quinta-feira, 5 de abril de 2018

SEXTA-FEIRA DA PÁSCOA

SEXTA-FEIRA  DA PÁSCOA
6 ABRIL 2018
Primeira leitura: Actos 4, 1-12
A cura do coxo e, sobretudo, o discurso interpretativo de Pedro, provocam a reacção hostil das autoridades judaicas: os sacerdotes e saduceus, os escribas e fariseus. É o grupo dos sacerdotes e saduceus que promove a prisão dos apóstolos.
Aparentemente estão preocupados com os distúrbios que a acção dos apóstolos podia provocar na área do templo. Na verdade, o que eles querem combater é a fé cristã na Ressurreição de Jesus. Não podiam dizê-lo claramente, para não provocar a reacção do grupo dos escribas e fariseus, que admitia a ressurreição.
A prisão de Pedro e de João marca o início da primeira perseguição contra a Igreja. Mas resultado desta perseguição é o aumento dos discípulos, o que preocupa o Sinédrio. Reunira semanas antes para julgar Jesus, cuja mensagem lhes parecia uma ameaça ao seu poder. Mas a morte de Jesus não encerrou o seu «caso». Os seus discípulos, assumindo a função de mestres, que lhes estava reservada, continuam a fazer prosélitos e a anunciar a ressurreição dos mortos.
A influência e o poder dos sacerdotes e saduceus continuavam sob ameaça. Por isso, voltam a reunir o Sinédrio. É notável a audácia (parrêsia) com que Pedro, «cheio de Espírito Santo», denuncia, no meio do Sinédrio, o crime perpetrado pelos chefes do povo e anuncia a Ressurreição de Jesus. E foi em «nome de Jesus» que o coxo foi curado, porque, só nele, há salvação.
Evangelho: João 21, 1-14
A cena descrita por João acontece nas margens do lago de Tiberíades. Um grupo de pescadores galileus, discípulos de Jesus, depois do fracasso na faina nocturna, consegue uma pesca abundante, quando lançam as redes para o lado indicado pelo desconhecido que lhes fala da praia. Depois de Jesus, Pedro e o discípulo que Jesus amava são os protagonistas da cena. Pedro é o mais esforçado na pesca; o outro discípulo é o primeiro a reconhecer Jesus.

João narra depois a refeição dos discípulos com o Senhor ressuscitado. Espontaneamente somos levados a pensar na Eucaristia, que as comunidades cristãs celebravam e celebram com a absoluta convicção da presença do Senhor.

O texto descreve, de forma simbólica, a missão da Igreja primitiva e o retrato das comunidades que permanecem estéreis quando estão privadas de Cristo, mas que se tornam fecundas quando obedecem à sua palavra e vivem da sua presença.
Depois da pesca, Jesus convida os discípulos para uma refeição por Ele mesmo preparada: «Vinde almoçar» (v. 12). Nesta refeição, figura da eucaristia, Jesus ressuscitado oferece, Ele mesmo, de comer.
 A sua misteriosa presença provoca nos discípulos aquela espécie de calafrio típico das teofanias. A conclusão do evangelista é um convite à comunidade eclesial de todos os tempos a que encontre o sentido da sua vocação centrando-se em Jesus como Senhor da vida, porque é na dupla mesa da Palavra e da Eucaristia que a Igreja torna frutuosa a sua acção no meio dos homens.
A liturgia faz-nos escutar hoje um sugestivo texto de S. João, bem enquadrado no tempo pascal e na Primavera que estamos a viver. Os Apóstolos voltaram ao lago, nas margens do qual viveram belos momentos com Jesus. A presença visível do Mestre já não é contínua.
O trabalho daquela noite não tivera sucesso. Mas o brilhante romper da aurora traz-lhe a sensação de que na praia está alguém, que ainda não reconhecem. A pesca milagrosa abre-lhes os olhos do coração e da fé.
A refeição preparada por Cristo, e tomada com Ele, na praia dispõe-nos a acolher a nova forma de presença do Senhor, uma presença agora misteriosa e universal. Onde se juntam os irmãos, e celebram a Eucaristia, aí está o Senhor.
Depois da Ressurreição, Ele já não se apresenta apenas na glória visível e externa. Por isso, há que procurá-l’o  na sua glória divina que não é externa. Há que procurá-l’o nos
irmãos reunidos em Seu nome, mas também nos pobres, nos humildes, nos carenciados. É neles que havemos de reconhecer a Sua glória misteriosa e o Seu poder que faz maravilhas precisamente com os humildes e simples.

Pedro está agora certo de que Jesus é o único Salvador. E toda a Igreja vive dessa certeza, que a torna forte, corajosa, alegre, missionária e irresistível, como se verifica logo nos seus primeiros tempos descritos nos Actos dos Apóstolos (cf. Act 4,
1-12ss).

Os tempos em que vivemos vêem com desconfiança toda e qualquer forma de integralismo. Acha-se importante respeitar as consciências, promover o diálogo inter- religioso e a paz. Por isso, alastra um certo relativismo. Mas Cristo, ontem como hoje, continua a ser o único Salvador.
 Esta certeza não pode todavia tornar-se uma arma contra quem quer que seja; mas tem de ser uma proposta paciente, firme, serena e motivada, a fazer a todos, de modo alegre e corajoso, dialogante e testemunhante.

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