QUARTA-FEIRA – 1ª SEMANA DA QUARESMA
21 Fevereiro
2018
Primeira leitura: Jonas 3, 1-10
O livro de
Jonas ensina-nos que a misericórdia de Deus não se limita ao povo eleito, mas
atinge todos os homens. O profeta é, pela segunda vez, enviado a Nínive,
capital da Assíria. Vai anunciar a destruição dessa enorme cidade, destruição
motivada pela maldade dos seus habitantes. Na primeira vez, Jonas tentou
esquivar-se à missão, demasiado grande para alguém tão pequeno e frágil. Como
poderia anunciar a destruição de uma superpotência, no seu próprio território?
Mas Deus não o deixou escapar. Agora, obediente, vai cumprir a missão que lhe
foi confiada.
Em nome de
Deus, dirige aos ninivitas palavras de ameaça de repreensão. A sua pregação
toca os corações, incluindo o do rei: «acreditaram em Deus», diz o texto,
usando o mesmo verbo com que Gen 15, 6 fala da fé de Abraão. Todos,
na cidade, fizeram penitência, com oração, em atitude de verdadeira conversão.
Os versículos
9ss. São muito importantes: a mudança de vida é apoiada pela esperança de que
os decretos de Deus não sejam irrevogáveis, de que Deus não deixará de perdoar
a quem se mostra arrependido. Os ninivitas, pagãos, revelam conhecer o verdadeiro
rosto do Deus de Israel, lento para a ira e rico de misericórdia.
Evangelho: Lucas 11, 29-32
Jesus recusa um
sinal que satisfaça a curiosidade e a sede do maravilhoso e, na sua resposta,
deixa intuir a sua verdadeira identidade: «aqui está quem é maior do que Jonas»
(v. 32). É ele o Sinal que Deus lhes envia. É Ele o Messias desejado, mas não
reconhecido, porque se apresenta de modo diferente àquele que Israel esperava.
«Para esta geração.
(v. 31), o Filho do homem é um apelo à conversão, tal como Jonas o foi para os
ninivitas. Como o profeta, Jesus não oferece sinais espectaculares, mas simplesmente
a Palavra e a misericórdia de Deus. A referência a Nínive e à rainha de Sabá
sublinha a universalidade do chamamento à salvação. Mas, enquanto alguns
povos pagãos souberam escutar os enviados de Deus, e se converteram, a geração
a quem Jesus se dirige, não O escuta, permanece na cegueira e na dureza de coração.
Há-de ser condenada pelos ninivitas e pela rainha de Sabá, no dia do juízo (w.
31ss), porque não soube reconhecer a Cristo, nas humildes aparências de Jesus
de Nazaré.
Os apelos à
conversão repetem-se durante este tempo da Quaresma. Há que escutá-los e
acolhê-los deixando-nos tocar e iluminar pela Palavra. Jonas dirigiu esse apelo
aos ninivitas. A nós é o próprio Jesus, bem «maior do que Jonas» que o dirige.
Por isso, devemos perguntar-nos se já começámos a converter-nos, a lutar
decididamente contra o mal que está em nós e fora de nós, no nosso mundo, com
as armas da oração e do sacrifício.
Não podemos
estar à espera de uma graça «barata» e «e de efeito fácil», ou estar à espera de
confirmações extraordinárias, de milagres ou de sinais convincentes.
O grande sinal
que o Pai nos envia é Jesus, que carrega sobre si as nossas culpas, para nos
salvar. Sinal do céu é o Crucificado. Voltar-nos para Ele e contemplá-Lo,
contemplar as suas chagas e, particularmente, o seu Lado aberto e o seu Coração
trespassado é o início e o caminho da conversão. Diante d ‘ Ele, ninguém pode
ficar indiferente, nem os pagãos, como os ninivitas, nem os crentes, como os
contemporâneos de Jesus. Muitos virão de longe – do pecado, de mentalidades e
culturas remotas – para tomar consciência da sabedoria do Crucificado. Muitos
hão-de converter-se, acreditando no Profeta feito Servo sofredor por amor. E
nós? Rezemos mais. Será a oração a dar-nos maior disponibilidade para acolher o
dom da misericórdia, que o Pai nos faz em Jesus Cristo, morto e ressuscitado, a
dar-nos maior disponibilidade para nos tornarmos, nós mesmos, dom para Deus e
dom para os irmãos.
Pai santo,
justo e misericordioso, que nunca Te cansas de me chamar à conversão, para que
possa experimentar a alegria da comunhão Contigo, perdoa-me se teimo em não me
abrir ao teu apelo.
Perdoa-me se hesito em abandonar-me a Ti, pedindo
sinais extraordinários e garantias seguras, a Ti que, para me salvar, perdeste
tudo na cruz.
Purifica-me,
purifica o meu medo, a minha mesquinhez, a dureza do meu coração. Infunde em
mim o teu Espírito, que me faça ver a medida infinita da tua misericórdia, a
profundidade insondável da tua sabedoria. Então, alegre e sereno, caminharei
mais expeditamente ao teu encontro, na caridade.
Fonte:
Resumo e adaptação local de um texto de “dehonianos.org/portal/liturgia”
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