a Bíblia e abriu-se
definitivamente à luz e à riqueza de Cristo.
Batizado em 387, regressou a África e fundou a sua
primeira comunidade monástica em Tagaste, organizando-a segundo o modelo das
comunidades de que nos falam os Atos dos Apóstolos. Em 391 foi ordenado
sacerdote pelo bispo Valério, a quem sucedeu no governo da diocese de Hipona,
no ano 395. Transferiu a sua comunidade para a casa episcopal, e dedicou-se ao
ministério da Palavra e à defesa da fé. Escreveu mais de duzentos livros, e
quase um milhar de sermões e cartas. Morreu a 28 de Agosto de 430.
Primeira leitura: 1 João 4, 7-16
“Deus é amor”. Por isso, mais do que procurá-lo com os olhos ou a mente, há que procurá-lo com o coração.
Além disso, só os puros de coração verão a Deus (cf. Mt 5, 8). Se queremos ver
a Deus, também com os nossos olhos, há que purificá-los, afastando as
imperfeições que nos impedem ver a Deus. “Deus é amor”.
Que rosto, forma, estatura, pés, mãos, tem o amor? Não sabemos dizê-lo. Mas dispomos de pés para ir à
Igreja, de mãos para fazer o bem, os olhos para ver os necessitados. O campo
para exercer o amor é a caridade fraterna. Podemos
dizer que não vemos a Deus; mas não podemos dizer que não vemos os homens.
Se amamos os irmãos, veremos a Deus, porque veremos a própria caridade, e Deus
habita na caridade.
Evangelho: Mateus 13, 8-12
O amor precede a observância dos mandamentos. A amor é
a causa geradora da observância dos mandamentos. Não se trata só de nos amarmos
uns aos outros, mas também de amar a Deus. Se o amor é a plenitude da lei (cf.
Rm 13, 10), onde há caridade nada mais pode haver. Pelo contrário, onde não há
caridade, nada nos pode vale; quem ama não pode deixar de acreditar. Só amando
a Deus podemos amar a nós mesmos e aos outros como a nós mesmos. Havemos de
amar a todos para que Deus seja tudo em todos.
Santo Agostinho é uma verdadeira parábola de amor
apaixonado. A inquietação do coração, a saudade, o desejo, que o enchem
interiormente, manifestam-se na procura
incansável da verdade e do amor, num clima de oração permanente. Agostinho
procura a sua própria identidade, a semelhança divina. Abre completamente a
Deus o seu passado, o seu presente e o seu futuro, na certeza de que só Deus é capaz de vencer as suas
resistências, medos, fraquezas humanas e saciar
a sua sede.
“Fizeste-nos para Ti, Senhor, e o nosso coração está
inquieto enquanto não repousar em Ti” (Confissões 1, 1).
À luz da verdade reencontrada, Agostinho vê claramente
o seu pecado e a necessidade da graça, da intervenção divina, e dá-se conta da
orgulhosa pretensão do seu eu. Mas tudo acontece, agora, no centro do seu
perene diálogo com Deus. Foi Deus quem o despertou, porque o ama. Esta certeza
é para Agostinho garantia de que a graça de Cristo vencerá o seu pecado. Será
restaurado nele “a ordem do amor” e, com essa restauração, poderá experimentar
a bem-aventurança da paz e da liberdade sem fim.
“Chamastes, clamastes e
rompestes a minha surdez… Tocaste-me e agora desejo ardentemente a paz”
(Confissões, 10, 27).
Senhor, eu amo-te. Trespassaste o meu coração com a
tua palavra e desde então amei-te. O céu e a terra dizem-me que devo amar-te e
não cessam de o dizer a todos. Quando te amo, não amo uma beleza corporal, uma
graça passageira, a claridade de uma luz amável, os sons de uma qualquer
melodia, o perfume de flores, de unguentos ou aromas, do maná ou do mel, ou
membros que se entregam ao abraço: nada disso amo quando amo o meu Deus. E
todavia amo uma certa luz, uma certa voz, um certo perfume e alimento e amplexo
quando amo o meu Deus, luz, voz, perfume, alimento, amplexo do meu homem
interior, onde brilha na minha alma aquilo que nada contém… É isso que amo,
quando amo o meu Deus” (inspirado em Santo Agostinho, Confissões X, 6.8).
«Ó Deus, dizia, é possível a alguém saber que sois
Deus e que vos não ame? – Ó beleza sempre antiga e sempre nova, tarde vos
conheci, tarde vos amei! – Fizestes-nos para vós, Senhor, e o nosso coração
está sempre agitado, enquanto não repousa em vós». A regra composta por ele
para a sua ordem religiosa foi justamente chamada a regra de amor. Ela respeita
o mais puro amor de Deus e do próximo.
“Ama e faz o que queres” (S. Agostinho, Comentário a 1
Jo VII, 8).
Fonte: resumo e adaptação local de um texto de:
"dehonanos.org/portal/liturgia"
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