quinta-feira, 22 de março de 2018

SEXTA-FEIRA – 5ª SEMANA DA QUARESMA 23 MARÇO 2018


SEXTA-FEIRA – 5ª SEMANA DA QUARESMA
23 MARÇO 2018 
Primeira leitura: Jeremias 20, 10-13

Jeremias chamou o povo à conversão durante anos: Mas o povo não o quis escutar. Agora, deve anunciar que o juízo de Deus é irrevogável, e que o castigo vai abater-se sobre Israel: Jerusalém irá cair às mãos do rei de Babilónia. É nesta situação, extremamente difícil e dolorosa, que o profeta pronuncia a sua última «confissão» (vv. 7-18). 

O texto é simultaneamente autobiográfico e paradigmático do destino do verdadeiro crente. Jeremias evoca a sua vocação (vv. 7-9), recorda os momentos de mal-estar e de rebeldia, provocados pelas perseguições, pelas calúnias e pelas traições de que foi vítima (v. 10). 

Mas Jeremias, tal como Job, depois destes momentos de desabafo, renova o seu acto de fé em Deus (vv. 11-13) que sempre esteve com ele e que jamais o abandonará: «O Senhor, porém, está comigo, como poderoso guerreiro» (v. 11). Foi o que Deus lhe tinha garantido no momento em que o chamou: «Eu estou contigo para te salvam (Jer 1, 19). Estas palavras ecoaram em cada um dos momentos da vida do profeta, particularmente nos mais difíceis. E continuam a ecoar. Por isso, Jeremias rende-se completamente a Deus, deixando para trás as resistências e as rebeldias.

Evangelho: João 10, 31-42

Durante os dias da festa da Dedicação do Templo, Jesus anda livremente no pórtico de Salomão, quando é rodeado pelos judeus que, mais uma vez, o interrogam.
O Senhor responde-lhes com frontalidade. Gera-se, então, mais um vivo debate, que aumenta de intensidade, a ponto de os adversários de Jesus agarrarem em pedras para O lapidarem. Várias vezes tinham tentado prendê-lo’ O por causa das suas «obras», nomeadamente as curas em dia de sábado. Agora acusaram-no de blasfemo, por se fazer igual a Deus, sendo um homem (v. 33).

Jesus responde, primeiro referindo a Palavra de Deus, que todos aceitam, e, depois, apelando para a obras realizadas, que os seus adversários puderam testemunhar. Trata-se da última tentativa para lhes abrir o coração à fé. Jesus apela para as suas obras que são «palavra».
Se Jesus não é condenável por causa de nenhuma delas, porque não acreditar na verdade do que diz? Mas a comunicação manifesta-se impossível. Por isso, Jesus volta para além do Jordão, onde João dera testemunho da verdade, onde apareceram os primeiros discípulos, e onde muitos começam a acreditar. Na experiência da recusa, brota um germe de fé nova, que antecipa o evento pascal.

A primeira leitura de hoje faz-nos entrar nos sentimentos de Jesus, e ajuda-nos a compreender, por quanto é possível, a vitória que alcançou na sua paixão. Jeremias, tendo anunciado o castigo de Deus, sente-se abandonado por todos, e enfrenta a hostilidade da multidão. Sabe que não se pode salvar pelos seus próprios meios, e abandona-se a Deus: «Senhor do universo, examinas o justo, sondas os rins e os corações. Que eu possa contemplar a tua vingança contra eles, pois a ti confiei a minha causal».
 O abandono nas mãos de Deus é já uma vitória. Mas o profeta não renuncia à vingançe, entregando-a, todavia, nas mãos de Deus, que é justo e saberá fazer justiça. E um primeiro passo. Mas Jesus irá mais longe. Não lhe escutamos palavras semelhantes durante toda a Paixão. Ele sabe que o Pai lhe há-de fazer justiça, punindo o pecado, porque o mal não pode triunfar. Mas afirma-o com sentimentos de profunda dor, e até chorando, como faz quando fala da destruição da Jerusalém, que resiste à conversão (cf. lc 13, 34). No alto da cruz, não pede a Deus a vingança dos seus inimigos, mas que lhes perdoe: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!» (Lc 23, 34).

No evangelho, Jesus revela a sua identidade, não só por meio de palavras, mas também por meio de obras: «Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai». Diante desta afirmação, mais uma vez os ânimos se dividem. Enquanto «muitos ali creram nel(!», outros não acreditaram e até se acirraram mais contra Ele.
Provavelmente estas tendências contraditórias, no que se refere à fé, talvez também se encontrem nos nossos corações. A nossa caminhada de fé tem momentos altos e momentos baixos. Por vezes, temos a sensação de que a multidão, de que nos fala o evangelho de hoje,; dentro de nós. Jesus ensina-nos a resistir a estas oscilações perigosas. Para isso, é preciso fundamentar-nos solidamente na Sagrada Escritura. Aí encontramos as palavras que dão fundamento e solidez à nossa fé porque, nelas, descobrimos a Palavra que é Jesus Cristo. 

Dando solidez à nossa fé, a Palavra de Deus, sobretudo os evangelhos, permitem sintonizar os nossos sentimentos com os de Jesus Cristo. Assim, depois de um esforço semelhante ao que fez Jeremias, será mais fácil para nós reagirmos à maneira do Coração de Jesus, durante toda a sua vida, e particularmente na sua Paixão.
Senhor Jesus, Tu afirmaste solenemente à multidão que invectivava contra Ti: «Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai>. Assim mostraste que Te revelas, não só por palavras, mas também por obras. Ajuda-me a viver em união contigo, e a escutar atentamente as tuas palavras, para ter em mim os sentimentos que estavam no teu Coração. Que nas minhas actividades, que em todas as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis, com as minhas palavras e com as minhas obras, eu posso ser sinal do teu amor sem limites. Que saiba perdoar aos meus irmãos todas as suas faltas para comigo, imaginárias ou reais. Que eu saiba rezar por eles, e oferecer-me generosamente, em espírito de amor e de reparação.
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia/”

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