Quarta-feira - XV Semana – Tempo Comum
Primeira leitura: Êxodo 3, 1-6.9-12
Integrado na
família de Jetro, que lhe deu a filha Séfora como esposa, Moisés adapta-se à
nova forma de vida. Seguindo o rebanho, chega ao monte de Deus, o Horeb, no
Sinai (v. 1).
Será na solidão
do Horeb que Deus há-de vir ao seu encontro numa visão que marca a sua vida e,
sobretudo, a do seu povo, Israel, e a da Igreja de Cristo. Deus manda-o salvar
os seus irmãos escravos no Egipto, figura da humanidade oprimida, que o Enviado
de Deus, Jesus Cristo, há-de salvar.
A visão do
Horeb está na origem de uma das mais importantes páginas do Êxodo. Tudo começa
com um acontecimento inaudito: uma sarça ardia sem ser devorada pelo fogo (v.
2). Atraído pelo extraordinário acontecimento, Moisés aproxima-se e é
surpreendido pela palavra do Senhor, que se declara sensível ao sofrimento do
seu povo oprimido no Egipto. O seu grito de aflição chegou aos ouvidos de Deus,
que toma a iniciativa de salvar o seu povo. Mas quer salvá-lo com a mediação de
homens escolhidos, dispostos a colaborar no seu plano de redenção: «agora, vai;
Eu te envio ao faraó, e faz sair do Egipto o meu povo, os filhos de Israel» (v.
10).
Diante da
grandeza de um tal plano, Moisés sente-se pequeno e fraco, e expõe a Deus os
seus limites. Mas o Senhor garante-lhe: «Eu estarei contigo» (v. 12).
O episódio da
vocação de Moisés tem enorme importância na história da salvação. Deus
revela-se de dois modos complementares. Na sarça ardente, revela-se como força
vital. Não é, pois, simplesmente, o «Primeiro Motor Imóvel» dos filósofos, mas
uma «Chama viva», diferente de todas as outras, porque não consome, não precisa
de ser alimentada. Deus interessa-se pelos homens: «Eu sou o Deus de teu pai, o
Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacob», diz o Senhor a Moisés (v.
6). Muitas culturas representavam Deus como senhor das forças naturais: o Deus
da fecundidade, o Deus da vegetação, o Deus que se revela no trovão. Mas Deus
revela-se a si mesmo com Aquele que estabelece relações pessoais com pessoas
concretas, a quem se manifestou e com quem firmou aliança.
O nosso Deus é
um Deus que se interessa pelas pessoas, que se faz próximo, que se interessa
pelos homens. Isto não exclui que se manifeste através de forças naturais. Mas
a sua identidade profunda é estar presente, fazer-se próximo, interessar-se
pelas suas criaturas.
Quando Deus
começa uma obra, leva-a até ao fim. A acção do homem insere-se na iniciativa
divina, de que se torna simples colaborador. Deus quer realizar as suas obras com
a colaboração do homem.
Deus revela-se
como Deus vivo, Deus próximo, Deus que escuta o oprimido, Deus que salva, Deus
que ama os homens, Deus que ama o seu povo.
Evangelho: Mateus 11, 25-27
Jesus louva e
dá graças ao Pai por actuar de modo tão diferente da lógica humana que exalta o
poder e a força em qualquer âmbito da existência. Jesus verifica que são os
«pequeninos» que beneficiam da revelação do Pai (v. 25).
A revelação da
paternidade divina, de que Deus é Pai, sobretudo de Jesus e, por meio d´Ele,
dos crentes, é o núcleo fundamental da pregação de Jesus. Na paternidade divina
está resumido tudo quanto poderia dizer-se da relação de Deus com os homens. Na
filiação divina está resumido tudo o que poderia dizer-se da relação dos homens
com Deus. É, pois, o melhor resumo do evangelho.
O evangelista
aproveita a ocasião para declarar a consciência de Jesus e a fé da igreja no
mistério das relações trinitárias. Só quem se torna «pequenino», disponível a
entrar na lógica da gratuidade de Deus, pode compreendê-la.
As palavras de
Jesus correspondem totalmente a esta atenção divina: «Bendigo-te, ó Pai, Senhor
do Céu e da Terra, porque… revelaste estas coisas aos pequeninos» (v. 25). Deus
não se deixa impressionar pela grandeza, pela inteligência, pela sabedoria
humanas. Mas tem particular atenção para com os pequenos.
Notemos também que Deus se revela como relação entre o Pai e o Filho: «ninguém conhece o Filho senão o Pai, como ninguém conhece o Pai senão o Filho» (v. 27). «Conhecer», na Bíblia, significa conhecimento de amor íntimo e profundo com alguém: Deus fez-se nosso próximo, revelou-se pessoalmente a nós, a cada um de nós. Deus é o Bom pastor que se dá a conhecer às suas ovelhas e as chama pelo nome. É um Deus ardente, um Deus de fogo, um Deus de amor, que se revela e comunica com amor a to
do o homem que O procura de coração sincero. Deus é «Pai». Pai do Filho Unigénito, Pai de todos os que acolhem esse Filho. Pai em sentido verdadeiro, porque nos comunicou a sua própria vida e nos tornou herdeiros da sua glória.
Fonte: de um
texto de <dehonianos.org/portal/liturgia>
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