SÁBADO – 5ª SEMANA DA
QUARESMA - 24 MARÇO 2018
Primeira leitura: Ezequiel 37, 21-28
Ezequiel
anuncia simbolicamente o regresso de Israel do exílio e a reunificação do povo
sob a orientação de um só rei-pastor. Já aconteceu o castigo anunciado, a
deportação para Babilónia, em 586 a. C. Mas trata-se de um castigo terapêutico
e temporal, em vista da purificação da idolatria e da cura da desobediência. A
promessa de Deus é uma aliança eterna. O Espírito do Senhor repousa sobre o
povo, e o povo é chamado a repousar na terra do seu Deus, em paz e em
prosperidade. Deus está para sempre no meio do seu povo. Assim todos ficarão a
saber que é Javé, «o Senhor que santifica Israel» (v. 28), e quem é Israel, o
povo santificado pela presença de Deus. Como diz o próprio Deus: «Serei o seu
Deus e eles serão o meu povo (J» (v. 27), com a carga afectiva que manifestam
os dois pronomes possessivos.
Evangelho: João 11, 45-56
Os chefes dos
judeus estão de cabeça perdida. O «sinal» da ressurreição de Lázaro fez precipitar
os acontecimentos, e decidiram matar Jesus, que se tornara demasiadamente
incómodo e perigoso. As multidões já O tinham querido proclamar rei,
declarando-o libertador da nação. Se continuar assim, os Romanos irão intervir
e destruir o templo, coisa que, de modo nenhum, pode acontecer.
Jesus afirmara
ser o novo templo, o ponto de convergência de todo o Israel e da humanidade
inteira. Mas a sua palavra não foi compreendida. E aparece Caifás que intervém
com toda a sua autoridade: a eliminação de Jesus é uma exigência de estado. O
bem comum exige que seja eliminado. E tudo isto se torna profecia. A missão de
Jesus consiste, de facto, em reunir os filhos de Deus dispersos e em fazer de
todos os povos um povo novo, na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É
o que acontece, porque Ele dá a vida «pelos» homens. Enquanto os judeus levam
por diante o processo histórico, o Pai vai realizando o seu desígnio de
salvação, graças à adesão filial de Cristo à sua obra. O evangelista João passa
habilmente da história à teologia.
Caifás afirma
que Jesus deve morrer em nome dos superiores interesses da nação. O evangelista
João acrescenta que deve morrer, não só pela razão invocada, mas também para
reunir os filhos de Deus dispersos: «Não só pela nação, mas também para
congregar na unidade os filhos de Deus que estavam dispersos». A morte de Jesus
realiza, de modo inimaginável, aquilo que já fora anunciado por Ezequiel,
quando da dispersão e do cativeiro em Babilónia: «Eu tomarei os filhos de
Israel de entre as nações, por onde se dispersaram; vou reuni-los de toda a parte
e reconduzi-los ao seu país».
Para realizar a
unidade do povo de Deus, perspectivam-se dois caminhos: o dos Judeus, que passa
pela morte de Jesus, para evitar a reacção violenta dos romanos contra o templo
e contra a nação; o caminho de Deus, inconsciente expresso por Caifás: «convém
que morra um só homem pelo povo ]». A morte de Jesus realiza a unidade e
garante-a com a sua presença no meio de nós como verdadeiro Templo de Deus.
Estamos, de
facto, dispersos entre as nações, mas também desunidos entre nós.
Mas Cristo está
connosco para nos reunir e reconciliar, de acordo com o projecto do Pai. Para
isso, morreu e ressuscitou. A obra da redenção, que realiza no coração do
mundo, passa pela reconciliação e pela unidade do seu povo.
Ajuda-me a
percorrer também esse caminho, para entrar na glória, que começa desde já. Que
jamais eu ceda à tentação de fugir do combate, permitindo que a divisão se
radique no mundo, e fazendo coro com os teus inimigos. Ajuda-me a aceitar
generosamente a luta, confiando na tua graça, invocada na oração. Assim
participarei, desde já, na vitória definitiva do amor e na alegria do Pai..
o Espírito
Santo é o laço pelo qual Nosso Senhor nos une ao seu Pai e a si mesmo. Foi a
graça que Nosso Senhor pediu para nós na sua oração depois da ceia. «Pedi por
vós, diz aos seus apóstolos, e por todos aqueles que, esclarecidos e
convertidos pela pregação evangélica, hão-de acreditar em mim, a fim de que
todos formem um mesmo corpo, do qual eu sou o chefe, que eles sejam um, na
unidade de uma mesma fé, de uma mesma esperança, de um mesmo amor, como o meu
Pai está em mim e eu nele, para que vós também sejais um em nós e assim o
mundo, tocado pelo divino espectáculo da vossa caridade fraterna e da vossa
vida celeste, seja forçado a reconhecer no estabelecimento da Igreja uma obra
divina e sobre-humana e acredite que meu Pai me enviou para salvar o mundo».
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto
de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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