quinta-feira, 13 de julho de 2017

REFLEXÃO PARA A VI FEIRA DA XIV SEMANA DO TEMPO COMUM



Sexta-feira– XIV Semana – Tempo Comum

Primeira leitura: Génesis 46, 1-7.28-30

O reencontro de José com os seus irmãos e a reunificação da família de Jacob é o tema central da longa história do Génesis. O itinerário de Jacob, ligado ao de Abraão, torna-se uma última etapa decisiva na história da salvação de Israel. Se Abraão partiu de Ur para chegar à terra de Canaã, agora Jacob, da terra de Canaã, parte para o Egipto acompanhado, tal como Abraão, pela promessa: «tornar-te-ei ali uma grande nação» (v. 3). 

A etapa da descida ao Egipto é diferente da descrita no capítulo 28, porque Jacob, agora, conhece o seu interlocutor: «Eu sou o Deus de teu pai» (v. 3). Esta, como outras vicissitudes da sua vida, faz parte da história da salvação, que o próprio Deus guarda e orienta: « não hesites em descer ao Egipto… Eu mesmo descerei contigo…; e Eu mesmo far-te-ei voltar de lá » (vv. 3-4).

 A presença de Deus, mesmo em terra estrangeira, dá sentido a uma viagem que, de outro modo, seria incompreensível, pois afasta Jacob da terra prometida, à qual nem sequer regressará: «será José quem te fechará os olhos» (v. 4). A história de José representa a história de todos aqueles crentes que, fiados na Palavra de Deus, se abandonam aos seus desígnios.

Evangelho: Mateus 10, 16-23

O nosso texto reflecte a profecia de Jesus sobre a sorte dos seus discípulos, mas também a experiência posterior da Igreja, que descobriu todo o sentido das palavras do seu Senhor e Mestre. Quando Mateus escreveu, já muitos discípulos tinham sido presos, levados aos tribunais e executados por causa do «nome» de Jesus. 

O judaísmo oficial, pelo ano 70, declarou excomungados da Sinagoga todos aqueles que confessassem que Jesus é o Messias. E surgiu, ou acentuou-se a divisão e o ódio nas famílias: uns a favor de Jesus e outros contra. 

Os discípulos, particularmente os missionários, são comparados ao Cordeiro «que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29), Aquele que carregou sobre si os nossos pecados e os nossos sofrimentos (cf. Is 59, 11), para realizar o projecto de Deus, que quer salvar todos os homens (1 Tm 2, 4). 
A mansidão e a não-violência do missionário não são fraqueza nem masoquismo, mas vivência de duas virtudes aparentemente opostas: a prudência da serpente, como exercício de inteligência vigilante, realista e crítica, que evita o engano; a simplicidade da pomba, como exercício de um procedimento límpido e confiante, próprio de quem sabe estar nas mãos de Deus-Pai, poderoso e bom. Nos tribunais, há que confiar na presença e na acção do Espírito.

O futuro do discípulo não é róseo. O mal gera o mal e abala as próprias relações familiares. Mas quem suportar ser odiado, não pelos seus crimes, mas por causa de Cristo, será salvo.

A história de José mostra como aqueles que se fiam de Deus acabam por sair vitoriosos e por se tornar benfeitores para os outros. O acolhimento da chamada a partilhar a missão de Jesus também pressupõe absoluta confiança n´Aquele que chama. 
A missão de Jesus passou pelo despojamento da sua condição divina para se fazer homem entre os homens, servo (Fl 2, 7), vivendo entre os seus «como aquele que serve» (Lc 22, 27). Esta conformidade a Cristo «servo» é dada pelo Espírito que permite ao discípulo juntar, numa existência renovada, o agir e o ser, e assim unificar o amor para com Deus e para com o próximo no serviço prestado na verdade (cf. Mt 9, 13).

Em Cristo, a vida e a missão do discípulo são postas sob o signo da cruz gloriosa: «Aos que me batiam apresentei as espáduas e a face aos que me arrancavam a barba; não desviei o meu rosto dos que me ultrajavam e cuspiam. Mas o Senhor Deus veio em meu auxílio; por isso não sentia os ultrajes. Endureci o meu rosto como uma pedra, pois sabia que não ficaria envergonhado» (Is 50, 6s.). 

Também no momento do abandono e do fracasso, do medo que leva a olhar para trás, a fixar-se no passado em que se julga encontrar protecção, o discípulo confia a sua história à memória de uma Palavra consoladora: «Sou Eu, sou Eu o vosso consolador.
 Quem és tu para teres medo de um simples mortal, de um homem que acabará como a erva? Esqueceste o Senhor, teu criador, que estendeu os céus e fundou a terra.» (Is 51, 12s.). 
Assim, o Evangelho é subtraído a critérios de avaliação mundanos e é definitivamente entregue ao discernimento da palavra do Senhor: «Irmãos, não sejais crianças, quanto à maneira de julgar; sede, sim, crianças na malícia; mas, quanto à maneira de julgar, sede homens adultos» (1 Cor 14, 20).

fonte: resumo e adaptação local de um texto de: <dehonianos.org/portal/liturgia

Sem comentários:

Enviar um comentário