Quinta-feira - XIV Semana - Tempo Comum
Primeira
leitura: Génesis 44, 18-21.23b-29;45, 1-5
Judá, desconhecendo estar na presença do irmão
José, tenta persuadi-lo a ficar com ele e não com Benjamim, por causa da
promessa feita ao pai (44, 18-21.23.29). Na segunda parte (45, 1-5) narra o
modo como José se deu a conhecer aos irmãos.
A atitude e as palavras de Judá, assinalam uma verdadeira mudança, uma conversão. Ele, com os irmãos, não teve escrúpulos de vender José aos ismaelitas, mas, agora, não está disposto a deixar Benjamim longe do velho pai. O passado não deve determinar o presente nem o futuro. Diante dessa atitude, José acaba por revelar a sua identidade aos irmãos.
Ao mesmo tempo revela uma inteligência da história que
apela para a providência divina: «Não vos entristeçais, nem vos irriteis
contra vós próprios, por me terdes vendido para este país; porque foi para
podermos conservar a vida que Deus me mandou para aqui à vossa frente» (40, 5).
O acto de crueldade, perpetrado pelos irmãos,
é lido por José e interpretado no horizonte mais vasto que é a história da
salvação. Deus é capaz de tirar o bem do
próprio mal. A reconciliação de José com os irmãos apoia-se na confiança
que tem em Deus: «Eu temo a Deus» (42, 18). É nesse horizonte que José coloca o
encontro com os irmãos.
Evangelho:
Mateus 10, 7-15
Os discípulos
devem anunciar a presença do Reino, tal como fizera João Baptista e, sobretudo, Jesus (4, 17). Quem acreditar
que o Reino é o Senhor, e viver como Ele, torna-se “sinal” da sua presença e
pode realizar curas, ressuscitar mortos, curar leprosos, expulsar demónios (v.
8). O mais importante é estar
conscientes das forças divinas que nos enchem, graças à paixão, morte e
ressurreição de Cristo. Recebemos de graça. Podemos projectar a nossa vida
pessoal e comunitária sobre a gratuidade.
O conteúdo da pregação dos discípulos está expresso nas afirmações relativas à paz. Os judeus saudavam-se desejando-se mutuamente a paz. Mas, aqui, há algo mais. É atribuída à paz a mesma eficácia que tem a Palavra de Deus. Onde se deseja a paz, acontece a paz. Esta paz equivale ao reino de Deus, a Cristo, nossa paz (cf. Mc 5, 34; Rm 5, 1; Ef 2, 14). Anunciar a paz é anunciar a Cristo e tudo o que Ele significa para o homem.
O missionário deve avançar “desarmado”: «Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforge para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem cajado» (vv. 9-10). Sabe que tem direito ao sustento (v. 10; cf. Lc 10, 7), à recompensa. Mas contenta-se com o necessário. Permanecerá junto de quem for digno de acolhê-lo (v. 11). Levará consigo o sinal distintivo, que é a paz. Quem a acolhe, acolhe o reino de Deus e todas as suas promessas de bênção. Quem não a acolhe, exclui-se de tudo. Por isso, tem sentido «sacudir o pó dos pés» (cf. v. 14), gesto de quem, ao entrar em Israel, deixava para trás a terra dos infiéis. Tal como Sodoma e Gomorra, foram arrasadas por não terem acolhido os enviados de Deus (Gn 19, 24ss.), assim também acontecerá àqueles que não acolherem o irmão e, portanto, o reino.
Na história de
José, encontramos sentimentos que, de algum modo, já anunciam os do Evangelho.
Ao revelar a sua identidade aos irmãos, José afirma: «Eu sou José, vosso irmão,
que vendestes para o Egipto» (45, 4).. Não aproveitou a actual situação dos
irmãos para se vingar, para humilhar, para castigar os irmãos. Não. José
conseguiu ler, nas tristes circunstâncias por que passou, a intenção salvadora
de Deus. «Vendeste-me» – afirmou. Essa era a realidade.
A história de
José é já Evangelho, porque é prefiguração da história de Jesus, da sua paixão
e glorificação. Como José foi praticamente condenado à morte por causa da
inveja dos irmãos, assim também Jesus foi entregue à morte por inveja. A
história de José, por vontade de Deus, terminou em glorificação. Assim Jesus,
aceitando voluntariamente a morte, foi glorificado à direita do Pai. José podia
ter punido severamente os irmãos, mas salvou-os.
Jesus podia ter usado o seu poder divino para
punir os pecadores, mas deu-lhes a ressurreição e a vida. A tremenda injustiça
da morte de Jesus transformou-se em salvação e justificação para todos. José,
quando da morte de Jacob, dirá aos seus irmãos, cheios de medo: «Não temais;
estou eu no lugar de Deus? Premeditastes contra mim o mal. Mas Deus
aproveitou-o para o bem, a fim de que acontecesse o que hoje aconteceu, e um
povo numeroso foi salvo.
Nada receeis,
então! Eu cuidarei de vós e das vossas famílias» (50, 19-21). José adere de
todo o coração à maravilhosa transformação realizada por Deus. Por isso, é
figura do Senhor Jesus e um modelo para nós. Enviados a anunciar a Palavra da
salvação, e a narrar que Deus em Cristo lança o seu olhar providente sobre a
história dos homens, o discípulo em missão não deseja «ouro, nem prata, nem
cobre» (v. 9), porque aprendeu que, «onde está o seu tesouro está também o seu
coração» (Mt 6, 21). Pertencer ao Senhor, e participar na sua missão, são
suficientes para encher o coração do discípulo, porque Ele é «o caminho, a
verdade e a vida» (Jo 14, 6).
Fonte: De um
texto resumido e adaptado localmente de :<dehonianos.org/portal/liturgia>
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