segunda-feira, 16 de julho de 2018

TERÇA-FEIRA – XV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 17 JULHO 2018


TERÇA-FEIRA – XV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 17 JULHO 2018
Primeira leitura: Isaías 7, 1-9

A partir dos anos 735-733 a. C. a independência política de Judá estava seriamente ameaçada, seja a partir da Assíria, seja a partir de Efraim, aliado à Síria. É com este pano de fundo que abre, no capítulo 7 de Isaías, o chamado «livrinho do Emanuel». Enquanto Acaz prepara a defesa de Jerusalém, e o seu abastecimento de água em caso de assédio, Isaías vai ao encontro dele, com o seu filho simbolicamente chamado «um resto há-de voltar». Não foi um encontro propriamente amistoso, dadas as posições opostas do rei e do profeta no que se referia a política de alianças. Enquanto o rei pretendia aliar-se à Assíria, contra Efraim e a Síria, o profeta opunha-se a essa ideia, insistindo na necessidade de confiar unicamente no Deus da Aliança e das Promessas. O rei pode levar por diante os seus intentos. Judá sofrerá as consequências. Mas Deus não vai faltar à aliança estabelecida com a casa de David. Sobrará «um resto», que garantirá o cumprimento das promessas. Os reis vizinhos são bem pouca coisa diante do rei de Jerusalém, que é o próprio Javé. Há, pois, que confiar plenamente n´Ele!
Acaz, céptico, deve ter sorrido às palavras de Isaías. O profeta, indignado, ameaça: «Se não o acreditardes, não subsistireis» (v. 9). Acaz devia saber que não era um rei semelhante aos seus vizinhos, mas apenas o representante de Javé, o verdadeiro rei de Jerusalém. Não aceitar essa condição era usurpar o lugar de Deus, era ser infiel à Aliança. Acaz despede-se com uma atitude diplomática de escuta. Mas o profeta não acredita nele.

Evangelho: Mateus 11, 20-24
«A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido» (Lc 12, 48). O texto que hoje escutamos ilustra bem esta afirmação de Jesus. Corazim, Betsaida e Cafarnaúm beneficiaram da primeira actividade taumatúrgica e missionária de Jesus (vv. 21.23). Mas não se converteram. Jesus aponta-as como protótipos da “geração caprichosa” , semelhante às crianças que, em vez de participarem no jogo que outras crianças organizam nas praças, ficam sentadas sem ligarem ao que se passa (cf. Mt 11, 16-19).

Os milagres, que Jesus realizou nas cidades próximas do lago de Genesaré, levantavam o véu sobre a sua identidade. Eram prova da acção do Espírito, da vitória sobre Satanás, da misericórdia de Deus, que sempre convida o extraviado a regressar à casa paterna. Eram, por assim dizer, obras-palavra, acções pedagógicas, cuja finalidade era levar ao acolhimento de Jesus e da sua mensagem, na fé: «Convertei-vos e acreditai no evangelho» (Mc 1, 15b). Mas as cidades da Galileia não corresponderam ao dom recebido. Tal correspondência pressupõe uma disponibilidade que vem da consciência da necessidade de ser salvo, de ser libertado do mal. Por isso, as cidades pecadoras, tal como Tiro, Sídon e Sodoma, são potencialmente mais dispostas ao evangelho e à conversão.
Acaz pensava que a estabilidade do seu reino podia vir da sua política de alianças. Mas Isaías insiste que a única garantia de estabilidade é a fé, que põe à nossa disposição a força de Deus. Na iminência da invasão sírio-efraimita, o rei treme e agita-se «como se agitam as árvores das florestas impelidas pelo vento» (v. 2). Mas Deus, por meio do seu profeta, diz-lhe: «Tranquiliza-te, tem calma» (v. 4). Trata-se de um claro convite à fé e à confiança n´Aquele que pode salvar (cf. Heb 7, 25). Precisamos de regressar a esta atitude de fé e confiança em Deus. Os nossos bons propósitos valem se, em vez de confiarmos em nós, confiamos em Deus. A vida cristã não existe sem a fé, e não subsiste se a fé não for alimentada e não crescer cada dia, porque, sem a fé, é impossível o amor.
A fé, todavia, não afasta a lucidez da análise do que acontece à nossa volta. Pelo contrário, permite ver em profundidade e tirar as últimas consequências dos fenómenos políticos, sociais, familiares… A fé não impede a aquisição da necessária competência para tratar as questões contingentes. Pelo contrário, estimula-a, com a certeza de que nada se perde, nem mesmo as derrotas e os fracassos, porque Deus é o salvador de tudo quanto existe. A fé alarga os horizontes para além das aparências, e permite reconhecer a obra do Espírito Santo, que orienta o homem para a plena revelação do Pai em Cristo. Abrir-se a este reconhecimento é abrir-se à alegria, mesmo nas dificul
dades e sofrimentos que a vida nos apresenta.
Ao analisar a sociedade do seu tempo, com todos os problemas que a afligiam, o Pe. Dehon não o faz como um qualquer sociólogo. O seu olhar de teólogo e de místico, o seu olhar de fé, leva-o a observar a causa mais profunda dos males da sociedade e os remédios adequados para os combater. O mal-estar social é consequência da recusa do amor de Cristo, é consequência do pecado. Para remediar esse mal-estar, é preciso instaurar o Reino de Cristo nas almas e nas sociedades; «a solução da actual questão social» está na «reparação por meio do puro amor…». Esta afirmação do Fundador, perante os seus noviços, pode soar a espiritualismo. Mas a intensa acção social em S. Quintino, os congressos, o jornal, a revista, e os muitos livros de denúncia das injustiças e de divulgação da doutrina social da Igreja, dizem-nos que era um homem com os pés bem assentes na terra. Mas a sua fé mostrava-lhe que, para além de todas as medidas humanas, só a vivência do puro amor pode construir a tão suspirada “civilização do amo
Senhor Deus, vivifica em mim o dom da fé, para que possa vivê-lo e testemunhá-lo. Perdoa a dureza do meu coração, que, por vezes, me leva a viver como se Tu não existisses, ou a querer-Te diferente do que és. Perdoa-me escandalizar-me pelo modo como Te revelas na vida de Jesus, e, sobretudo, pelo modo como hoje Te queres revelar na vida da Igreja, e de cada um dos cristãos, também da minha, com todas as contradições, incoerências, fragilidades e infidelidades.
Dá-me suficiente humildade para acolher-Te no modo como Te queres revelar: no Pão, na Palavra, no irmão, nos acontecimentos da história. .
Fonte: adaptação local de um texto de: “dehonianos.org/portal/liturgia”

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