QUINTA-FEIRA – XV SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES -
19 JULHO 2018
Primeira leitura: Isaías 26, 7-9.12.16-19
Este texto integra-se num bloco de capítulos (24-27)
do livro de Isaías. São versículos extraídos de uma oração (Is 26, 7-19), que
faz parte do chamado «Apocalipse de Isaías».
O profeta começa com um grito de rectidão e justiça
legal, que é todo um programa de vida: «O caminho do justo é recto; é o Senhor
quem prepara o caminho do justo» (v. 7). A comunidade reunida em solene
liturgia responde, afirmando a sua confiança na justiça de Javé.
Isaías serve-se provavelmente de algum salmo popular,
retocando-o e incorporando-o no cântico triunfal dos versículos anteriores. Os
justos buscam o nome de Javé, isto é, o próprio Deus, na medida em que é
possível à limitação humana conhecê-lo, compreendê-lo, amá-lo. Nada poderá
desviá-los desse centro de gravidade. Deus realiza as suas obras no meio dos
povos, para que todos possam conhecê-lo e viver de acordo com a sua vontade.
Sem Deus, todo o empreendimento humano é abortivo. Só
na comunhão com Deus podemos alcançar todos os bens e ter sucesso nas nossas
iniciativas: «és Tu que realizas todos os nossos empreendimentos» (v. 12). A
intervenção de Deus dará novamente a vida a um povo de «mortos», para uma nova
e alegre existência (v. 19). O orante proclama uma esperança segura, expressão
de fé n´Aquele a quem tudo pertence.
Evangelho: Mateus 11, 28-30
Depois de ter dado graças ao Pai pela revelação
recebida, e de ter anunciado o conteúdo dessa revelação (Mt 11, 25-27), Jesus
dirige um convite-chamamento a todos «cansados e oprimidos» (v. 28). A imagem
do «jugo» (v. 29) fazia parte, primeiramente, da relação «escravo-senhor».
Depois foi aplicada à relação «discípulo-mestre». As alianças humanas, também
com a divindade, exprimiam-se em categorias de submissão-obediência.
A lei de Moisés, tal como a aplicavam os escribas (cf
Mt 23, 4), era um «jugo» particularmente duro, um «jugo insuportável» (Heb 12,
10). Cada mestre tinha que impor um «jugo» aos seus discípulos. Os discípulos
de Jesus são convidados a pôr-se ao lado d´Ele, a carregar o mesmo jugo, a
levar o mesmo estilo de vida: o dos mansos e humildes, dos pobres e pequenos,
que compreenderam o mandamento novo da obediência a Deus e do serviço aos
irmãos. O jugo, em si mesmo, é pesado. Mas, levá-lo com Jesus, é causa de
doçura. O amor exige pesada renúncia aos próprios instintos egoístas. Mas abre
os horizontes da verdadeira vida.
Isaías convida os seus ouvintes à confiança no Senhor,
sempre fiel às suas promessas, atento aos pobres e oprimidos. Do mesmo modo que
Deus devasta as cidades pagãs, tornando impraticáveis os seus caminhos, assim
também aplana a estrada daqueles que conformam a vida aos seus preceitos.
Os que esperam no Senhor, e desejam ardentemente estar
em comunhão com Ele, serão saciados de todos os bens, simbolizados na paz.
O que os homens do Antigo Testamento desejavam e
esperavam, foi-nos dado em Jesus Cristo: «Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos … e encontrareis descanso para o vosso espírito». Jesus
experimentou os nossos cansaços. Por isso, nos compreende, como compreendeu os
Apóstolos, quando, depois de um dia de missão, lhes disse: «Vinde e descansai
um pouco» (Mc 6, 31). Ser compreendido já alivia o sofrimento.
Hoje muitos de nós experimentamos o cansaço e a
opressão de uma vida intensa e exigente, muitas vezes marcada por duras
tribulações. O Senhor permite-as para que O busquemos: «Senhor, na tribulação,
nós recorríamos a ti» (v. 16). É este recurso ao Senhor que nos permite
suportar os sofrimentos da vida e torná-los úteis e fecundos, para nós, para o
mundo, para a Igreja. E melhor será, se soubermos escutar o convite do Senhor:
«Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de
coração e encontrareis descanso para o vosso espírito» (v. 29).
Parece uma contradição: carregar um jugo para
descansar! Mas o jugo de Jesus é um jugo de amor. Estando sós, os nossos
esforços são vãos, e o sofrimento aproxima-se do desespero, porque não vemos o
sentido das nossas fadigas. Mas se aceitarmos o jugo de Jesus, e caminharmos
com Ele, tudo ganha sentido, tudo se torna fecundo, e temos a certeza de
caminhar para a luz e para a vida.
«Aprendei de Mim que sou manso e humilde de coração e
encontrareis repouso para as vossas almas. O Meu jugo é suave e a minha carga é
leve» (Mt 11, 29-30). Jesus não engana ninguém, e muito menos nos engana a nós,
chamados a percorrer o seu próprio caminho. As exigências do amor evangélico
são um “jugo”, uma “carga”. Podem, por vezes, exigir-nos heroísmo, como no caso
do amor pelos inimigos, no fazer o bem a quem nos faz mal, no rezar pelos nossos
perseguidores; mas o “jugo” de Jesus é “suave”, a sua “carga leve”, porque Ele
o carregou antes de nós e agora o leva connosco. Faz-se presente a nós,
particularmente no dom dos sacramentos, e na efusão do Espírito Santo, para ser
o nosso amparo e guia no caminho das virtudes, possibilitando-nos exercê-las
até de modo heróico, irradiando os Seus saborosos frutos na vida comunitária e
no apostolado. Assim, podemos transmitir alegria e paz àqueles que encontramos.
Assim, como Jesus, podemos vencer o mal praticando o bem. Assim, podemos semear
esperança, e gritar aos nossos contemporâneos: «Despertai e rejubilai…! O teu
orvalho é um orvalho de luz, que fará renascer os que não passavam de sombras»
(v. 19).
Senhor, venho ao teu encontro carregando o peso do meu
dia, com o peso dos sofrimentos que oprimem os que me são próximos. Mas dou
Contigo a carregar a tua cruz e as cruzes de todos os homens, de quem Te
fizeste solidário, irmão.
Obrigado Senhor! Como poderia levar sozinho a minha
cruz, se nem posso comigo?
Obrigado pelo teu convite: «Vinde a mim, todos os que
estais cansados e oprimidos, que Eu hei-de aliviar-vos».
Apoiado por Ti, e em Ti, quero ajudar e levar alívio a
tantos irmãos e irmãs, que sofrem muito mais do que eu. No amor, estou certo,
todo o peso se torna leve.
Fonte: adaptação local de um texto de F. Fonseca em
“Dehonianos.org/portal/liturgia”
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