SEXTA-FEIRA – 5ª SEMANA DA QUARESMA
23 MARÇO 2018
Primeira leitura: Jeremias 20, 10-13
Jeremias chamou
o povo à conversão durante anos: Mas o povo não o quis escutar. Agora, deve
anunciar que o juízo de Deus é irrevogável, e que o castigo vai abater-se sobre
Israel: Jerusalém irá cair às mãos do rei de Babilónia. É nesta situação,
extremamente difícil e dolorosa, que o profeta pronuncia a sua última
«confissão» (vv. 7-18).
O texto é
simultaneamente autobiográfico e paradigmático do destino do verdadeiro crente.
Jeremias evoca a sua vocação (vv. 7-9), recorda os momentos de mal-estar e de
rebeldia, provocados pelas perseguições, pelas calúnias e pelas traições de que
foi vítima (v. 10).
Mas Jeremias,
tal como Job, depois destes momentos de desabafo, renova o seu acto de fé em
Deus (vv. 11-13) que sempre esteve com ele e que jamais o abandonará: «O
Senhor, porém, está comigo, como poderoso guerreiro» (v. 11). Foi o que Deus
lhe tinha garantido no momento em que o chamou: «Eu estou contigo para te
salvam (Jer 1, 19). Estas palavras ecoaram em cada um dos momentos da vida do
profeta, particularmente nos mais difíceis. E continuam a ecoar. Por isso,
Jeremias rende-se completamente a Deus, deixando para trás as resistências e as
rebeldias.
Evangelho: João 10, 31-42
Durante os dias
da festa da Dedicação do Templo, Jesus anda livremente no pórtico de Salomão,
quando é rodeado pelos judeus que, mais uma vez, o interrogam.
O Senhor
responde-lhes com frontalidade. Gera-se, então, mais um vivo debate, que
aumenta de intensidade, a ponto de os adversários de Jesus agarrarem em pedras
para O lapidarem. Várias vezes tinham tentado prendê-lo’ O por causa das suas
«obras», nomeadamente as curas em dia de sábado. Agora acusaram-no de blasfemo,
por se fazer igual a Deus, sendo um homem (v. 33).
Jesus responde,
primeiro referindo a Palavra de Deus, que todos aceitam, e, depois, apelando
para a obras realizadas, que os seus adversários puderam testemunhar. Trata-se
da última tentativa para lhes abrir o coração à fé. Jesus apela para as suas
obras que são «palavra».
Se Jesus não é
condenável por causa de nenhuma delas, porque não acreditar na verdade do que
diz? Mas a comunicação manifesta-se impossível. Por isso, Jesus volta para além
do Jordão, onde João dera testemunho da verdade, onde apareceram os primeiros
discípulos, e onde muitos começam a acreditar. Na experiência da recusa, brota
um germe de fé nova, que antecipa o evento pascal.
A primeira
leitura de hoje faz-nos entrar nos sentimentos de Jesus, e ajuda-nos a compreender,
por quanto é possível, a vitória que alcançou na sua paixão. Jeremias, tendo
anunciado o castigo de Deus, sente-se abandonado por todos, e enfrenta a
hostilidade da multidão. Sabe que não se pode salvar pelos seus próprios meios,
e abandona-se a Deus: «Senhor do universo, examinas o justo, sondas os rins e
os corações. Que eu possa contemplar a tua vingança contra eles, pois a ti
confiei a minha causal».
O abandono nas mãos de Deus é já uma vitória. Mas o profeta não renuncia à vingançe, entregando-a, todavia, nas mãos de Deus, que é justo e saberá fazer justiça. E um primeiro passo. Mas Jesus irá mais longe. Não lhe escutamos palavras semelhantes durante toda a Paixão. Ele sabe que o Pai lhe há-de fazer justiça, punindo o pecado, porque o mal não pode triunfar. Mas afirma-o com sentimentos de profunda dor, e até chorando, como faz quando fala da destruição da Jerusalém, que resiste à conversão (cf. lc 13, 34). No alto da cruz, não pede a Deus a vingança dos seus inimigos, mas que lhes perdoe: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!» (Lc 23, 34).
O abandono nas mãos de Deus é já uma vitória. Mas o profeta não renuncia à vingançe, entregando-a, todavia, nas mãos de Deus, que é justo e saberá fazer justiça. E um primeiro passo. Mas Jesus irá mais longe. Não lhe escutamos palavras semelhantes durante toda a Paixão. Ele sabe que o Pai lhe há-de fazer justiça, punindo o pecado, porque o mal não pode triunfar. Mas afirma-o com sentimentos de profunda dor, e até chorando, como faz quando fala da destruição da Jerusalém, que resiste à conversão (cf. lc 13, 34). No alto da cruz, não pede a Deus a vingança dos seus inimigos, mas que lhes perdoe: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem!» (Lc 23, 34).
No evangelho,
Jesus revela a sua identidade, não só por meio de palavras, mas também por meio
de obras: «Se não faço as obras do meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as
faço, embora não queirais acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis
a saber e ficareis a compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai». Diante
desta afirmação, mais uma vez os ânimos se dividem. Enquanto «muitos ali creram
nel(!», outros não acreditaram e até se acirraram mais contra Ele.
Provavelmente
estas tendências contraditórias, no que se refere à fé, talvez também se
encontrem nos nossos corações. A nossa caminhada de fé tem momentos altos e
momentos baixos. Por vezes, temos a sensação de que a multidão, de que nos fala
o evangelho de hoje,; dentro de nós. Jesus ensina-nos a resistir a estas
oscilações perigosas. Para isso, é preciso fundamentar-nos solidamente na
Sagrada Escritura. Aí encontramos as palavras que dão fundamento e solidez à
nossa fé porque, nelas, descobrimos a Palavra que é Jesus Cristo.
Dando solidez à nossa fé, a Palavra de Deus, sobretudo os evangelhos, permitem sintonizar os nossos sentimentos com os de Jesus Cristo. Assim, depois de um esforço semelhante ao que fez Jeremias, será mais fácil para nós reagirmos à maneira do Coração de Jesus, durante toda a sua vida, e particularmente na sua Paixão.
Dando solidez à nossa fé, a Palavra de Deus, sobretudo os evangelhos, permitem sintonizar os nossos sentimentos com os de Jesus Cristo. Assim, depois de um esforço semelhante ao que fez Jeremias, será mais fácil para nós reagirmos à maneira do Coração de Jesus, durante toda a sua vida, e particularmente na sua Paixão.
Senhor Jesus,
Tu afirmaste solenemente à multidão que invectivava contra Ti: «Se não faço as
obras do meu Pai, não acrediteis em mim; mas se as faço, embora não queirais
acreditar em mim, acreditai nas obras, e assim vireis a saber e ficareis a
compreender que o Pai está em mim e Eu no Pai>. Assim mostraste que Te
revelas, não só por palavras, mas também por obras. Ajuda-me a viver em união
contigo, e a escutar atentamente as tuas palavras, para ter em mim os
sentimentos que estavam no teu Coração. Que nas minhas actividades, que em
todas as circunstâncias, mesmo nas mais difíceis, com as minhas palavras e com
as minhas obras, eu posso ser sinal do teu amor sem limites. Que saiba perdoar
aos meus irmãos todas as suas faltas para comigo, imaginárias ou reais. Que eu
saiba rezar por eles, e oferecer-me generosamente, em espírito de amor e de
reparação.
Fonte: Resumo e adaptação local de um texto de
“dehonianos.org/portal/liturgia/”
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