segunda-feira, 8 de outubro de 2018

TERÇA-FEIRA – XXVII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 9 OUTUBRO 2018

TERÇA-FEIRA – XXVII SEMANA –TEMPO COMUM – ANOS PARES - 9 OUTUBRO 2018 Primeira leitura: Gálatas 1, 13-24 Depois de afirmar que o seu Evangelho é o de Jesus Cristo, Paulo apresenta as suas credenciais de apóstolo. É um texto importante, de carácter autobiográfico. O Apóstolo recorda aos Gálatas a sua mudança radical: de tenaz defensor da Lei, e feroz perseguidor da igreja de Cristo, tornara-se seu audaz apóstolo e defensor. O evangelho que Paulo prega não se fundamenta no seu passado judeu, não brotou das práticas de fariseu zeloso. A revelação recebida no caminho de Damasco revolucionou completamente o seu modo de pensar e de agir. Paulo está consciente de que Deus o escolheu e chamou desde o seio de sua mãe em vista de um evento absolutamente gratuito: a revelação de Jesus a anunciar a todos, também aos pagãos (cfr. vv. 15 e 16). A tradução «… revelar o seu Filho em mim» é muito expressiva. A sua vocação é semelhante à dos profetas, à de Jeremias, por exemplo. Por isso, não opõe resistência e, sem recorrer a «conselhos humanos» (v. 16), parte para a Arábia, deixando-se envolver na aventura de anunciar a Jesus Cristo. A absoluta independência do evangelho de Paulo verifica-se também pelo facto de que, só num segundo momento, sente necessidade de «conhecer a Cefas», indo a Jerusalém, onde permaneceu «quinze dias» (v. 18). As palavras de Paulo têm o sabor da verdade profunda acolhida e a luz de um evento vivido em plenitude. Evangelho: Lucas 10, 38-42 Este texto foi usado ao longo dos séculos para “justificar” a vida activa, figurada em Marta, e a vida contemplativa, figurada em Maria. Mas, mais importante que os dois estados de vida, são as duas atitudes interiores. Jesus vai a caminho de Jerusalém, rumo à consumação do mistério pascal da nossa salvação: «continuando o seu cami¬nho, Jesus entrou» (v. 38). Em Betânia, entra em casa de Lázaro, onde Marta, irmã de Maria e de Lázaro, faz as honras da casa. Mas parece que estavam só as duas irmãs. Por isso, a entrada de Jesus na casa é um gesto audacioso. Na verdade, para Ele, «já não conta ser judeu ou grego, homem ou mulher»; o que conta é ser «nova criatura» que, na relação com Ele, se afirma (cfr. Gal 6, 15). Marta acolhe Jesus; Maria senta-se a seus pés e escuta a palavra. Aqui, a atenção não está centrada em Jesus que fala, mas na “mulher-verdadeira-discípula” acocorada a seus pés e esquecida de tudo quanto não seja Ele e a sua palavra. Marta, pelo contrário, «andava atare¬fada» (v. 40), em grande tensão, quase diríamos, alienação, com o que havia para fazer. Então, com alguma petulância, como se pode entrever numa tradução literal do v. 40: «adiantando-se» ou, mais rigorosamente, «pondo-se por cima», Marta perturba a quieta contemplação das palavras de Jesus e da escuta de Maria. Marta quase acusa Jesus de não ligar atenção e interesse aos seus serviços. É então que Jesus aproveita a ocasião para repreender, não o útil serviço que Marta está a prestar, mas a excessiva inquietação e preocupação que lhe marcam negativamente o agir. Já noutra ocasião Jesus dissera: não vos preocupeis com o que haveis de vestir, ou comer, ou com qualquer outra coisa (cfr. Mt 6, 25-34). Mas a escolha de Maria foi acertada, porque deu atenção à única coisa que interessa, isto é, à escuta da Palavra. É a melhor parte que não será tirada a quem ama. Para justificar a sua missão de Apóstolo, diante dos Gálatas, Paulo usa um argumento que me toca profundamente. Também eu, «desde o seio minha mãe» fui escolhido e chamado a viver a realidade baptismal da minha adopção filial, com tudo o que essa escolha e essa vocação comportam de dom inestimável da parte de Deus e de compromisso perseverante da minha parte. Num mundo marcado por grande confusão e pela desesperada perda de sentido, num mundo onde os mass media, em si mesmos tão positivos, mas manipulados pelas cegas forças do eficientismo materialista, “macaqueiam” os «caminhos da paz», falsificando a vida e a morte, é urgente acolher a palavra de Jesus. Acolho-a, em primeiro lugar, em mim mesmo; é em mim que, de acordo com a prioridade contemplativa sugerida pela atitude de Maria, a escuta, em tempos e espaços de indispensável quietude de todo o meu ser. Mas também é urgente anunciá-la. Hoje mais do que nunca! Todavia há que resistir à tentação da excessiva inquietação e preocupação, que Jesus estigmatiza em Marta. Inquietar-se e preocupar-se, seria como quem pretendesse pescar agitando permanentemente as redes, em vez de as lançar com mão segura ao mar. Chegou o tempo de viver, no dia a dia, a atitude orante de Maria, sem descuidar o genuíno serviço de Marta, mas animando-o e vivificando-o com este sereno acolhimento da Palavra. Sem uma tenaz e humilde fidelidade à Palavra rezada de manhã e vivida no ministério do serviço ao longo do dia, não há autenticidade de vida cristã e, muito menos, de vida religiosa. Não há autenticidade no anúncio do Evangelho. É importante que esta convicção invada todo o meu ser. Fonte: resumo e adaptação local de um texto de F. Fonseca em “dehobianos.org/portal/liturgia”.

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