VI FEIRA – 4ª SEMANA DA PÁSCOA
Primeira leitura: Actos 13, 26-33
O discurso de Paulo, em Antioquia da Pisída, pode
resumir-se assim: o evangelho é a consumação de tudo quanto Deus fez, anunciou
e prometeu ao seu povo.
No fundo, Paulo usa os mesmos argumentos de Pedro no
seu primeiro discurso, no dia de Pentecostes. Provavelmente era um esquema
habitual para quem anunciava o Evangelho em ambientes judaicos.
Jesus, injustamente condenado, foi reconhecido justo
por Deus na ressurreição. É esta a palavra de salvação, a boa nova, a
realização da promessa feita aos pais (cf. v. 32). Deus é suficientemente forte
para vencer o mal, ainda o mais horrível. Deus salva aqueles que acreditam no
seu poder, esse poder com que ressuscitou Jesus.
Ao anunciar a ressurreição, Paulo fundamenta-se em
«testemunhas» (v. 30), transmitindo aquilo que recebeu. Sabe que não é
testemunha, como Pedro e os outros Apóstolos, mas tem consciência de pertencer
ao grupo dos missionários. Por isso, acrescenta: «nós estamos aqui para vos
anunciar a Boa-Nova de que a promessa feita a nossos pais».
Evangelho: João 14, 1-6
As primeiras palavras de Jesus, no quarto evangelho,
«Que procurais?»(1, 38), têm resposta neste capítulo 14: «Na casa de meu Pai há
muitas moradas» (v. 2). Jesus anunciara a sua partida no capítulo 13. A
afirmação de fidelidade, por parte de
Pedro, é contrabalançada pelo anúncio da sua negação.
Os discípulos estavam decepcionados. No capítulo 14, João apresenta-nos Jesus a
inculcar-lhes segurança e confiança. Eles devem acreditar em Jesus como
acreditam em Deus. E devem confiar que a sua partida os favorece.
Mais ainda: conhecendo a Jesus, conhecem o caminho
para o Pai, porque é Ele o caminho. É tudo o que o homem precisa para se
salvar, porque o Pai está em Jesus para salvação do homem.
A partida de Jesus implica o seu regresso, para
completar a missão que o Pai lhe confiou. Jesus voltará aos seus amigos depois
da crucifixão;
Ele e o Pai viverão naqueles ques os amam e guardam as
suas palavras; não se trata de uma manifestação expectacular, mas de uma
manifestação captada pela fé, através do Espírito; ainda que Jesus volte,
depois da sua morte, permanece em pé a sua vinda no fim dos tempos.
«Na casa de meu Pai há muitas moradas» (v. 2), dizia Jesus. Na mentalidade da época, o mais além tinha uma capacidade limitada.
Por isso, havia que pesar os vícios e as virtudes dos
candidatos à entrada. Só entraria quem tivesse um peso de virtudes superior ao
dos vícios.
Jesus afirma que, na vida do além, há lugar para todos
os seus discípulos. Estarão com Ele. E Ele é o caminho que leva à vida eterna:
«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim».
«Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim».
«Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus;
crede também em mim» (v. 1). A crucificação de Jesus causará grande perturbação
aos discípulos.
Por isso, Jesus prepara-os dizendo-lhes palavras de
consolação e de esperança. Irá repeti-las depois da ressurreição. Essas
palavras mostram aos apóstolos que a paixão era o meio querido por Deus para
renovar e salvar o homem.
Também para nós chegará, mais cedo ou mais tarde, o
momento da perturbação, motivado pelos ódios, pelas vinganças, pelas
violências, pela corrupção, pela indiferença, pela fome de dinheiro e de poder
que campeiam pelo mundo.
As nossas cidades tornaram-se semelhantes a Sodoma e a
Gomorra. Como é possível não ficar perturbados? A perturbação do coração
acrescenta dificuldades às dificuldades.
É uma reacção natural. Mas o Senhor diz-nos que
podemos ultrapassar tudo com uma atitude de fé, apoiando-nos no seu poder, na
sua riqueza. Somos fracos e pobres. Mas as riquezas do Senhor são também
nossas, e Ele está connosco sempre.
Quando diz que nos vai preparar um lugar, não quer
dizer que nos abandona, mas que sofrerá para transformar o homem, para o tornar
capaz de se aproximar de Deus. «Em Cristo, mediante a fé nele, temos a
liberdade e coragem de nos aproximarmos de Deus com confiança», escreve Paulo
aos Efésios (3, 12). E acrescenta «por isso, peço-vos que não desanimeis com as
tribulações que sofro por vós; elas são a vossa glória» (3, 13).
Graças à morte e à ressurreição do Filho, o homem pode
aproximar-se de Deus sem tremer, e cheio de um amor confiante e agradecido.
Foi desse modo que Jesus nos preparou um lugar na casa
do Pai. Ele continua a ser para nós, hoje, o caminho a verdade e a vida. Só com
Ele podemos ultrapassar os ciclones da ganância e da sensualidade sem limites,
e os ventos gélidos da injustiça e do cinismo.
Se alguém nos quiser levar por outros caminhos, não
esqueçamos que só Ele é o caminho. Se nos propuserem soluções mais avançadas,
lembremo-nos que só Ele é a verdade.
Se nos quiserem ensinar a viver mais intensamente e
com mais liberdades, recordemo-nos de que só Ele é a vida.
Senhor, ampara o meu coração vacilante. Como é difícil
resistir a tantos vendavais que parecem varrer da face da terra o património
espiritual acumulado durante séculos pelo trabalho generoso dos teus
missionários e pastores.
As nossas comunidades envelhecem, declina a prática
religiosa, são cada vez menos as vocações.
Vem, Senhor, em auxílio da minha fé vacilante. Não
quero abandonar-te, porque és tudo para mim. Apoia a minha esperança fraca, que
gostava de ver os novos tempos iluminados pela tua verdade. ~
Atiça a frágil chama do meu amor pelos irmãos, que
gostaria de ajudar a pôr em contacto Contigo. Sê para mim o caminho, a verdade
e a vida.
Fonte:
Resumo e adaptação de um texto de:
“dehonianos.org/portal/liturgia/”
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