QUINTA-FEIRA – 4ª SEMANA
–PÁSCOA
Primeira leitura: Actos 13, 13-25
Lucas empenhou-se em realçar a importância e a
transcendência decisiva do momento em que a igreja de Antioquia organizava
oficialmente a grande missão. Barnabé, Saulo e João Marcos partem.
Em Chipre alcançam a conversão do procurador romano,
Sérgio Paulo. Saulo passa a ser chamado com o nome romano de Paulo e, torna-se
o chefe da expedição, até aí dirigida por Barnabé. E começam os chamados «Actos
de Paulo».
De facto, o centro da narrativa recai sobre o discurso
de Paulo em Antioquia da Pisídia, perto da Galácia. Este discurso, que tem um
tom programático, faz lembrar o discurso de Jesus na sinagoga de Nazaré.
A história de Israel é apresentada nas suas linhas
gerais, centrando-se em David, a quem ficou ligada a promessa do Salvador. A
alusão a João Baptista tem dois objectivos: situar no tempo a actividade de
Jesus e apresentar João como precursor e testemunha.
Paulo quer chegar rapidamente a Jesus, Aquele em quem
se realizam as promessas. As comunidades da Diáspora estavam mais preparadas
para acolherem a mensagem dos primeiros missionários cristãos. É, pois, a elas
que Paulo se dirige, em primeiro lugar. Só depois, quando se sente recusado, se
dirige aos pagãos.
Evangelho: João 13, 16-20
Este texto conclui a secção do lava-pés. Esse gesto de
Jesus, para além de muitas outras lições, quer ser uma explicação do provérbio
que diz: «o servo não é maior do que o seu Senhor» (cf. Jo 15, 20; Mt 10, 24).
O discípulo não experimentará menos perseguições do
que o seu mestre. Provavelmente este provérbio surgiu do silêncio ou dos
protestos diante das palavras de Jesus: «dei-vos exemplo para que, assim como
Eu fiz, vós façais também», tomadas muito à letra (Jo 13, 15).
O provérbio que vem a seguir: «não é o servo mais do
que o seu Senhor, nem o enviado mais do que aquele que o envia» (v. 16)
acrescenta um outro aspecto que ilustra a relação entre Jesus e os discípulos.
Maltratar um embaixador, constitui uma gravíssima
injúria àquele que representa, àquele que o envia. Esta analogia é aplicada por
Jesus aos seus discípulos, que são enviados por Ele, tal como Ele foi enviado
pelo Pai.
Quem receber um enviado de Jesus, não só recebe o
próprio Jesus que envia, mas também o Pai que enviou Jesus. Assim se chega à
raiz última da missão. Um dos melhores modos de lavar os pés aos outros, talvez
o mais importante, é anunciar-lhes Cristo, tornando-O presente no meio deles.
Deus prepara-nos para os acontecimentos da vida, por
meio das Escrituras, por meio da história do povo eleito, por meio da história
de Jesus.
Sem essa preparação, correríamos o risco de ficarmos
desconcertados, escandalizados, de não os compreendermos de modo justo.
Mas se os enfrentarmos e vivermos à luz de Deus,
podemos dar-nos conta da graça que o Senhor nos oferece em cada um deles. Esta
afirmação não é uma teoria mais ou menos rebuscada. É o próprio Jesus que o
diz:
«Desde já vo-lo digo, antes que isso aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu sou» (v. 19).
Jesus disse estas palavras referindo-se à traição de Judas evocada nas palavras: «Não me refiro a todos vós. Eu bem sei quem escolhi» (v. 18).
«Desde já vo-lo digo, antes que isso aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu sou» (v. 19).
Jesus disse estas palavras referindo-se à traição de Judas evocada nas palavras: «Não me refiro a todos vós. Eu bem sei quem escolhi» (v. 18).
Entre os discípulos há alguém que não será fiel, que
trama traição. A fé dos restantes receberá um rude golpe. Parece que Jesus se
enganou ao escolher um deles. Na verdade, apenas obedeceu ao Pai, para que se
cumprissem as Escrituras.
Era preciso que Cristo enfrentasse o mal e o vencesse.
Era preciso que o mal chegasse muito perto de Jesus, e que a acção do maligno
se verificasse também no grupo dos mais íntimos do Senhor.
Deviam cumprir-se as Escrituras: «Aquele que come do
meu pão levantou contra mim o calcanhar» (v. 18). Quando os discípulos
verificaram que tudo se tinha realizado, puderam compreender o desígnio de Deus
e verificar como, por meio da traição, esse projecto se realizou. Puderam
dar-se conta de como o amor vence o ódio.
Paulo, ao pregar em Antioquia da Pisída, revela a
mesma mentalidade. Para falar de Jesus, da sua morte e da sua ressurreição, ao
seu povo, começa muito
longe; começa pela eleição do mesmo povo, percorrendo a sua história, até chegar a David.
longe; começa pela eleição do mesmo povo, percorrendo a sua história, até chegar a David.
Aí repete a promessa de Deus: «Encontrei David, filho
de Jessé, homem segundo o meu coração… Da sua descendência, segundo a sua
promessa, Deus proporcionou a Israel um Salvador, que é Jesus» (vv. 22-23).
Esta longa história é o fundamento da nossa fé. A
morte e a ressurreição de Jesus não foram obra do acaso. Foram longamente
preparadas por Deus na história. Por isso, iluminam toda a história futura.
Mergulhados como estamos nos acontecimentos, nem sempre nos damos conta do seu
sentido, correndo o risco de ficarmos desorientados. Por isso, devemos meditar
demoradamente no Antigo Testamento e no mistério de Cristo, sempre disponíveis
a fazer o que Ele quer, aqui e agora, ainda que seja algo de imprevisto.
A fé robusta e consistente não vem de fórmulas mais ou
menos perfeitas, que lemos ou ouvimos. Vem da experiência da vida, iluminada
pela palavra de Deus.
Algo de parecido ao que aconteceu aos discípulos de
Emaús, na tarde da Páscoa. Estavam desiludidos e desorientados pelos
acontecimentos. Mas, uma vez iluminados esses acontecimentos pela Palavra, logo
adquiriram sentido, se lhes aqueceu o coração e se lhes abriram os olhos.
Pai santo, infunde em mim uma fé robusta, uma
confiança inabalável. Sei que jamais faltas às tuas promessas, porque és um
Deus fiel.
Dá-me olhos para ver, na vida e nos acontecimentos que
me envolvem, a realização do teu projecto de salvação, apesar de tantos sinais
contrários.
Faz-me compreender que continuas a salvar o mundo e
cada um dos homens, também na conturbada situação histórica em que nos
encontramos, e que o mistério de Cristo, teu Filho, continua a realizar-se.
Fonte:
Resumo e adaptação de um texto de: “dehonianos.org/portal/liurgia/”
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