Segunda-feira – 1ª Semana da Quaresma
19 Fevereiro
2018
Primeira leitura: Levítico 19,
1-2.11-18
A primeira
leitura, que pertence ao chamado «Código de Santidade» que encontramos no
Levítico, apresenta a toda a comunidade de Israel o mandamento da santidade.
Mandamento motivado pela santidade de Deus (v. 2). Deus é o Totalmente Outro,
radicalmente diferente do que é o homem. Mas quere-o participante da sua
santidade.
Depois deste mandamento, seguem algumas normas
de moral pessoal e social. O respeito pela santidade de Deus deve inspirar o
respeito pelo próximo, particularmente pelos mais fracos e os deficientes (v.
14). Às exortações negativas: «Não fareis isto ou aquilo … », seguem exortações
prepositivas destinadas a construir uma sociedade humana mais fraterna: «amarás
o teu próximo como a ti mesmo (v. 18b). O amor pelos outros, fundamentado em
Deus, edifica a comunidade humana na santidade.
Evangelho: Mateus 25, 31-46
o texto de
Mateus está na linha da tradição apocalíptica bíblica e judaica. Trata-se de
uma revelação relativa às coisas últimas, ao juízo universal. Nela aparece o
Filho de homem, figura simultaneamente humana e celeste e que tem um papel
fundamental na instauração do reino de Deus e na recondução dos eleitos para
Deus. Jesus identifica-se com esta personagem gloriosa. Ele virá encerrar a
história, e assumir a realeza que foi escondida no tempo.
Tal como os
pastores reuniam, ao cair da noite, o rebanho e separavam os animais segundo a
espécie, assim fará o Rei-Pastor com a humanidade reunida à sua volta Esta
separação inclui um juízo.
O critério da
divisão será a caridade. Jesus mostra como esta figura real quer identificar-se
com cada um dos irmãos mais pequenos. É no encontro com cada um dos homens que
se joga o nosso destino eterno: usámos ou não usámos de misericórdia com eles.
Será essa a única matéria em exame no juízo final.
Ao pronunciar o
discurso que escutámos no evangelho, Jesus não quer descrever os acontecimentos
finais em si mesmos. Quer, sim realçar o significado central da sua pessoa. Os
homens serão julgados pela sua atitude diante da pessoa de Jesus, que Se
identifica com os carenciados: Mas essa atitude verifica-se pela atitude diante
dos outros, especialmente dos mais carenciados: foi «a mim mesmo o fizestes» ou
«foi a mim que o deixastes de fazer».
Por isso, nos
incita à misericórdia, à caridade, para com eles. Esta identificação
surpreende-nos. Esperávamos, talvez, que Deus ordenasse a caridade fraterna em
nome da sua vontade, que quer o bem e a felicidade de todos. Mas esse era o
modo de falar do Antigo Testamento: «Eu sou o SENHOR. Não odiarás … Não te
vingarás nem guardarás rancor aos filhos do teu povo, mas amarás o teu próximo
como a ti mesmo. Eu sou o Senhor?» (Cf. Lev 19, 16-18).
Apelando para a
sua autoridade divina, manda afastar de nós todo o mal, manda praticar a
justiça. É já caminho para a caridade. Trata-se de não fazer o mal a ninguém
por respeito a Deus. No evangelho, Jesus já não fala da sua autoridade, mas da
sua pessoa. Identifica-se com os pobres. Já não estamos diante da simples
justiça. Estamos diante da caridade. Já não é suficiente não fazer o mal. É
preciso fazer o bem, ir ao encontro dos carenciados. Os pecados de omissão
também serão objecto de juízo.
Nas
"alegrias" e nas "angústias" de cada homem, por bom ou mau
que seja, voltamos a ouvir a pergunta de Jesus: "A quem procurais?’ (Jo 1,
38); "Quem procurais?" (Jo 18, 4.7), "A quem procuras?’ (Jo 21,
15). Consciente ou inconscientemente a resposta é: "Queremos ver Jesus’ (Jo
12, 21), porque é Ele o nosso amor, a nossa alegria, a nossa paz e também
porque todo o anseio de redenção, de libertação, de bondade, de misericórdia,
de perdão, de ajuda … , até mesmo de remorso, é um querer ver Jesus. É Ele a
redenção, a libertação, a bondade, a misericórdia, o perdão personificados.
Onde esta
Jesus, onde actua o seu "amor que salva", também nós queremos estar
presentes, unidos "no seu amor pelo Pai e pelos homens" (Cst 17),
especialmente pelos "pequenos" e pelos "pobres" (Cst 28),
porque "Cristo se identificou" com eles (Cst 28; Cf. Mt 25, 40).
Senhor Jesus,
dá-me a dimensão divina da tua caridade. Quero ajudar-Te, ajudando todos os
irmãos carenciados de bens materiais, de atenção, de conforto e de compreensão.
Tu disseste: «O que fizestes a um destes pequeninos, foi a Mim que o fizestes».
No caminho de Damasco, disseste a Saulo que perseguia os cristãos; «Eu sou
Jesus a quem tu persegues-. A Martinho, que dividiu o manto com um pobre,
também disseste: «Hoje, Martinho catecúmeno revestiu-Me com o seu manto». Estes
exemplos iluminam o evangelho e dão-me força para percorrer o mesmo caminho,
certo de que, na atenção generosa para com todos os carenciados, começo desde
já a viver a vida eterna, porque Te amo como a mim mesmo, irmão em Cristo,
«O meu Pai e
eu, diz o Senhor, somos assim glorificados». É, de facto, o amor divino pelos
homens que é imitado e continuado. A nossa união fraterna faz a alegria de Deus
nosso Pai. Ela faz também a nossa força e a nossa consolação. As obras da
caridade fraterna são também um poderoso meio de apostolado e o instrumento da
conversão dos povos. O mundo vê que nos amamos e fica emocionado.
Esta caridade
tem tido os seus inumeráveis mártires, que têm fecundado a Igreja e enchido o
céu. Todos aqueles que sacrificaram a sua vida nos trabalhos e nos perigos do
apostolado sob todas as suas formas são mártires da caridade. Enfrentaram as
fadigas, as doenças, as dificuldades do clima, a hostilidade dos infiéis para
irem em socorro dos que sofrem ou que estão nas trevas da idolatria. Era o
espírito da caridade que os conduzia.
Fonte: Resumo e adaptação
local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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